segunda-feira, 15 de maio de 2023

Quénia: Confirmados 201 mortos no “Massacre de Shakahola”, 566 desaparecidos

Em perguntas e respostas, o massacre no Quénia

Já foram confirmados 201 mortos no “Massacre de Shakahola”, onde centenas de fiéis de uma seita se juntaram para cumprir o jejum que acreditavam os levaria a “encontrar Jesus”

Já foram confirmados 201 mortos no “Massacre de Shakahola”, onde centenas de fiéis de uma seita se juntaram para cumprir o jejum que acreditavam os levaria a “encontrar Jesus”

A floresta dá nome à tragédia - o “massacre de Shakahola” - e são já 201 os corpos encontrados, desde meados de abril, em cerca de 50 valas comuns.

Este sábado, foram descobertos mais 22 corpos perto da cidade costeira de Malindi. A maior parte das autopsias mostram que as vítimas morreram à fome. No entanto, há resultados a indicar que algumas pessoas - incluindo crianças - foram estranguladas, espancadas ou sufocadas, segundo o chefe das operações forenses Johansen Oduor.

MAS O QUE, OU QUEM, SEGUIAM AS VÍTIMAS?

As autoridades locais acreditam que se tratavam de seguidores de Paul Nthenge Mackenzie, um antigo taxista e autoproclamado “pastor”. Aos fiéis era prometido que, pelo jejum, iriam conseguir “encontrar Jesus”.

QUEM É ESTE “PASTOR”?

Segundo a agência AP, Mackenzie fundou a Igreja Internacional da Boa Nova, onde foi ganhando seguidores. No entanto, em 2019, as autoridades locais fecharam a igreja e prenderam o “pastor” por “radicalizar os seus seguidores após convencê-los a não enviar os seus filhos para a escola e a tomar ou procurar medicamentos.”

Mackenzie acabou por sair sob fiança e abandonou a sua igreja, movendo todos os seus seguidores para a Floresta de Shakahola.

Em março, voltou a ser preso por estar ligado à morte de duas crianças, mas acabou por voltar a sair sob fiança, sendo que estes casos ainda estão a ser investigados pelas autoridades quenianas.

HÁ DETIDOS?

Segundo a agência Lusa, que cita Rhoda Onyancha, da prefeitura regional, o líder da seita está novamente detido, tal como outros 25 responsáveis cujo trabalho era garantir o cumprimento do jejum e impedir qualquer pessoa de fugir.

Foi o próprio Mackenzie que se entregou às autoridades no dia 14 de abril, logo após a polícia ter descoberto os primeiros corpos.

AS VÍTIMAS VÃO CONTINUAR A AUMENTAR?

No dia 14 de abril a polícia do Quénia invadiu o local de culto, ainda a tempo de resgatar 15 pessoas, entre as quais quatro acabariam por morrer a caminho de um hospital de Malindi. Internados em estado grave ou crítico estão 11 membros da seita que foram encontrados a definhar no meio do bosque, segundo a Europa Press.

Confirmados há 201 mortos. Ainda assim, é expectável que o número aumente, já que as autoridades locais falam em cerca de 566 pessoas desaparecidas.

QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PASSOS?

As autoridades locais comunicaram que vão interromper os trabalhos para reorganização das operações que contam retomar na próxima terça-feira.

Em consequência da tragédia, o presidente William Ruto pretende criar uma comissão especial de inquérito sobre as mortes e rever as formas de atuação de grupos religiosos não regulamentados no país.

Teresa Amaro Ribeiro | Expresso | Imagem: Stringer/Reuters

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