quarta-feira, 10 de abril de 2024

O fascismo em Portugal avança de pantufas, antes das botas cardadas…

O avanço do fascismo em Portugal é mais que evidente. Descaradamente avança de pantufas e apresenta-se com doutos reacionários sob vários pretextos. O último foi um livro alegadamente de Passos Coelho num ataque à liberdade e à democracia, aos direitos humanistas conquistados em Abril de 1974. Passos e a sua trupe fascizante, racista, repleta de misoginia patriarcal e muitos outros males contundentes dos Direitos Humanos. Até se dizem democráticos, sociais democratas, socialistas quando no âmago não são nada disso. Pantomineiros e prónazis isso são e muitas vezes assim se revelam. Distraiem-se e revelam-se. Nisso o Chega com o seu nazifascismo muitas vezes revelado veio ajudar e dar alento aos que se escondiam na sua pseudodemocracia para portugueses verem e se iludirem. Vimos ontem a trupe na apresentação do livro dito de Passos. Não foi uma pedrada no charco mas sim a revelação de quem realmente estão repletos de não presta e a espumar de raiva contra as liberdades e democracia conseguidas na Revolução dos Cravos que agora vai comemorar 50 anos. Foi então a hora conseguida da liberdade, do humanismo, da democracia que se construiu. Feri-la já o conseguiram muitas vezes mas agora querem matá-la. Preferencialmente de vez.

O Curto do Expresso aborda o tema, a seguir. Entre outros. Raquel Moleiro é a autora. É dito que "uma mulher licenciada, que trabalha, que se casou, teve uma filha, divorciou-se, reconstruiu a vida, teve outro filho e é feliz sem ter voltado a casar-se", ela escreve o que se segue no Curto. Existem mais mulheres nestas circunstâncias, felizes e em família. E também homens. Sabemos de um (haverá mais) que optou por não se casar mais e ficar a criar quatro filhos num leque dos quase dois anos aos oito que nunca mais quis casar. E criou os filhos. Na atualidade adultos a serem felizes e a sentirem a família, que são eles e o pai. Mas no livro de Passos e de outros nada disso é contabilizado. A não ser que todos os cinco dessa família são contribuintes para que certos fascistas alcandorados aos poderes lhes tenham proporcionado cortes nos ordenados, na reforma e até levassem um ou outro dessa família a emigrar. Tudo obra de Passos Coelho, o aldrabão-mor, que aconselhou ostensivamente os portugueses a emigrarem. O nojento governante da crise apoiada pelo FMI que foi muito além desses abutres das exigências do FMI, desbundando milhares de milhões para banqueiros e outros mastodontes da alta-finança. 

Já se sabe que quem pagou foi o povo, os trabalhadores, e para esses só sobrou miséria e fome. Milhentas dificuldades e sofrimento. É este Passos que ali está na imagem acima, junto de um adulante de Hitler e da saudação nazi a condizer.

Olhem que dois que até já perderam a vergonha. Asquerosos fulanos, já se sabe e sentimos. Ainda mais se revelarão...  O assunto dá e dará pano para mangas. Vamos para o Curto do Expresso. A seguir.

Bom dia. Muita força para conseguir resistir e lutar. O combate ao fascismo já começou há muitas décadas, em Portugal e por todo o mundo então também oprimido. E vai continuar, sempre. Aqueles nojentos são como ninhadas de ratazanas.

Curtam a seguir. No Curto. Que é bastante para se ler e assimilar.

Raquel Moleiro, a seguir. Uma mulher. Uma jornalista. Bem haja. Ela e todas as mulheres de luta, que lutam pelos seus direitos, os dos outros e das outras mulheres e subjacentes crianças em formação para uma vida e uma sociedade livre, independente e devidamente capacitada.

O Expresso Curto a seguir de um vivo e combativo ABAIXO O FASCISMO! FASCISMO NUNCA MAIS!

Mário Motta | Redação PG


Eu, mulher, alegadamente tiranizada

Raquel Moleiro, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia.

Antes de mais dois convites: hoje, às 14h, “Junte-se à Conversa com Eunice Lourenço e David Dinis, para falar sobre "Montenegro entre uma carta e um livro". Inscreva-se aqui.

Amanhã, às 12h, temos nova “Visita à redação”. Inscreva-se através do mail producaoclubeexpresso@expresso.impresa.pt.

As linhas com se cose esta quarta-feira são escritas por uma mulher licenciada, que trabalha, que se casou, teve uma filha, divorciou-se, reconstruiu a vida, teve outro filho e é feliz sem ter voltado a casar-se.

Que gosta da abertura do país em que vive, em que as leis defendem a igualdade e a tolerância, a autodeterminação e a liberdade de escolha, embora nem sempre as mentalidades as acompanhem ao mesmo ritmo.

Que escreve sobre Direitos Humanos e já perdeu a conta às mulheres vítimas de violência doméstica que entrevistou, agredidas pelos maridos, apesar de se encaixarem no protótipo de família tradicional. Isso não as defendeu, nem à sociedade. É um flagelo que não olha a estruturas relacionais.

Que tem amigos de diferentes orientações sexuais e não consegue perceber em que são moralmente distintos uns dos outros e merecedores de direitos desiguais.

Que antes e depois da lei que legalizou o aborto, não conheceu nenhuma mulher que tenha interrompido uma gravidez de ânimo leve. A dor é a mesma, o risco de vida é que não.

Saio do meu casulo ‘anónimo’ de jornalista, de que o leitor só conhece habitualmente pouco mais do que o nome, a propósito da publicação do livro “Identidade e Família”. Apresentado na segunda-feira, reúne vários textos de representantes da direita mais conservadora, todos homens, como Bagão Félix, César das Neves, Jaime Nogueira Pinto, Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro, alguns antigos ministros e deputados, numa defesa comum pela família tradicional, posta em perigo por diferentes conceções (como a minha).

Na obra critica-se a legislação “que facilita o divórcio”, a procriação medicamente assistida, o direito ao aborto, a eutanásia, o casamento e a adoção por pessoas do mesmo sexo, a criminalização de terapias de conversão ou a educação sexual nas escolas que ensina “a arte do prazer”. A família “com pai e mãe” é o essencial na “formação da identidade”. Aponta-se o dedo aos “influencers digitais, espalhados pelas redes sociais que, em nome de uma pretensa liberdade, fomentam a desorientação das pessoas”, ou ao “sequestro dos conteúdos programáticos” na escola pública, a propósito da ideologia de género “sem base científica” e que “compromete o desenvolvimento humano”. O David Dinis escalpeliza aqui o livro mais em detalhe.

Vivemos em democracia, a opinião plural e a sua defesa é um direito que assiste a todos, ainda que seja difícil ‘ver-me’ como parte de um ‘mal social’, mas quando João César das Neves põe em dúvida de que ao longo dos séculos a mulher foi sucessivamente oprimida e desprezada” entra-se num enviesamento da História. O economista explica. “Esta convicção é estranha por duas razões. A primeira é que as mulheres sempre foram a maioria da população, o que torna insólito que sejam dominadas pela minoria masculina. O segundo motivo é que essas senhoras, alegadamente tiranizadas, nunca se queixavam ou manifestavam o seu desagrado.” É preciso dizer o que acontecia a quem ousava fazê-lo? Ou referir a ausência de direitos? A dependência económica?

Não estou a falhar com a imparcialidade ao colocar-me contra uma posição atentatória da igualdade. A defesa dos Direitos Humanos não tem dois lados. Só se pode ser a favor.

Luís Montenegro não se pronunciou sobre o livro – não faltaram críticas dentro do próprio PSD, da Esquerda, da Iniciativa Liberal e no meio artístico - e é fácil perceber porquê. Naquela noite literária, a apresentação coube a Pedro Passos Coelho e, mais do que o conteúdo da obra, foi o apelo subliminar que o ex-primeiro-ministro deixou para entendimentos entre a AD e o Chega que concentrou a atenção do atual líder do Governo. Na assistência estava André Ventura, a anuir sorridente.

Instado a comentar mais esta pressão contra o “Não é não”, Hugo Soares, ontem eleito líder parlamentar do PSD com mais de 98% dos votos, limitou-se a garantir a defesa do “diálogo humilde e construtivo com todas as bancadas parlamentares para resolver os problemas das vidas das pessoas”.

As medidas concretas que vão tomar para alcançar esse desígnio serão conhecidas esta quarta-feira, ao final da manhã, com a entrega no Parlamento do programa do XXIV Governo Constitucional, depois de aprovado em Conselho de Ministros.

Fazendo fé nas palavras do primeiro-ministro, Luís Montenegro, de que as promessas eleitorais são para cumprir, lá estará, por exemplo, o Plano de Emergência para o SNS, a apresentar até 2 de junho; a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, que vai custar por ano 240 milhões de euros; o acesso universal ao pré-escolar a partir dos 3 anos; a redução das taxas de IRS até ao 8º escalão; o aumento do salário mínimo até mil euros até ao final da legislatura; a isenção de IMT e imposto de selo na compra de casa para os sub-35 anos; a criação de uma comissão permanente para a reforma da Justiça; a regulamentação do lobbying; a valorização profissional e remuneratória das Forças de Segurança; a decisão sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa ou a elaboração de um programa de atração, acolhimento e integração de imigrantes.

A discussão do programa decorre entre quinta e sexta-feira e já tem assegurada uma moção de rejeição do PCP, que não vai contar com os votos do PS ou do Chega. Concluído o debate, o executivo entra em plenitude de funções. Só depois, Pedro Nuno Santos vai reunir-se com o Bloco de Esquerda, um mês passado sobre o repto de Mariana Mortágua aos partidos à esquerda para encontrar convergências. Os bloquistas acham que a derrapagem na agenda mostra preferência pelo diálogo com o PSD. Depois de sucessivos adiamentos, há nova promessa, deixada em entrevista à TVI. Mas continua a não existir uma data.

OUTRAS NOTÍCIAS

Abusos na Igreja. O ministério Público arquivou 33 inquéritos relacionados com as suspeitas de abusos sexuais de crianças cometidos por padres católicos e tem atualmente 7 casos. As suspeitas de encobrimento do bispo José Ornelas continua em investigação.

Na clandestinidade. Conta o Público que, no dia 5 de julho último, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa condecorou com o Grande Colar da Ordem da Liberdade os marechais António de Spínola e Francisco Costa Gomes. Mas a condecoração póstuma não foi divulgada pela presidência.

O naufrágio do Lingrinhas. As buscas para encontrar os dois desaparecidos no naufrágio de uma embarcação perto de Troia, serão alargadas esta quarta-feira às 12 milhas náuticas, o que corresponde a 21 quilómetros para sul e para oeste, indicou a Polícia Marítima. O ‘Lingrinhas’ afundou-se no domingo com quatro homens e um rapaz. Só um sobreviveu.

Surpresa! A 1 de abril entraram em vigor mudanças nas tabelas de preços da ADSE, sem que os beneficiários tenham sido avisados, o que gerou uma onda de queixas. Foram alterados, por exemplo, os valores para os partos. A 1 de maio haverá novas mexidas, mas agora com comunicação atempada.

Sem claques. Os adeptos do Benfica e do Marselha vão ser impedidos de acompanhar as suas equipas nos jogos fora dos quartos de final da Liga Europa de futebol, respeitando a vontade das autoridades lusas e francesas, tendo por base comportamentos incorretos dos adeptos encarnados em anteriores eliminatórias, em Milão e San Sebastian.

Em busca do cessar-fogo. Já nem os EUA usam meias palavras. “Penso que Netanyahu está a fazer um erro. Discordo da sua abordagem. Quero que os Israel viabilize um cessar-fogo e autorize, para as próximas seis ou oito semanas, um acesso total à alimentação e aos medicamentos”, afirmou Joe Biden. Idêntico apelo foi feito pelo presidente francês e pelos líderes do Egito e Jordânia, depois do Hamas ter rejeitado a mais recente proposta israelita. A ONU lamenta que a humanidade e a comunidade internacional tenham perdido a sua “bússola moral” em relação à Faixa de Gaza.

Risco nuclear. A Agência Internacional da Energia Atómica convocou uma reunião extraordinária para amanhã a pedido de Moscovo e Kiev, que se acusam mutuamente de ataques com 'drones' à central nuclear de Zaporijia. A guerra já leva 777 dias.

Regresso a 1864. O estado norte-americano do Arizona repôs uma lei de 1864 que proíbe o aborto em quase todos os casos. Só será possível se a mãe estiver em risco de vida.

O seu a seu dono. A Alemanha devolveu à Grécia um vaso antigo, do século VII a.c., levado durante a ocupação nazi. Nos últimos anos, inúmeras instituições e colecionadores estrangeiros devolveram peças do seu antigo património à Grécia. No ano passado, o Vaticano devolveu ao país três fragmentos do Partenon que guardava há mais de dois séculos

Viva a sardinha. Comer mais sardinha e menos carne vermelha pode salvar até 750 mil vidas em 2050, revela estudo do Instituto Nacional de Estudos Ambientais de Tsukuba, no Japão.

O pai do bosão. Morreu, aos 94 anos, na sua casa em Edimburgo, Peter Higgs, vencedor do Prémio Nobel em 2013, pela sua descoberta de uma nova partícula a que se deu o nome de bosão de Higgs.

FRASES

“Isto não acaba aqui”.
André, Sofia, Cláudia, Mariana, Martim e Catarina, jovens portugueses que acusaram 32 Estados Europeus de não fazerem o suficiente para combater a crise climática. Ontem, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem considerou o processo “inadmissível”

“[António Costa] seria um bom presidente do Conselho Europeu"
Miguel Poiares Maduro, ex-ministro do PSD, no programa “Da capa à contracapa” da Rádio Renascença

“Neste livro que junta Passos e Ventura cheira-se apenas o ódio, o moralismo e a incapacidade para aceitar que há várias formas de amor, de vida, de família”.
Henrique Raposo, cronista, no Expresso

PODCASTS

Quais as causas, percurso e figuras do “Movimento das Forças Armadas”? Otelo Saraiva de Carvalho, Melo Antunes, Vítor Alves e Vasco Lourenço são as personagens principais de mais um episódio do podcast narrativo Retratos de Abril.

Conseguirá o Governo aguentar “quatro anos e meio"? A Comissão Política averigua a impossibilidade da missão de Luís Montenegro e o conteúdo da carta que recebeu de Pedro Nuno Santos.

No podcast Futuro do Futuro, o advogado Vítor Palmela Fidalgo explica como o futuro Regulamento Europeu da Inteligência Artificial vai determinar o uso de telemóveis e computadores pelos europeus.

O QUE ANDO A LER

A desobediente - biografia de Maria Teresa Horta, por Patrícia Reis (Contraponto).

Ainda vou só na infância, mas diz Patrícia Reis, escritora e jornalista, que foi aí que Teresinha mais se demorou, e tantas vezes regressou, ao longo das incontáveis conversas que tiveram. O livro está contaminado de confiança. “Percebi que a mística de Maria Teresa Horta é a sua constante viagem ao passado, à infância. É uma vida de abandonos e desilusões que surgiram cedo demais e que deixaram cicatrizes”.

O começo é logo avassalador, inesperado, dorido. A depressão da mãe Carlota, um quase homicídio, a sua quase morte. O pai médico, sempre com uma sensação de estranheza em relação à filha, que lia demais, que era de esquerda e agnóstica. A avó Camila, que foi a primeira mulher a frequentar um liceu em Portugal, a servir-lhe de exemplo para a ousadia. A partida da mãe, a crueldade do pai com a mãe.

Os episódios seguem-se, cronológicos, detalhadíssimos, e sei que hão de chegar os primeiros livros, a poesia, o casamento sem amor aos 18 anos, a PIDE e a censura a não lhe aceitarem a escrita, ela feita jornalista no República e no Diário de Lisboa, o amor encontrado num café de Lisboa, o inferno para conseguir o divórcio e ficar 56 anos com o seu Luís de Barros. O primeiro filho que quis. Depois as Novas Cartas Portuguesas das três marias, o Movimento de Libertação das Mulheres, e por aí fora até à página 405.

Hoje, aos 85 anos, Maria Teresa Horta, escritora, poetisa, feminista, ativista, insubmissa, mãe, avó, já pouco sai de casa. Mas continua a escrever.

Este curto fica por aqui. Boa quarta-feira, com o Expresso.

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