O italiano Panzeri, em prisão preventiva, aparenta estar no centro do esquema. Eva Kaili reitera inocência através do advogado em Bruxelas.
Ao contrário do previsto, a ex-vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili só vai ser ouvida pelo magistrado encarregado do caso de subornos do Qatar na próxima semana, uma vez que os funcionários da prisão em que se encontra detida, Saint-Gilles, estão em greve, mas o seu advogado na Bélgica disse que a cliente "desconhecia a existência" do dinheiro encontrado nas buscas à sua casa.
Os outros suspeitos foram ouvidos, tendo sido determinada a prisão preventiva para o companheiro da eurodeputada grega Francesco Giorgi e ao antigo eurodeputado Pier Antonio Panzeri, enquanto o secretário-geral da ONG No Peace Without Justice, Niccolò Figà-Talamanca, ficou sujeito a prisão domiciliária com pulseira eletrónica.
Em declarações à AFP, o advogado André Risopoulos disse que o processo de Kaili foi separado dos restantes alegados cúmplices de um esquema de "organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção", e reiterou as declarações do seu colega em Atenas, Michalis Dimitrakopoulos, sobre a inocência da ex-pivô de noticiários, ao afirmar que esta ignorava a existência do dinheiro em sua casa.
Além de 600 mil euros encontrados na casa de Panzeri, mais de 900 mil euros foram apreendidos na residência de Kaili e no quarto de hotel onde estava hospedado o seu pai Alexandros, que foi detido e mais tarde libertado, tal como Luca Visentini, secretário-geral da Confederação Sindical Internacional.
Se em Bruxelas os belgas exultam com o procurador Michel Claise, retratado nos jornais como um humanista autor de livros policiais e conhecido no meio judicial como o Xerife, em Itália tentam ligar os pontos entre os vários italianos envolvidos no escândalo. No centro do mesmo aparenta estar Pier Antonio Panzeri, cuja mulher Maria Colleoni e a filha Silvia foram presas pela polícia italiana no âmbito das investigações. Na próxima semana terão de justificar os 17 mil euros em numerário encontrados na sua casa de forma a evitar a extradição para a Bélgica.
Segundo o pedido de extradição belga, a que teve acesso o Politico, as escutas a Panzeri permitiram aos investigadores afirmar que não só "parecem estar perfeitamente ao corrente das atividades" do marido e pai, atual presidente da ONG Fight Impunity, mas também "participam no transporte das ofertas", além de terem em seu uso o cartão de crédito de uma pessoa a quem chamam de "gigante".
O documento belga liga ainda o embaixador de Marrocos na Polónia, Abderrahim Atmoun, às ofertas concedidas à família Panzeri. O companheiro de Kaili, Giorgi, é secretário-geral da ONG de Panzeri e assessor do eurodeputado Andrea Cozzolino, também italiano.
César Avó | Diário de Notícias
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