terça-feira, 9 de maio de 2023

Angola | Civis Massacrados à Conta de Deputado Terrorista -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O deputado da UNITA Raul Tati escreveu um texto intitulado “os desvarios de Artur Queiroz” onde foge com o rabo à seringa porque eu denunciei que Jorge Congo, o bispo Belmiro Chissengueti e ele são apoiantes da FLEC, logo terroristas. A palavra “desvario” é usada para qualificar alguém que não está bem da cabeça, não tem os parafusos todos no cérebro. 

Raul Tati foi eleito deputado nas listas da UNITA porque se apresentou ao eleitorado como defensor da independência de Cabinda. Os exploradores do petróleo na província pagam bem aos traidores dos generais Angolanos. Pela primeira vez na História da Democracia Representativa um terrorista está em pé de igualdade com os democratas na Assembleia Nacional. Mas uma vez com o tacho de deputado pendurado ao pescoço, o padre excomungado nega a existência de terrorismo em Cabinda. Para provar que estou avariado da cabeça escreveu:

“Angola está fora da zona vermelha do fenómeno do terrorismo em África. Segundo as Nações Unidas, o conceito do terrorismo compreende toda acção que vise causar a morte ou graves ferimentos corporais contra civis ou não-combatentes (…) Angola não regista tal fenómeno nem mesmo a nível de ameaças prementes à segurança nacional. Portanto, evocar esse tipo de problema no contexto de Angola e ainda associar ao fenómeno o padre Jorge Congo, o bispo D. Belmiro e eu próprio, só pode ser um sintoma de falta de parafusos”. 

A agência noticiosa portuguesa (e da UNITA) Lusa divulgou uma notícia com este título: “FLEC reivindica morte de militares angolanos em operação na qual morreram cidadãos brasileiros”.  O texto abre assim: “A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) reivindicou a morte de três militares angolanos em resultado de uma operação realizada sexta-feira na área de Miconge, região de Buco Zau, na qual morreram ainda dois cidadãos brasileiros”. A notícia foi criada a partir de um comunicado da organização terrorista, assinado por João Mavinga Lúcifer.

O documento autêntico e citado pela agência noticiosa da UNJITA revela que os dois cidadãos brasileiros assassinados pelos terroristas eram mineiros e trabalhavam na “Mineradora Lufo”. O “general” da organização terrorista, João Mavinga Lúcider, empregado de Raul Tati, escreve: “A FLEC alerta todos trabalhadores estrangeiros em Cabinda que estão num território em guerra e todas as notícias de uma suposta pacificação de Cabinda, difundidas pelo Governo angolano, são mentiras políticas que põem em risco a vida de qualquer estrangeiro incauto no interior e nas cidades”. Os terroristas de Raul Tati e Belmiro Chisssengueti matam e ameaçam.

O deputado da UNITA Raul Tati e o bispo Belmiro Chissengueti, até agora, não condenaram o acto terrorista dos seus apaniguados. Porque são os mandantes. Os chefes. Os responsáveis dos homicídios. 

No dia 31 de Outubro de 1974, uma força do MPLA prendeu o governador português no seu palácio em Cabinda porque era o chefe da FLEC. Primeiro, clandestinamente, depois às claras, Poucos dias antes, num comício em Lândana, foi eleito presidente de honra da organização terrorista.  

O Comandante Foguetão entrou com os seus guerrilheiros no palácio e prendeu Themudo Barata levando-o para a prisão à chapada e a pontapé. Depois as forças libertadoras tomaram a cidade de Cabinda. Dois jovens combatentes, João Lourenço e Bornito de Sousa, participaram nas operações. A província, no dia 1 de Novembro de 1974, ficou sob total controlo do MPLA e do Movimento das Forças Armadas, liderado pelo coronel Fontão. 

Desde então e até à Independência Nacional, um vaso de guerra fazia a defesa das instalações petrolíferas na baía de Malongo. Acabou a FLEC e acabaram os terroristas. Regressaram à boleia da UNITA e membros da “sociedade civil” como Raul Danda, Raul Tati ou Belmiro Chissengueti.

Hoje precisamos de um Comandante Foguetão para prender os chefes terroristas nos seus palácios e mansões. As autoridades competentes têm que julgá-los por terrorismo e homicídio. As suas contas bancárias têm de ser congeladas. Ontem já era tarde.

 Raul Tati, Belmiro Chissengueti e outros membros ou apoiantes da FLEC terrorista têm de sentir o braço pesado da Lei. Ao contrário do que escreveu o deputado da UNITA Raul Tati, Angola enfrenta terroristas e em Cabinda Raul Tati é um dos chefes do terror. O bispo de Cabinda igualmente. Dois chefes terroristas foram ver, estavam mortos: Raul Danda e Jorge Congo. O povo de Cabinda suspirou de alívio. Mas tem de ficar totalmente aliviado.

Isaías Samakuva está a tratar da vidinha desde que passou a pasta da associação de malfeitores a Adalberto da Costa Júnior. Numa actividade com estudantes intitulada "Reencontro com a História" fez afirmações que me deixaram perplexo. Disse que em Angola há "turbulências indesejáveis" porque a situação socioeconómica se tem degradado “numa velocidade assustadora”. Por isso, defendeu que as autoridades devem tomar “medidas mais activas e dinâmicas”. Quem provoca as turbulências indesejáveis é a UNITA. Por isso, medidas mais activas implicam a prisão da sua direcção entre os quais está o criminoso de guerra Abílio Camalta Numa.

Não, Samakuva não se passou para o outro lado. Porque ao falar das eleições de Agosto passado disse que “os resultados revelam descontentamento do eleitorado, o povo quer mudança ante ao falhanço das políticas do MPLA. Portanto, há claramente vontade e desejo de mudar, as pessoas estão cansadas, os cidadãos estão cansados, já não aguentam mais, portanto se de facto as coisas não mudam não há dúvidas de que a UNITA, mesmo com fraudes, na próxima eleição pode ganhar”. Uma maioria absoluta representa descontentamento do eleitorado é verdade. Mas esse descontentamento é com a “frente unida” que nasceu já a cair de podre.

Samakuva neste “reencontro” com a História só não disse que cinco dias depois da assinatura do Acordo de Bicesse (31 de Maio de 1991) estava pessoalmente a esconder mais de 20.000 soldados da UNITA em bases secretas no Cuando Cubango, com o apoio dos serviços secretos da África do Sul e do alto comando das forças de defesa e segurança daquele país onde o regime de apartheid já estava em desagregação. 

A operação para a futura guerra suja que durou até Fevereiro de 2002, foi montada pelo chefe do Estado-Maior da Inteligência Militar da África do Sul, comandante De la Ray. 

Eu tive acesso ao documento classificado como secreto. De la Rey mandou uma cópia ao chefe das Forças de Defesa e Segurança (SADF) general Geldenhuys, para este garantir o apoio logístico. Alimentar 20.00 homens durante meses, não era tarefa fácil.

De la Ray ordenou a Abílio Camalata Numa e Isaías Samakuva que escondessem os melhores comandantes e soldados. Que transferissem para as bases secretas todas as armas pesadas e as anti aéreas, incluindo os mísseis Stinger. Eis os nomes das basses secretas: Girafa, Palanca, Tigre e Licua. Numa tentativa grotesca de desmentir estes factos, o então líder da UNITA invocou o facto de já estar no poder a dupla Mandela-De Klerk por isso não podia existir tal operação. O problema é que Adalberto da Costa Júnior, sócio de Samakuva nos negócios, fez esta declaração pública:

“Em 1995,Jonas Savimbi recebeu um importante convite para visitar a África do Sul, dirigido por Nelson Mandela, então Presidente da República. Nelson Mandela recebeu o Dr. Savimbi e a sua delegação na sua aldeia natal, em Qenu, dia 17 de Maio de 1995. Os africanos sabem o que significa receber alguém na sua própria aldeia”. Adalberto é um mentiroso compulsivo e a sua credibilidade vale zero. Mas é verdade que Mandela recebeu Savimbi. Dessa reunião saiu uma versão benigna: O Presidente Mandela disse ao líder da UNITA que não podia apoiá-lo porque perdeu as eleições.

Manobras de diversão. Porque Isaías Samakuva preparou tudo para a guerra suja que rebentou depois da derrota eleitoral da UNITA, em 1992. Ele sabe, melhor do que ninguém, quando nasceram os problemas que hoje temos em Angola. Ele sabe que a rebelião armada entre 1992 e 2002 foi particularmente destruidora de pessoas e bens. Ele sabe da matança de angolanos porque ajudou a matar. Ele sabe dos milhares de deslocados e refugiados porque ajudou a escorraçar. Sabe tudo sobre as actividades criminosas. Mas como é da associação de malfeitores UNITA não é capaz de se libertar da seita.

Hoje o rei dos piratas e escravocratas ordenou aos súbditos que almoçassem em sua honra. O Ernesto Bartolomeu não perdeu nem uma garfada. A equipa de reportagem da TPA só perdeu as detenções de manifestantes em Londres, que estão contra a monarquia. Centenas de detidos. Centenas de agredidos. O líder do movimento anti monárquico, Graham Smith, foi espancado e preso. O mundo não viu, não ouviu, não reportou. Imaginem se a detenção dos manifestantes e seu líder fosse em Angola. Até o Guterres espirrava uma oração a Nossa Senhora de Fátima e ia a pé em peregrinação à Muxima.

Hoje os súbditos de sua majestade enchem a pança com uma torta de espinafres, queijo, estragão e sangue real colhido, fresquinho, do coroado e da Camela Pit Bull (Camila era a senhora sua mãe). Grande menu!

* Jornalista

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