quarta-feira, 22 de junho de 2022

OS CALCANHARES DOS NAZIS DE KIEV – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Ocidente está unido na guerra da OTAN (ou NATO) e do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) contra a Federação Russa. Dizem que a Ucrânia é uma democracia e está a defender os valores democráticos, a essência da União Europeia e a civilização ocidental. Antes da República Popular da China adoptar a política dos dois sistemas um país, o sonho dos patrões de todo o mundo era pagarem salários iguais aos dos chineses e garantirem aos seus trabalhadores os mesmos direitos. Dessa parte desistiram. Agora o sonho dos políticos ocidentais é chegarem aos calcanhares dos nazis de Kiev.

Sonham prender, matar e torturar quem veste de branco ou tem uma braçadeira branca, em sinal de repúdio à guerra. Matar os militantes e dirigentes dos partidos da Oposição. Prender em cárcere privado e secreto o líder da Oposição. Pagar salários rastejantes até aos níveis mais altos da escala social. Produzir milhões de toneladas de trigo e o povo morrer de fome porque os patrões do comediante Zelensky comem tudo. Transformar o celeiro do mundo num asilo de pobres tão pobres que vivem abaixo do limiar da pobreza. São estes valores que Úrsula von der Leyen quer para a União Europeia. São esses valores que Zelensky defende com unhas, dentes e as armas que os ocidentais despejam na Ucrânia. 

Os líderes ocidentais também querem paz mas à custa da eliminação ou subjugação de quem não alinha pelas suas políticas. Querem normalizar tudo pelo neoliberalismo. No mundo deles só há lugar para os Chicago Boys, para os corruptos, os ladrões de alto escalão, os traficantes e os mafiosos. Estiveram perto de conseguir. Mas no final de 2021 tudo começou a correr mal. No início de 2022 a inflação libertou-se das amarras e sobe como um balão de ar quente. Ninguém sabe onde vai parar. No Reino Unido já passou os 10 por cento!

Essa foi a principal razão para apressarem a guerra contra a Federação Russa por procuração passada à Ucrânia. Tentaram isolar o alvo mas o fórum de São Petersburgo mostrou que falharam. Queriam pôr o rublo de rastos e quem rasteja é o euro e o dólar. Querem pôr os cidadãos da União Europeia a pagar a factura e a recusa é evidente.

As eleições em França significam mesmo a devolução da conta a Macron. As manifestações na Bélgica, Reino Unido, França e noutras paragens significam que ninguém vai na conversa de financiar nazis, voluntariamente. As greves em Portugal e Reino Unido são um aviso muito sério aos que querem os valores da Ucrânia no mundo ocidental. A quizomba só agora começou. 

Antes dos veraneantes irem para as praias pôr os lombos ao sol, a contestação social vai ficar feia. A telenovela do Zelensky já não tem audiências. Os pides dele nos Media mundiais já não são ouvidos. Ninguém acredita que a fome no mundo é culpa dos russos porque não deixam sair os grãos ucranianos pelos portos do Mar Negro. Quanto mais infantilizarem os cidadãos, mais grave se torna a situação. Porque a reacção será violenta, primária, acéfala, irresponsável. A alta do preço dos combustíveis vai obrigar a parar os carros. Eles não sabem que o automóvel é a essência da vida na sociedade de consumo e o mais desejado elevador social. Esperem pela resposta furiosa dos despojados do deus com quatro rodas.

Jens Stoltenberg, o primeiro trabalhista norueguês a aderir ao nazismo moderno, chegou a secretário-geral da OTAN (ou NATO) e não perde a mínima oportunidade para manifestar as suas inclinações belicistas. Ainda agora afirmou que a guerra na Ucrânia pode demorar vários anos. O comediante Zelensky saltou logo para o palco e fez o seu papel indicado pela deixa: “Só haverá negociações de paz quando o último soldado russo abandonar território ucraniano”. E garantiu aos pobres ucranianos que vai libertar o Leste, o Sul, a Crimeia, tudo. Nada fica para trás. Ao mesmo tempo a Lituânia impediu o trânsito de mercadorias para enclave russo de Kaliningrad.

 A História repete-se. Primeiro a versão tragédia e depois vem a comédia. Hitler agiu como Biden, Úrsula von der Leyen, Boris Johnson, Jens Stoltenberg e outros belicistas. Queria conquistar o mundo e acabou encafuado num bunker em Berlim. Deixou um rasto de milhões de mortos, a maioria russos e comunistas mais os judeus. Na versão comédia, por enquanto, só morrem ucranianos, russos e os mercenários contratados pela OTAN (ou NATO). Mas por pouco tempo. Os líderes ocidentais tratam a Federação Russa como um antagonista do nível da Ucrânia. Até acham que os ucranianos vão ganhar a guerra.

A comédia está no palco da Ucrânia. No dia em que sair (e pode ser amanhã…) para outros palcos, todo o mundo vai perceber que a Federação Russa não é o Iraque, a Jugoslávia, a Líbia, a Síria, o Iémen ou o Afeganistão. Espero que não seja tarde. 

Para já, começam a ser anunciadas as mortes de militares norte-americanos. Mais os que foram capturados em combate, Na região de Kherson, um fuzileiro naval americano com a patente de capitão, Grady Kurpasi, foi a mais recente baixa. Anda demasiada gente a brincar com o fogo. Os angolanos sabem melhor do que ninguém que a guerra não é uma telenovela. 

Os europeus também tinham todo o interesse em não esquecer o que foi o nazismo. Pelos vistos querem um novo Reich. Fazem mal. Porque agora os mortos não serão apenas soviéticos e judeus. E o palco vai ser o mundo inteiro. Os senhores de Washington que pensem nisso. Para as armas de destruição maciça, qualquer país, qualquer cidade, fica a alguns minutos de distância dos que disparam.

O meu testemunho. Comprava uma botija de gás da cozinha por 20 euros e agora pago 32 euros. Um saco de ração para os meus cães custava 11 euros e agora custa 23 euros. O carapau pequeno (único peixe a que tenho acesso financeiramente) custa mais do dobro. O gasóleo custa mais de dois euros o litro. O pacote de pão de forma custava 80 cêntimos e custa agora um euro e 20 cêntimos. Leite está no dobro do preço. Comer? Uma vez por dia está bom. É mais ou menos isto em toda a União Europeia. 

*Jornalista

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