sábado, 27 de maio de 2023

A PERIGOSA ESCALADA BRITÂNICA NA UCRÂNIA

Desde o lobby para caças até o fornecimento de urânio empobrecido, o Reino Unido está garantindo que a escalada seja o único caminho a seguir, escreve Jonathan Cook.

Jonathan Cook* | Declassified UK | # Traduzido em português do Brasil

O presidente ucraniano , Volodymyr Zelensky, fez uma viagem inesperada à Grã-Bretanha na semana passada em uma excursão pelas capitais europeias, pedindo armas mais poderosas e de longo alcance para usar em sua guerra contra a Rússia. 

O que foi difícil de ignorar mais uma vez foi a extensão em que o Reino Unido está desempenhando um papel descomunal na Ucrânia.

No ano passado, logo após o início da guerra, o então primeiro-ministro, Boris Johnson, correu para Kiev - presumivelmente sob instruções de Washington - aparentemente para alertar  Zelensky  sobre negociações de paz incipientes com Moscou. 

Mais ou menos na mesma época, o governo Biden deixou  claro  que favorecia uma escalada na luta, não o fim dela, como uma oportunidade para “enfraquecer” a Rússia, um rival geoestratégico junto com a China.

Desde então, o Reino Unido tem estado na vanguarda dos esforços europeus para consolidar o conflito, ajudando a fazer lobby para o fornecimento de armas, treinamento e inteligência militar para as forças ucranianas.   

Tanques britânicos e milhares de projéteis de tanques - incluindo, controversamente, alguns feitos de urânio empobrecido - estão sendo enviados. Na semana passada, o Reino Unido adicionou centenas de drones de ataque de longo alcance ao inventário. 

E um número não especificado de mísseis de cruzeiro Storm Shadow de £ 2 milhões por explosão, com um alcance de quase 300 km, começaram a chegar. Na semana passada, Ben Wallace, secretário de Defesa da Grã-Bretanha,  disse que  os mísseis já estavam em uso, acrescentando que apenas Kiev estava decidindo sobre os alvos.

REGIME DE KIEV PRECISA DE GANHAR FÔLEGO APÓS DERRUBADA DE BAKHMUT

Após a derrota no 'reduto de Bakhmut' do MSM, o regime de Kiev está com pressa para uma vitória de relações públicas para apoiar sua alegação de que nada de ruim aconteceu em seu conflito com a Rússia.

South Front | # Traduzido em português do Brasil - COM VÍDEO

Primeiro, as forças de Kiev realizaram um ataque visando uma área de fronteira na região russa de Belgorod. No entanto, o ataque sensacionalista rapidamente se transformou em outro fracasso militar e as unidades ucranianas recuaram sofrendo perdas notáveis.

Então, o navio da Marinha Russa 'Ivan Churs' foi atacado por três lanchas não tripuladas com explosivos a cerca de 140 km a nordeste do Estreito de Bósforo. De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, o navio destruiu todos os barcos inimigos usando suas armas a bordo. Um dia depois, o regime de Kiev divulgou um vídeo mostrando um ataque ao navio. Isso mostra que pelo menos um dos barcos se aproximou perigosamente do Ivan Churs. Ainda não está claro se o ataque causou ou não danos ao navio.

Essas ações foram acompanhadas por uma série de tentativas de atacar áreas de fronteira russas com mísseis e drones. Em um dos acontecimentos mais recentes, em 26 de maio, um míssil foi abatido sobre a região de Rostov. Ao mesmo tempo, a fachada de um prédio de escritórios foi danificada em um suposto ataque de drones na cidade de Krasnodar. Além disso, a artilharia ucraniana e as unidades de foguetes intensificaram os ataques contra alvos civis dentro de seu alcance. Donetsk e Berdyansk estavam entre os alvos de tais ataques.

Turquia | Eleições no domingo: Média entre controlo do Governo, perseguições e prisões

O panorama mediático na Turquia de hoje está praticamente dominado pelo partido islamista e conservador no poder, mas alguns 'media' persistem a navegar contra a corrente, apesar das pressões, ameaças de multas e prisões.

No bairro Sisli de Istambul, numa discreta vivenda, está instalada no rés-do-chão e primeiro andar a sede do diário Birgun (Um dia), fundado em 2004, que vende 30.000 exemplares e possui um estúdio de gravação para a emissão de documentários na internet, tudo assegurado por uma equipa de 60 pessoas, 35 jornalistas.

Em vésperas da segunda volta das eleições presidenciais de domingo, a manhã está agitada: um dos seus jornalistas em Ancara, Mustafa Bildircine, surge na primeira página do jornal após ser ameaçado com um processo judicial por "difamação", na sequência de um artigo que denunciava um alegado caso de suborno envolvendo uma família ligada ao poder.

Uma situação comum para muitos jornalistas que enfrentam o prolongado poder do Presidente Recep Tayyip Erdogan e do seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP). Nos processos judiciais, caso a condenação seja até um ano pode ser convertida em multa, mas se for superior a dois anos implica pena de prisão.

"Com 20 anos de AKP no poder, alguns grupos mediáticos capitalistas passaram a controlar quase todos os 'media'. Já existia essa tendência anteriormente, mas agora a diferença reside no facto de os grupos mediáticos serem controlados pelo AKP. E em conluio com empresários adeptos da economia ultraliberal", assinala no seu gabinete Yasar Aydin, o diretor da publicação.

PARECE QUE ERDOGAN VAI FICAR DEPOIS DE TUDO

Stellina Chen, Taiwan – China | Cartoon Movement

Portugal | NÃO ATIRAR FOGUETES ANTES DO TEMPO

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

António Costa tem razão quando afirma, como fez na passada quarta-feira, no debate parlamentar, que "cada dia que a vida dos portugueses melhorar é um dia em que a Direita terá mais dificuldade em derrubar este Governo". Disse-o, como resposta ao frenesim que move o PSD e seus putativos aliados. Contudo, interroguemo-nos sobre o pressuposto inicial da afirmação do primeiro-ministro.

É uma evidência que o PSD não tem programa político para responder aos desafios com que se deparam os portugueses e o país, tem apenas as narinas ultrassensíveis ao cheiro do poder e, no imediato, ao odor irresistível que os cifrões do PRR emanam. E será provável que, se a chafurdice política diminuir, o PSD tenda a atropelar-se. Todavia, o governo do PS é muito responsável pelos "casos e casinhos" que alimentam o atual e perigoso ambiente político e a vida da esmagadora maioria dos portugueses não está a melhorar no imediato, nem estão em curso alterações estratégicas que assegurem melhorias no futuro.

Recentemente, o Eurostat informou que Portugal é, desde 2005, o país da União Europeia que mais se desindustrializou. Ora, a indústria tem sido, historicamente, o setor que mais cria emprego qualificado e oferece melhores salários. Novas atividades e novos serviços ligados à indústria tendem a manter e a reforçar esse papel, bem como o da melhoria da produtividade. Entretanto, dados disponibilizados esta semana pelo INE mostram-nos que o setor privado tem uma taxa de trabalhadores com licenciatura ou mais pouco acima dos 20%. Isto é preocupante e reflete o facto da nossa economia assentar no turismo e serviços a ele ligados - de baixo perfil e fraco valor acrescentado. Essa predominância não permitirá, nomeadamente, estancar a emigração das novas gerações qualificadas.

O boom do turismo (crescerá no terceiro trimestre do ano) pode provocar algum crescimento económico e aumento de emprego e, por consequência, fazer crescer a massa salarial. Mas, isso não significa aumento dos salários médios reais, nem reequilíbrio na repartição do rendimento. Há que fazer outros exercícios: comparar o salário médio real de hoje com o que tínhamos em 2019; analisar o que a inflação já comeu a todos os trabalhadores e, em particular, aos de mais baixos salários, pois o impacto da inflação sobre eles ainda é mais duro; observar pelas práticas efetivas e não por intenções discursivas, se prosseguem as políticas de baixos salários. As conclusões serão preocupantes.

Por exemplo, jornais nacionais e regionais têm noticiado que os CTT têm tido dificuldade em contratar carteiros(as) e também operadores de loja. Ainda a 23 de março o "Notícias de Coimbra" informava que esta empresa "compromete-se" a admitir, até final do ano, 100 pessoas para estas funções. Quando se lê (leiam por favor) o descritivo funcional dos carteiros, percebe-se que é um trabalho exigente, amplo, qualificado e de responsabilidade. A contrapartida é uma proposta de salário entre 765 (entrada) e 1329 (topo de carreira) euros brutos/mês e um aumento geral de 2,5% em 2023. E, para um carteiro receber o valor máximo aqui mencionado (através de bonificações) teria de desempenhar mais funções que Charles Chaplin em "Os tempos modernos".

Muito trabalho por pouco dinheiro e desorganização da vida pessoal e familiar não é melhoria da vida das pessoas. Não chega, pois, propagandear êxitos, é preciso confirmá-los. Celebrações por antecipação podem iludir, mas de seguida irritam e acabam a gerar grandes frustrações.

*Investigador e professor universitário

QUE FORÇA É ESSA? - Sérgio Godinho, em "Os Sobreviventes" - OUVIR - Youtube

Portugal | Bruxelas diz que os preços das casas vão continuar a subir

O relatório semestral sobre Portugal diz ser “improvável” que haja uma “redução acentuada” dos preços das habitações devido à procura de estrangeiros. E alerta para os “níveis crescentes de pobreza” e as desigualdades de rendimento que "também aumentaram”.

É “improvável” uma “redução acentuada” dos preços da habitação em Portugal e é expectável que estes “continuem a crescer”, apesar de a um ritmo inferior do que nestes últimos anos. Esta é uma das conclusões do Relatório(link is external) semestral onde a Comissão Europeia analisa a situação económica e orçamental do nosso país. A entidade baseia-se nos pressupostos de que vão continuar a existir poucas habitações a entrar no mercado ao mesmo tempo que se manterá uma “procura forte por parte de investidores estrangeiros”. E, para acreditar que “o crescimento dos preços das casas seja moderado no futuro”, recorre à subida das taxas de juro.

A Comissão Europeia traduz esse aumento dos preços em números significativos: “na última década, em Portugal, estes preços duplicaram em termos nominais, tendo nos últimos três anos, 2020 a 2022, registado um aumento de 34%”. E, em 2022, “os preços subiram cerca de 13%”. Estima-se ainda que os preços tenham ficado, em 2021, 20% acima do que considera um valor de referência do mercado. Indicador que, no ano seguinte, subiu para 24%.

A este quadro deve juntar-se que “os indicadores sociais mostram níveis crescentes de pobreza em 2020 e 2021” e que “as desigualdades de rendimento também aumentaram”. Bruxelas alerta que “a cobertura e a adequação da proteção social são preocupantes, nomeadamente por causa da complexidade e da relativa ineficiência do sistema”. Assim, “a percentagem de pessoas sobrecarregadas com custos de habitação também aumentou, num quadro em que a oferta de habitação social e a preços acessíveis continua a ser insuficiente”. O país vive uma deterioração em termos de pobreza que “é das mais sérias da União Europeia”.

Portugal | Catarina Martins despede-se hoje da liderança do Bloco de Esquerda

A XIII Convenção Nacional do BE, que vai eleger a nova liderança, começa hoje em Lisboa com um arranque dominado pelo discurso de despedida de Catarina Martins, a apresentação e discussão das moções em disputa e as intervenções dos delegados.

Os 654 delegados poderão escolher entre duas moções: a A, encabeçada pela deputada Mariana Mortágua e com muitos nomes da atual direção, e a E, que junta críticos e cujo porta-voz à convenção é o ex-deputado Pedro Soares.

Após uma incursão inédita no distrito do Porto em 2021, a XIII Convenção Nacional regressa no sábado e domingo ao pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, sob o mote "Levar o país a sério" e na qual começará um novo ciclo de liderança perante os desafios de uma maioria absoluta do PS e um bancada parlamentar reduzida após o desaire eleitoral das últimas legislativas.

Com início dos trabalhos previsto para as 11h00, o momento mais aguardado da manhã da reunião magna bloquista será a intervenção de abertura feita por Catarina Martins, que marcará o fim da sua era como líder do partido.

Antes da interrupção para almoço, os delegados vão discutir e votar as alterações aos estatutos e, para o início da tarde, estão previstas as apresentações, debate e conclusões das moções de orientação política.

Pela moção A, intitulada "Uma força, muitas lutas", segundo informação adiantada à agência Lusa, será precisamente Mariana Mortágua a fazer esta apresentação.

A moção A, subscrita também por Catarina Martins - que apesar de deixar a liderança continuará na Mesa Nacional e Comissão Política, como revelou à Lusa - conseguiu eleger 81% dos delegados (530 no total) que irão votar, devendo sair vencedora desta convenção.

Sob o mote "Um Bloco plural para uma alternativa de esquerda - um desafio que podemos vencer!" e com 14% dos delegados, a moção E será previsivelmente apresentada por Pedro Soares, uma moção que tem entre os mandatários o histórico Mário Tomé.

Depois da apresentação das moções será tempo para as intervenções políticas na reunião magna, esperando-se ouvir, como habitualmente, nomes como os fundadores Francisco Louçã, Luís Fazenda e Fernando Rosas ou a eurodeputada Marisa Matias, entre outros nomes de relevo no partido.

Pelas 17h00, abrirão as urnas - que só fecham no dia seguinte de manhã - para a eleição dos órgãos nacionais, a Mesa Nacional e a Comissão de Direitos.

Em entrevista à agência Lusa na hora da despedida de uma década de liderança, Catarina Martins deixou avisos sobre a urgência de António Costa fazer mudanças profundas no seu Governo para que a legislatura possa chegar ao fim e reiterou críticas à maioria absoluta do PS.

Sobre a sucessão, a ainda líder vê Mariana Mortágua mais preparada e com mais experiência do que aquela que tinha quando assumiu os comandos bloquistas, considerando que o partido está a recuperar depois da pesada derrota das eleições legislativas antecipadas de 2022.

Catarina Martins revelou ainda que, após 14 anos como deputada, vai deixar o parlamento no final desta sessão legislativa, escusando-se a abrir o jogo sobre o futuro e dizendo apenas que nesta altura vai descansar.

Notícias ao Minuto | Lusa

Leia em Notícias ao Minuto: 

Bloco de Esquerda. O que propõem as duas moções em debate

Angola | Os Vendedores de Ossadas e as Vítimas – Artur Queiroz


Artur Queiroz*, Luanda

O golpe de estado militar em 27 de Maio de 1977 aconteceu. Mas os “sobreviventes” e familiares dos golpistas dizem que não. Foi apenas uma manifestação pacífica. O Estado-Maior Geral das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) foi decapitado pelos golpistas. Só não morreram todos os comandantes na emboscada montada nas imediações do quartel da IX Brigada, porque o comandante Xyetu apercebeu-se das movimentações e conseguiu escapar. Angola estava e guerra contra exércitos invasores estrangeiros.

Entre 27 de Maio de 1977 e o Acordo de Bicesse em 31 de Maio de 1991 os “sobreviventes” e familiares dos golpistas estiveram calados. Como se não tivessem participado num sangrento golpe militar para derrubar Agostinho Neto e o MPLA. Provavelmente estavam arrependidos, por terem causado a morte de pessoas inocentes com a sua irresponsabilidade e oportunismo. Ou com medo de virem a ser responsabilizados pelos que perderam familiares, camaradas e amigos. Eles e elas lá sabem porque se remeteram ao silêncio.

Anunciada a mudança de regime e uma data para as eleições multipartidárias, os restos dos golpistas e seus familiares saíram das trevas e apareceram com as suas “verdades”. Pretendiam prejudicar eleitoralmente o MPLA, atribuindo à sua direcção tudo o que eles fizeram. Porque no dia 27 de Maio de 1977 a direcção do MPLA fez o que lhe competia. Defendeu-se dos golpistas e desmantelou as estruturas do golpe militar.

 Os golpistas torturaram, prenderam, sequestraram e assassinaram civis inocentes que não lhes obedeceram, dirigentes do MPLA que impediam a ascensão dos oportunistas, Comandantes das FAPLA que não permitiam a ascensão de impostores. Só não mataram Agostinho Neto, membros do governo e dirigentes partidários porque os serviços de segurança recomendaram o cancelamento de uma reunião do Conselho da Revolução no antigo Museu de Angola, Largo do Kinaxixi. Hoje Museu de História Natural.

Tudo o que escrevem no s livros ou artigos de jornais são aldrabices, delírios, invenções e falsificações dos factos históricos. Quem estava por trás dos golpistas em 27 de Maio de 1977 já se sabe. A direcção política e militar do golpe era tão fraca, tão cega pela ambição, que foi infiltrada ao mesmo tempo pela CIA e pelo KGB. Eram agentes da “Operação Natal em Angola” ou “Operação Cobra” liderada por altos chefes militares franceses e norte-americanos, mas também dos serviços secretos soviéticos, apostados em remover Agostinho Neto da liderança de Angola e do MPLA. Quem lhes paga hoje? Sigam o rasto do dinheiro e sabem quem dá corda aos restos e familiares dos golpistas.

Angola | Lei das ONG é "carta branca" contra vozes incómodas

O presidente da Associação Mãos Livres, Guilherme Neves, diz que a lei aprovada pelo Parlamento angolano, na generalidade, dá "carta branca" para extinguir ONG que são contra o poder.

As organizações não-governamentais angolanas estão muito preocupadas com a proposta de lei do estatuto das ONG, aprovada esta quinta-feira (25.05) no Parlamento,na generalidade.

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, votou contra a proposta, que considera estar cheia de "inconstitucionalidades", e que prevê a criação de um órgão de supervisão estatal.

Outro ponto negativo é a interferência na vida interna das organizações, diz o presidente da Associação Mãos Livres, Guilherme Neves, que vê a lei como uma "carta branca" para o Executivo extinguir as ONG.

Em entrevista à DW África, o também coordenador do Grupo de Trabalho de Monitoria dos Direitos Humanos receia que venham aí mais restrições de direitos fundamentais: "A nossa grande preocupação é essa tendência de o Governo cada vez mais procurar limitar o espaço do exercício da cidadania".

Várias ONG angolanas lançaram esta semana uma campanha nacional contra a proposta de lei, alertando que o objetivo do Governo é sobretudo "controlar as organizações".

Extradição de Chang para os EUA é "lição" para Moçambique

A decisão da África do Sul de rejeitar o recurso contra a extradição de Manuel Chang para os Estados Unidos é uma "lição" para a Justiça moçambicana, diz analista à DW.

Analistas aplaudem a decisão do Tribunal Constitucional da África do Sul de rejeitar o recurso da Procuradoria-Geral da República, que queria que Manuel Chang fosse extraditado para Moçambique.

Adriano Nuvunga, coordenador do Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO), considera que a decisão do tribunal sul-africano sobre a extradição de Manuel Chang "é o fim de linha para as manobras dilatórias da Procuradoria-Geral da República".

"Também é o fim de linha de a PGR gastar dinheiro dos moçambicanos que não tem para tentar atrasar a extradição de Manuel Chang para os Estados Unidos da América", acrescenta Nuvunga.

O analista entende que o Governo de Moçambique não tem alternativa se não acatar esta decisão do tribunal sul-africano de extraditar Chang: "Contraria as suas intenções, mas promove o interesse público, promove o combate à corrupção na nossa região e a proteção dos direitos humanos".

Estará a União Africana a falhar no seu papel de mediação?

Com 1,4 mil milhões de habitantes e 55 Estados, a União Africana é, de facto, uma grande potência no papel. Mas os observadores queixam-se de que a organização não tem estado a cumprir o seu verdadeiro papel de mediador.

A Organização de Unidade Africana (OUA), a organização antecessora da União Africana (UA), foi fundada há 60 anos. A união era o símbolo da libertação dos povos africanos e do fim da ingerência estrangeira. Sessenta anos depois, a organização que lhe sucedeu é regularmente criticada pela sua inação.

"Quando a Organização da Unidade Africana foi fundada, a 25 de maio de 1963, era um símbolo da libertação dos povos africanos e da sua esperança num futuro feliz", afirma Adriano Nuvunga, ativista dos direitos humanos e presidente da organização não governamental moçambicana Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), numa entrevista à DW.

"Atualmente, a União Africana é uma organização que defende sobretudo os interesses dos poderosos. É ineficaz e revela-se sempre incapaz de garantir a prosperidade, a segurança e a paz para todos os africanos”, acrescenta.

Al-Shabab ataca base da missão de manutenção da paz da UA na Somália

A missão da UA ainda não confirmou o número de vítimas, embora o al-Shabab afirme ter matado 137 soldados.

Al Jazeera | # Traduzido em português do Brasil

Combatentes do Al-Shabab atacaram uma base militar que abriga forças ugandenses da missão de manutenção da paz da União Africana na Somália, de acordo com o contingente do país do leste africano e um capitão somali.

Os rebeldes atacaram a base pertencente à Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) em Bulamarer, 130 km (80 milhas) a sudoeste da capital, Mogadíscio, na sexta-feira.

“Houve um ataque esta manhã em nossa base … por elementos do al-Shabab, mas estamos aguardando a comunicação oficial do quartel-general da ATMIS”, disse o vice-porta-voz da Força de Defesa do Povo de Uganda (UPDF), Deo Akiiki.

A ATMIS, que tem 22.000 soldados, está avaliando a situação de segurança, disse no Twitter, sem fornecer detalhes. A missão tem ajudado o governo federal da Somália em sua guerra contra o grupo armado ligado à Al-Qaeda desde 2022, quando substituiu a Missão da UA na Somália (AMISOM).

Enquanto isso, o al-Shabab afirmou em um comunicado que realizou ataques suicidas e matou 137 soldados.

Não houve confirmação oficial imediata das vítimas e o grupo costuma dar números diferentes dos divulgados pelas autoridades.

Manifestantes do Mali exigem saída da missão de paz da ONU

Milhares manifestam-se em Bamako, exigindo o fim de uma missão de manutenção da paz que dizem não ter conseguido trazer a paz.

Al Jazeera | # Traduzido em português do Brasil

Vários milhares de manifestantes se reuniram na capital do país, Bamako, na quinta-feira, exigindo o fim de uma missão de manutenção da paz das Nações Unidas que, segundo eles, não conseguiu trazer a paz.

Os manifestantes seguravam cartazes pedindo que a missão da ONU conhecida como MUNISMA (Missão de Estabilização Multidimensional Integrada das Nações Unidas no Mali) deixasse o país.

O M5-RFP, partido do primeiro-ministro de transição Choguel Maiga e organizações da sociedade civil que apoiam o governo militar de transição, organizaram a manifestação realizada na arena do Palais des Sports.

“É uma força do mal que precisa deixar nossa terra. Foi inútil; não conseguiu entregar. Dê-nos algumas semanas e nós os expulsaremos do país”, disse o manifestante Abdoulaye Diarra à Al Jazeera.

Milhares de pessoas foram mortas em ataques de grupos armados ligados ao ISIL (ISIS) e à Al-Qaeda desde 2013.

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