domingo, 23 de maio de 2021

A PROPAGANDA AVASSALADA DO 27 DE MAIO DE 1977 CONTRA ANGOLA

Martinho Júnior, Luanda

ALGUMAS ANALOGIAS E BALANÇOS COMPARATIVOS NECESSÁRIOS

UMAS POUCAS LIÇÕES A TIRAR

O balanço do conhecimento por analogia, do tratamento dado pelo espectro criador de audiências em Portugal em relação a dois fenómenos que afectaram em Angola o MPLA e a Unita, é sintomático e revelador dos interesses e conveniências da democracia burguesa à portuguesa, segundo as filtragens de relacionamento bilateral feitas pelo “arco de governação”:

. Por um lado é manifesto o vigor e a continuidade da “transversal” propaganda veladamente consentida em Portugal, em nome da “liberdade da imprensa”, em relação ao golpe do 27 de Maio de 1977 contra o poder de estado da República Popular de Angola, cerca de ano e meio anos depois da sua proclamação (que perdura até nossos dias);

. Por outro lado é evidente a relativa indiferença ou inibição da comunicação pública em relação ao episódio da “queima das bruxas” na Jamba por iniciativa directa de Savimbi, mesmo quando a jornalista e membro da Unita de nome Bela Malaquias expôs os terríveis acontecimentos em livro, sob o título “Heroínas da dignidade” (acontecimento que jamais foi tratado enquanto propaganda continuada e intensa).

A radiografia que esse balanço implica, denota em jeito de apreciações e conclusões que, mesmo depois do 31 de Maio de 1991 em Bicesse, (que impôs o fim da República Popular de Angola, o fim do Partido do Trabalho, o fim das FAPLA e a justificação para as profundas alterações na Segurança do Estado registadas em preparação 5 anos antes de Bicesse), a República de Angola (por tabela o Movimento de Libertação em África) continuava a ser um alvo a abater (e para isso era oportuno manter ou até intensificar a campanha de propaganda fraccionista dirigida contra o estado angolano, “os do interior contra os que vieram do exterior e das matas”, conforme Juca Valentim o ideólogo do fraccionismo tão esquecido pelos próprios, qualquer que fosse o seu carácter e tendo em conta as vitórias eleitorais do MPLA) e a Unita era um “parceiro a salvar”, numa base de saudosismo colonial próprio dum marcelista ao dispôr e “bom branco”, de fluidez etno-nacionalista e numa profunda identidade de interesses, conveniências e até funcionalidades.

Plataforma 27 de Maio acusa Governo de "encenar homenagem" com fins de propaganda

Plataforma 27 de Maio, de sobreviventes e órfãos do alegado golpe de Estado, acusa o Governo angolano de "encenar" homenagem às vitimas com fins de propaganda, e anuncia desvinculação da Comissão de Reconciliação.

Numa carta endereçada ao presidente da Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vitimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) e ao ministro da Justiça e Direitos Humanos, Francisco Queiroz, a Plataforma acusa a CIVICOP e o Governo de quererem "passar uma esponja sobre os massacres que vitimaram milhares de angolanos".

Em causa está a cerimónia marcada para o próximo dia 27 de maio - em que pela primeira vez o governo angolano vai assinalar a data em que se deu uma alegada tentativa de golpe de Estado - que a Plataforma denuncia como "uma encenação".

"Pretende-se, sobretudo, passar a imagem de que tudo ficará resolvido, a reconciliação será feita e o perdão concedido, não havendo responsáveis pelos crimes hediondos nem busca da Verdade Histórica", critica a Plataforma no documento a que a agência de notícias Lusa teve acesso.

Angola | Sindicato dos Jornalistas critica censura e violação do código ético na imprensa

Descontentamento foi manifestado no comunicado do VI Congresso do Sindicato dos Jornalistas Angolano, realizado neste sábado, em Luanda. A eleição da direção do sindicato, prevista para o evento, entretanto, foi adiada.

Em Angola, a associação que defende os profissionais da imprensa está preocupada com o modo como alguns órgãos de comunicação social estão a se posicionar perante as questões políticas, assumindo-se parte das intrigas partidárias. 

Prevista para ontem, a reeleição do corpo diretivo do Sindicato dos Jornalistas Angolanos não se realizou por limitações de tempo, devido às restrições sanitárias decorrentes da pandemia de Covid-19. O evento volta a ser realizado num período máximo de três meses e não inferior a 45 dias do ato eleitoral, segundo o comunicado divulgado na noite deste sábado (22.05).

O Sindicato dos Jornalistas diz na sua deliberação que os órgãos de comunicação social violam a ética profissional, assim como a Constituição da República, que impõe tratamento igual e imparcial.

Isso é pelo fato de órgãos públicos e outros privados, como a TV Zimbo, que passou para a esfera do Governo, assumirem uma campanha de ódio contra o maior partido da oposição, a UNITA, e o seu líder, Adalberto Costa Júnior, sem os permitir contraditório; assim como censura a todos que criticam o Governo do Presidente angolano João Lourenço.

A guerra civil no Paquistão é possível?

# Publicado em português do Brasil

Enquanto o crescimento da desigualdade e injustiça não for controlado, a chance de um colapso completo se torna mais provável

Irfan Raja | Ásia Times | opinião

No ano passado, um vídeo falso se tornou viral nas redes sociais na Índia, alegando que uma “ guerra civil ” estourou em Karachi, Paquistão. O evento levantou questões não apenas sobre a credibilidade da mídia indiana, mas também temores genuínos sobre a possibilidade real de uma guerra civil no Paquistão. 

Existem fatos que podem levar o Paquistão a uma guerra civil. O primeiro é o funcionamento de uma sociedade feudal que restringe a igualdade e limita o progresso das pessoas comuns na educação e no crescimento intelectual. 

Em segundo lugar, está o avanço ininterrupto de um legado colonial no Paquistão que fortalece a burocracia e o estabelecimento ao ponto de os funcionários públicos se tornarem senhores feudais uniformizados. 

Na verdade, é um nexo de todos os grupos influentes dentro da sociedade paquistanesa.  

Então, o que realmente causa a guerra civil? Os especialistas oferecem vários motivos que poderiam “ alimentar uma guerra civil ”. Por exemplo, um relatório do Banco Mundial sugere que “isso se deve às desigualdades econômicas ou a um legado profundamente enraizado do colonialismo”. Depois que uma guerra civil começa, é “ difícil terminar ”.

Embora a má governança, a corrupção e a pobreza sejam certamente fatores que podem incitar o ódio e a violência em qualquer sociedade, a desigualdade e a injustiça são os principais componentes que levam uma sociedade à guerra civil. 

Anteriormente, o Paquistão sofreu as consequências de uma guerra civil que resultou na fundação de Bangladesh. 

Agora, se uma guerra civil começar no Paquistão, como a Índia reagirá a ela? Uma mão amiga para contê-lo, ou a Índia atiçaria o fogo? Análise de Sunil Dasgupta “Como a Índia responderá à guerra civil no Paquistão?” revela algumas preocupações preocupantes, já que a Índia de fato apoiou separatistas no antigo Paquistão Oriental.  

Muitos especialistas alertaram várias nações contra o sonambulismo na guerra civil - uma advertência oportuna. Então, vamos falar sobre o Paquistão. 

O Paquistão dará bases militares pós-Afeganistão aos EUA?

# Publicado em português do Brasil

As especulações aumentam. O Paquistão pode dar aos EUA acesso a uma base para combater o terrorismo após retirar as tropas do Afeganistão

PESHAWAR - Na semana passada, o Paquistão negou categoricamente que forneceria bases militares para as forças dos EUA em meio a especulações galopantes de que concordou com uma retirada pós-tropa do Afeganistão que facilitará as operações regionais de contraterrorismo de Washington.  

Os rumores se aprofundaram quando o general Kenneth McKenzie Jr, comandante do Comando Central dos EUA (CENTCOM), recentemente fez uma declaração política ao Senado dos EUA dizendo que uma fração das forças dos EUA permanecerá estacionada nas proximidades do Afeganistão após a retirada total das tropas do país em 11 de setembro. 

McKenzie disse que o governo Biden estava ocupado consultando vários vizinhos do país sem litoral para manter o Estado Islâmico (EI) e os militantes da Al-Qaeda sob controle por meio de operações de contraterrorismo de fora do Afeganistão.

Igualmente intrigante foi um telefonema que o secretário de defesa dos EUA, Lloyd Austin, fez no mês passado para o chefe do Estado-Maior do Exército do Paquistão, general Qamar Javed Bajwa, no qual os líderes militares supostamente discutiram "a situação decorrente da retirada no Afeganistão".

Eles também discutiram “estabilidade regional e a relação bilateral EUA-Paquistão”. Austin teria expressado seu desejo de continuar “trabalhando juntos em metas e objetivos comuns na região”.

Enquanto isso, relatos de que o Paquistão pretende abrir uma nova base aérea na área de Nasirabad, na província de Baluchistão, mantiveram o boato de que Islamabad já havia tacitamente concedido direitos de base aos militares dos EUA para operações de contraterrorismo.

Analistas militares dizem que a base de Jacobabad na província de Sindh, que serviu para fornecer apoio logístico aos Estados Unidos e às forças aliadas no Afeganistão desde 2001, foi especialmente designada para enviar F-16s americanos, já que as autoridades americanas não permitem que os F-16 fiquem baseados em hangares com outros aviões. 

Dinheiro é a democracia americana – difícil de esquivar-se

# Publicado em português do Brasil

Zhong Sheng* | opinião

Governar com base no dinheiro ou na democracia? A sociedade americana deve resolver este problema. No entanto, para alguns políticos americanos, há uma resposta oculta: a democracia é um disfarce e o dinheiro é a verdade.

“Para ganhar uma eleição, duas coisas são necessárias. Uma é o dinheiro e a outra já não lembro.” As palavras do especialista em campanha americana, Mark Hanna, há mais de 100 anos, não apenas revelaram a verdade original, mas vem sendo constantemente comprovadas pelos fatos.

Um exemplo recente é a eleição dos EUA em 2020. A despesa total para as eleições presidenciais e congressionais chegou 14 bilhões de dólares, mais do que o dobro da despesa para a eleição de 2016, ainda maior do que o PIB de dezenas de economias em 2020.

De acordo com relatos da mídia dos EUA, os 10 maiores colaboradores doaram mais de US$640 milhões. A julgar pela situação de arrecadação de fundos dos candidatos presidenciais dos partidos Democrata e Republicano, pequenas doações representaram menos da metade.

Vários dados estatísticos mostram que a democracia americana é como um "show de um homem só" dos ricos.

Vacina de dose única fica disponível na China

# Publicado em português do Brasil

Várias cidades da China começaram recentemente a oferecer aos residentes uma vacina de dose única contra a Covid-19, além das vacinas inativadas de duas doses que já eram amplamente utilizadas na campanha de vacinação do país.

No posto de vacinação temporário do distrito de Xuhui de Shanghai na quarta-feira (19), um novo cartaz da CanSino foi colocado ao lado dos cartazes da Sinovac e da Sinopharm como fornecedores das vacinas do dia.

As pessoas que esperavam para serem vacinadas no posto tiveram a opção de receber a vacina de dose única baseada no vetor viral do adenovírus Ad5-nCoV, cujo nome comercial é Convidecia. Essa vacina usa um adenovírus modificado para induzir anticorpos neutralizantes contra o novo coronavírus, que causa a Covid-19.

A vacina, desenvolvida pela CanSino Biologics e pela Academia de Ciências Médicas Militares, está sendo distribuída em Shanghai desde quinta-feira (13), de acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) da cidade.

A nova vacina, como as outras, é injetada no tecido muscular e é tão segura e eficaz quanto as vacinas de vírus inativados em uso, informou o CDC, acrescentando que a mesma também está disponível para maiores de 18 anos.

China: Defesa faz declaração sobre circulação ilegal da US Navy no Estreito de Taiwan

# Publicado em português do Brasil

No dia 18 de maio, o USS Wilbur cruzou o Estreito de Taiwan. Em 20 de maio, o navio invadiu ilegalmente as águas territoriais de Xisha da China sem a aprovação do governo chinês. 

Nas duas ocasiões o Exército de Libertação do Povo Chinês mobilizou forças navais e aéreas para rastrear e monitorar os navios intrusos, naquela que foi uma ação provocatória à qual a China se opõe veementemente, segundo o Ministério da Defesa.

Enquanto parte inalienável do seu território, a questão de Taiwan é do foro interno da China, sendo igualmente a questão mais importante e sensível nas relações sino-americanas. A intrusão militar americana é perniciosa para a região e envia sinais falsos às forças separatistas da ilha. Trata-se de uma conduta severamente irresponsável e perigosa com consequências potencialmente danosas.

O ministério apelou aos EUA para cessarem as provocações, respeitarem o princípio de uma só China e os três comunicados conjuntos sino-americanos, evitando criar mais obstáculos e problemas nas relações entre os dois países. Os militares chineses tomarão todas as medidas necessárias para lidar com quaisquer ameaças e provocações, defendendo com firmeza a soberania nacional e a integridade territorial.

Diário do Povo Online | Web editor: Renato Lu, 符园园

Portugal | Porreiro, pá!

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião 

Eis que finalmente chega a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção. Só que não. De fora deste decreto-lei ficam os gabinetes dos principais órgãos políticos e todos os órgãos de soberania, assim como o Banco de Portugal. Já se sabia que se tratava de uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma, um verbo de encher convenientemente esquecendo áreas nervo como as funções políticas, branqueamento de capitais, regime de incompatibilidades ou contratação pública. Ou seja, a coisa empolada pelo pomposo nome Estratégia Nacional jamais passou de uma lista de vãs intenções, criticada pelos magistrados porque não inclui o enriquecimento ilícito, rejeitada pelos juizes porque ignora o financiamento partidário, sem calendarização, falha de objectivos definidos, manca de meios. Na "Estratégia" há pouco e é para as calendas, embora não se prescinda de criar novos organismos (tachos?!) que irão juntar-se ao corredor da morte onde jazem os demais: entidade de contas e financiamento partidário; conselho de prevenção da corrupção; entidade da transparência. O governo esvai-se a parir e a multiplicar institutos que se resumem a carcaças ocas: cadáver adiado que procria.

Ora, se o executivo vai impor - e bem - que entidades públicas e privadas disponham de ferramentas de regulação e de minimização de riscos de fraude (códigos de conduta, planos de prevenção, canais de denúncia), o próprio governo nunca poderia excluir-se a si mesmo dessas regras, tão pouco isentar gabinetes dos órgãos de soberania, principais órgãos políticos e partidos. Optando pelo caminho do Bem-Prega-Frei-Tomás, desdenha-se nos anos em que várias dessas entidades seguiram as recomendações do Conselho de Prevenção da Corrupção e elaboraram medidas profiláticas.

Portugal | PSP tenta censurar produção de série televisiva

A PSP anulou uma entrega de fardas para a rodagem de uma série televisiva depois do produtor e argumentista terem recusado alterações ao argumento propostas pela direção nacional.

A Produtores de Cinema Independente Associados repudiou o que define como uma “mal disfarçada tentativa de intromissão” da direção nacional da PSP na produção da série “Causa Prória”, de Edgar Medina e Rui Cardoso Martins.

"A direcção nacional da PSP arrogar-se o direito de interferir em obras de criação e ficção, indo até ao ponto de sugerir diálogos e personagens 'alternativos'; não tem outra qualificação possível que não a de censura", acusou a associação.

A associação de produtores de cinema apelou à direção nacional da PSP para que colabore na produção para a RTP. Sem a colaboração da PSP, a produção fica em causa uma vez que o recurso a equipamento ou fardamento na série "não conforme" à imagem oficial da PSP descredibiliza "totalmente o trabalho de produção cinematográfica e audiovisual".

"Não compete à PSP pronunciar-se sobre o conteúdo dramático de uma série. É uma tentativa clara de censura e de condicionamento da criação artística", afirmou Edgar Medina ao Expresso.

Convenção do Bloco de Esquerda: PS (governo) e extrema-direita na mira

BE. Históricos trazem extrema-direita para a Convenção e pedem “luta no plano ideológico

Primeiro Fernando Rosas, depois José Manuel Pureza, a nova direita radical em Portugal subiu metaforicamente ao palco da Convenção do Bloco de Esquerda. Ao contrário das atuais figuras do partido, com mira apontada ao PS, os históricos olharam para a direita

Na voz das principais figuras do momento do partido, as mensagens foram todas para o PS. A de que só à esquerda se responde a uma pandemia e a de que o tempo que passou desde o voto contra do último Orçamento do Estado (OE) veio dar razão ao Bloco. Para a direita, para a extrema-direita, quase nada. O alvo era mesmo o Governo de António Costa.

Foi preciso esperar pelos históricos para que a extrema-direita subisse metaforicamente ao palco. Primeiro, no sábado, Fernando Rosas, depois, este domingo, José Manuel Pureza. A plateia respondeu em peso quando Pureza avisou o líder da direita radical em Portugal, sem citar o nome, que o Bloco não tem medo. “Saibam que não tememos os vossos ataques.”

Primeiro de forma subtil, depois abertamente, a crítica de Pureza ia também para o PSD de Rui Rio. Quando referiu que a extrema-direita desenvolve “a indústria da mentira”, com que “excita os seus fiéis”, para conseguir aquilo que “já não esconde” — “exterminar a esquerda” —, estava a referir-se às palavras da candidata social-democrata à Câmara Municipal da Amadora, Suzana Garcia. “Se a extrema-direita quer exterminar o Bloco, é porque esta é a força que mais lhe faz frente e que a vai derrotar.”

Apontando incongruências a esse campo político, por reivindicar o combate à corrupção mas não falar do Novo Banco, por afirmar que há uma “invasão islâmica” em curso na Europa e fazer silêncio sobre “a escravatura nas estufas de Odemira”, Pureza concluiu diretamente para os dois principais partidos. O PS “está enganado” se acha que o crescimento da direita radical lhe garante mais votos pelo centro, e o PSD tem de parar de “namorar irresponsavelmente” essa direita.

Já Fernando Rosas foi o último dos fundadores do Bloco a falar na XII Convenção, e um dos primeiros a puxar pelo debate ideológico. Depois de Luís Fazenda e de Francisco Louçã, Rosas subiu ao púlpito para deixar avisos sobre a organização interna do partido que ajudou a fundar, mas também para um sério alerta: o perigo dos extremismos de direita.

“É meu entendimento que o Bloco de Esquerda tem de dar uma outra atenção à luta no plano ideológico”, disse Fernando Rosas, para quem “minimizar o combate das ideias ou afogá-lo na permanente urgência do imediato é correr o risco de nos desarmarmos, de insensivelmente nos transfigurarmos e de só dar por isso quando for tarde de mais”.

A plateia entusiasmou-se com um dos poucos que ignorou o PS nos discursos. “A direita tradicional tende a aliar-se com a nova extrema-direita porque esta lhe abre caminho para um novo tipo de regime, e a extrema-direita encosta-se às velhas direitas porque essa é forma de chegar ao poder”, detalhou o historiador.

Rosas identifica em Portugal um “discurso passadista”, uma “nostalgia serôdia”, que tende a “banalizar ou enaltecer o regime fascista” e a “glorificar o domínio colonial”. E vê como única forma de o combater um resgate do socialismo, que nunca será poder se não conquistar “a adesão larga e combativa de grande parte das classes trabalhadoras e do povo”. O combate dos próximos anos é ideológico. “Não venceremos a ameaça antidemocrática das direitas se elas lograrem manter a hegemonia ideológica.”

João Diogo Correia | Expresso | Imagem: Paulete Matos

MAIS RICOS CADA VEZ MAIS RICOS vs POBRES CADA VEZ MAIS POBRES

Sete empresários portugueses no ranking europeu dos 25 maiores beneficiários de fundos comunitários

Fernando Campos Nunes surge logo em 3.º lugar com €76,6 milhões. António Mota em 4.º com €72,6 milhões. Mário Ferreira é 16.º e Maria Fernanda Amorim a 24.ª. No total, a lista é composta por sete portugueses, cinco polacos, três checos, três alemães e sete outras nacionalidades. Veja quais são e quanto receberam

São sete os portugueses identificados no primeiro ranking feito a nível europeu sobre as 25 pessoas mais beneficiadas pelos fundos comunitários entre 2014 e 2020. O ranking foi elaborado pelo Centre for European Policy Studies (CEPS) a pedido da comissão de controlo orçamental do Parlamento Europeu.

Este “think tank” independente de Bruxelas analisou os dados de cerca de 600 mil beneficiários do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), Fundo Social Europeu (FSE) e Fundo de Coesão, até agora dispersos pelos diferentes países europeus, para identificar quem são os maiores beneficiários finais destes fundos comunitários.

Note-se que o beneficiário direto é a empresa, organismo público ou pessoa que surge na lista como a recebedora dos fundos europeus. Já o beneficiário final é a pessoa que, direta ou indiretamente, controla mais de 25% das empresas que são beneficiários diretos dessas verbas comunitárias. Os portais dos fundos europeus até costumam listar o beneficiário direto a quem é feito o pagamento por uma questão de transparência, mas não indicam o beneficiário final que é a pessoa que, em última análise, beneficia desse dinheiro.

Cúpula de democracias: Casa de vidro onde elites se reúnem para preparar guerra

# Publicado em português do Brasil

Alan Macleod | Katehon

Os Estados Unidos são a nação que mais ameaça a democracia em todo o mundo, muito mais do que a Rússia ou mesmo a China. Essa é a principal descoberta de uma nova  pesquisa mundial  de 53 países encomendada pela Aliança das Democracias (AoD). A pesquisa também descobriu que o público global considera o aumento da desigualdade e o aumento do poder dos super-ricos como a maior ameaça à liberdade e à democracia.

Essa provavelmente não era a resposta que a Aliança das Democracias desejava ouvir ao abrir sua terceira Cúpula da Democracia anual   em Copenhague na semana passada - precisamente porque a organização representa o governo dos Estados Unidos e a elite rica em geral. Apresentando um painel de estrelas de autoridades americanas, chefes de estado e líderes militares ocidentais, a cúpula deste ano teve um tom sombrio e focou na "necessidade urgente" de as nações ocidentais se unirem e apresentarem uma "resposta transatlântica" para combater ambos Rússia e China. Para tanto, falou-se em construir uma “OTAN asiática” e em controlar ainda mais o que se pode dizer online, tudo a serviço da defesa e defesa da democracia desses inimigos.

A Aliança das Democracias foi fundada em 2017 pelo ex-primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen. Como Secretário-Geral da OTAN entre 2009 e 2014, ele também supervisionou as ocupações do Iraque e do Afeganistão, bem como o ataque e a operação de mudança de regime na Líbia, que viu jihadistas filiados ao ISIS assumirem o controle do país. Junto com o futuro presidente Joe Biden e o ex-diretor de Segurança Interna Michael Chertoff, Rasmussen também fundou a Comissão Transatlântica de Integridade Eleitoral (TECI), um órgão da AoD na vanguarda de  acusar a  Rússia de intromissão eleitoral nos Estados Unidos. na primeira Cúpula da Democracia em 2018.

Os grandes e os bons - incluindo presidentes, jornalistas e magnatas dos negócios - se reuniram tanto pessoalmente quanto virtualmente para discutir as supostas ameaças à ordem democrática, com Rasmussen em particular pressionando por uma aliança militar, política e econômica mais formal entre as "democracias do mundo" ”Contra a Rússia e a China. O dinamarquês bem vestido e de fala mansa também apresentou escalações de palestrantes que defenderam a mudança de regime em estados que a aliança não considera democráticos o suficiente para seu gosto.

EUA poderão perder a próxima guerra (Chefe do Estado-Maior da Força Aérea)

Comissão do Orçamento da Câmara dos Representantes (House Committee on Appropriations) ouviu em audição o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, o General Charles Q. Brown (que poderá tornar-se o próximo presidente do Comité de Chefes de Estado-Maior em substituição do General Mark Milley).

Brown explicou que a Força Aérea dos EUA tinha progressivamente perdido o seu avanço tecnológico. Nomeadamente, ele sublinhou que os sistemas de ISR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento) desde há mais de 20 anos que não haviam sido modernizados.

Ele observou que a China e a Rússia tinham estudado as guerras dos EUA desde o 11-de-Setembro e haviam concluído que o papel dos cidadãos é tão importante como o dos militares.

Mais importante ainda, indicou que em caso de uma grande guerra hoje, os Estados Unidos não estariam certos da vitória. O General Charles Q. Brown havia já dado o sinal de alarme há cinco anos atrás [1].

Voltairenet.org | Tradução Alva

Nota:

[1] «No Longer the Outlier: Updating the Air Component Structure», Lt Gen CQ Brown Jr., USAF Lt Col Rick Fournier, USAF, Air & Space Power Journal, Vol 30, Issue 1, Spring 2016.

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