Artur Queiroz*, Luanda
O Departamento de Estado, no seu relatório de Abril sobre a situação dos direitos humanos no mundo, diz isto: “Na Ucrânia há execuções extrajudiciais e tortura (...) tratamento cruel de detidos por agentes da ordem, condições prisionais duras e ameaçadoras, detenções arbitrárias e problemas graves com a independência do Poder Judicial (...) Existe violência com base no género ou orientação sexual, antissemitismo, bem como as piores formas de trabalho infantil (...) O Governo não tomou medidas adequadas para perseguir ou punir a maioria dos funcionários que cometeram abusos, resultando num clima de impunidade”.
Claro que o signatário do relatório, Antony John Blinken, é um safado pró Putin. A sua adjunta, Wendy Sherman, aspira a ser amásia do presidente russo. Todo o mundo está ao serviço dos russos, até o João Gomes Cravinho que herdou do papá o título de ministro e apadrinhou a entrada da Finlândia na OTAN (ou NATO), dita organização militar defensiva, salvo quando por ordem de Washington destrói países soberanos, como a Jugoslávia (nossa amiga nas horas mais difíceis) e a Líbia, pais africano progressista e com um índice de desenvolvimento humano ao nível da Suíça.
Por falar nisso, a Ucrânia está em 74º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano. Segundo a ONU, o país tem uma altíssima taxa de pobreza. E graves casos de corrupção. Sendo um dos maiores exportadores mundiais de cereais, o povo vive na miséria. O patrão de Zelensky, Rinat Akhmetov, é o maior produtor de pobres e famintos. Se fosse nativo de um país da União Europeia, do Reino Unido ou dos EUA seria multimilionário. Como é ucraniano, não passa de um oligarca.
Por falar
A Federação Russa não quer a OTAN (ou NATO) nas suas fronteiras. Por isso está a decorrer a operação miilitar na Ucrânia. EUA, NATO (ou OTAN) e União Europeia falam em sanções, sanções, sanções, armas, armas, armas, para levarem a paz aos pobres ucranianos (só ficaram os que não puderam pagar às Máfias de Leste) e ao mundo. Como as armas e as sanções não foram suficientes, agora estão a transformar países neutrais em bases militares com as armas apontadas ao nariz dos russos. Vai dar guerra, como tanto desejam.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, ontem chamou os jornalistas para lhes dizer que está contra a entrada da Finlândia e da Suécia na OTAN (ou NATO). E explicou porquê. Hoje um dos seus “conselheiros” desmentiu o chefe e disse que “a Turquia não fecha a porta a novas adesões”. O senhor Boris Johnson perdeu estrondosamente as eleições e fala como se fosse o rei do mundo. Sobre a vitória do Sinn Fein na Irlanda do Norte e do pedido de um debate honesto sobre unificação com a República da Irlanda, o primeiro-ministro de Londres disse que “temos de corrigir aquilo na Irlanda”.
Se o Zelensky é democrata, eu não quero essa democracia. Se o Boris Johnson é democrata, não contem comigo. Se Marcelo Revelo de Sousa é democrata eu sou marciano. Se o Adalberto da Costa Júnior é democrata, eu visto imediatamente o camuflado e empunho a AK 47. Sabem quantos países da União Europeia têm a extrema-direita no governo? Muitos. E nos parlamentos? Todos. Como a economia de mercado canibaliza a democracia representativa, temos a verdadeira dimensão da tragédia. Para piorar, Têm a inflação nos dois dígitos!
O presidente Erdoğan fechou a porta à Islândia e à Suécia. É verdade e ele não desmentiu. Mas foi pressionado pelo estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) para abrir. Por que fechou a porta? Ele sabe que as armas despachadas para a Ucrânia no valor de milhares de milhões de euros e dólares não chegam ao destino. As Máfias de Leste estão a desviá-las para o mercado negro. E isso pode sobrar para a Turquia.
Os mísseis Jevellin, os Stinger e outras armas sofisticadas estão a ser desviadas, às carradas, para o DAESH (Estado Islâmico) amigo dos EUA e da União Europeia. Já chegaram às mãos dos grupos armados da Líbia que oferecem o petróleo aos franceses e italianos! O presidente Erdoğan sabe que mais dia menos hora as armas sofisticadas destinadas à Ucrânia vão parar às mãos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). A Turquia sabe que Zelensky libertou todos os presos de delito comum e armou-os. Continuam a ser distribuídas armas aos civis. A região, com guerra ou sem guerra, vai ser um barril de pólvora.
Para o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) é muito bom. A Europa, desde o Cabo da Roca à Rússia, vai sofrer e muito. Os despenteados mentais que dirigem o Reino Unido pensam que ficam de fora. Estão enganados. A inflação já está ao nível do Terceiro mundo e a tendência é para piorar.
O chefe dos serviços secretos da Ucrânia deu uma entrevista ao canal Sky News e disse que o presidente Putin está às portas da morte, porque tem um cancro. Em Portugal, todos os canais chamaram professores universitários, generais, marechais e outros pardais para comentarem a declaração. O jornalismo foi assassinado. A criadagem que aparece nos Media ocidentais é indigente mental. Mas os professores universitários são autênticas ratazanas de esgoto que em vez de falarem, expelem merda pela boca, ante as câmaras.
Um dia o Filipe Zau disse que temos professores analfabetos. Ainda bem. O meu melhor professor, o Velho Tuma, era analfabeto mas ensinou-me mais do que todos os mestres que tive nas escolas, liceus e nas universidades que frequentei. Pior era se os nossos professores fossem iguais aos universitários que aparecem nos canais portugueses a comentar a situação da Ucrânia. E não só. Um antigo banqueiro português morreu numa prisão da África do Sul e essas ratazanas escorrendo fezes da cabeça aos pés, comentam a morte, comentam a sua vida pessoal, a sua vida privada. Para essa escória humana, até a morte serve para o espectáculo merdoso com que intoxicam a opinião pública. Pobre de mim, que sou jornalista há mais de meio século. E não tenho armas para me defender.
*Jornalista