Kate Hairsine | Deutsche Welle
A maior parte dos 1,3 mil milhões de habitantes de África tem poucos conhecimentos sobre o clima. Mas num continente frequentemente atingido por fenómenos meteorológicos extremos, saber a previsão pode salvar vidas.
Grande parte da população em África tem poucos conhecimentos prévios sobre fenómenos atmosféricos, condições meteorológicas adversas e comportamentos preventivos. Isso é especialmente crítico numa região frequentemente atingida por fenómenos extremos, como inundações, secas e tempestades de areia.
Segundo Victor Ongoma, professor assistente de Alterações Climáticas na Universidade Politécnica Mohammed VI, em Marrocos, há uma pressão crescente para fornecer previsões meteorológicas mais precisas e atempadas em África.
"Há também pressão sobre os fornecedores de serviços meteorológicos para que forneçam previsões meteorológicas mais fiáveis e precisas, fiáveis e atempadas. Por isso, posso dizer que há um aumento em termos de qualidade e de tempo das previsões meteorológicas", esclareceu.
"Mas ainda não chegámos a esse ponto. Ainda está abaixo da média, mas estão a ser feitos muitos esforços e tenho esperança de que as coisas melhorem com o tempo", acrescentou.
Mais vulneráveis
Os países africanos são especialmente vulneráveis a fenómenos meteorológicos graves. Na África Ocidental, por exemplo, mais de 70% da população é afetada pelo menos uma vez a cada dois anos por eventos como inundações e secas. E a falta de sistemas de alerta eficazes tem consequências dramáticas.
Nas últimas duas décadas, o número médio de mortes causadas por inundações em África é quatro vezes maior do que na Europa ou na América do Norte.
Além disso, os modelos globais usados para prever os fenómenos atmosféricos não se ajustam bem às particularidades climáticas africanas.
Segundo o cientista climático Benjamin Lamptey, professor convidado de meteorologia na Universidade de Leeds, no Reino Unido, esses modelos não incorporam os sistemas meteorológicos africanos.
"A principal desvantagem é o facto de a maioria destes modelos não incorporar os sistemas meteorológicos africanos. Foram desenvolvidos para o Norte global, foram desenvolvidos para latitudes médias. Não basta desenvolver coisas no Norte global e transferi-las para o Sul global. Tem de haver um envolvimento dos africanos no desenvolvimento do que quer que tenha sido feito", frisou.
Progressos significativos
Apesar dos desafios, há sinais de progresso. No Gana, por exemplo, as previsões meteorológicas melhoraram significativamente.
Jeffrey N.A. Aryee, especialista em clima da Universidade de Ciência e Tecnologia Kwame Nkrumah, destaca que as previsões são hoje mais realistas.
"Na altura, lembro-me que as pessoas se queixavam sempre do facto de as previsões não serem muito realistas. Faziam uma previsão e depois parecia que estava muito longe do que realmente se previa. Mas a situação melhorou muito, digamos assim", considerou.
Os avanços tecnológicos e a digitalização de dados meteorológicos históricos estão a ajudar a preencher as lacunas relacionadas com a previsão de fenómenos naturais extremos. E em 2023, o número de estações meteorológicas de superfície em África quase duplicou.
Sem comentários:
Enviar um comentário