segunda-feira, 6 de maio de 2024

Portugal | MARCELO TRAIDOR PORQUÊ? POR DIZER O ÓBVIO?

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, disse há poucos dias atrás que Portugal devia ressarcir e pedir desculpa aos povos e países que durante alguns séculos colonizamos e roubámos - não disse exatamente por estas palavras mas sim em modo diplomático. À laia de damas ofendidas vimos os partidos portugueses a contestar a ideia porque "não era o tempo para isso", "os de agora é que têm de ressarcir o que em outras gerações anteriores fizeram de errado?" Que não... As razões para que não procedam com justiça e reconheçam as desumanidades, crimes e roubos praticadas contra povos e países que antepassados lusos cometeram são inúmeras... Mas com bases esfarrapadas características de racistas e maus pagadores. Pior, ainda há mais.

O líder do nazi-fascismo-racista protagonizado pelo Chega sai à baila acusando Marcelo de traidor à Pátria por ter dito o óbvio que há tanto tempo sabemos ser a resolução certa e que vergonhozamente devemos aos ex-colonizados, países e respectivos povos. 

Não só o Chega nazi-fascista da tempera de Salazar ou de Hitler assume que não devemos ressarcir justamente os lesados, escravizados e roubados por portugueses que ocuparam aqueles países e povos africanos, brasileiros e asiáticos. Também outros partidos da direita, como a AD (PSD,CDS, PPM) e a Iniciativa Liberal não querem reconhecer as desumanidades e os crimes praticados antanho. E tudo o que tiver custos em dinheiro nem pensar... São os criminosos iguais aos de antigamente. São os filhos, netos e treta-netos dos colonialistas transbordados de desumanidades e sérios laivos de ladrões que diziam e cantavam, por exemplo, "Angola é Nossa". Toda essa seita criminosa e arrogante que beneficiou da ocupação e maus-tratos dos povos dessas colónias. Daí roubaram, por exemplo, a dignidade dos povos, o ouro, prata, os diamantes, o sândalo, a teca, o mogno, a macacaúba, o pau-santo, as opalas, as pérolas, toneladas de minerais, o chá, o café, o petróleo, as roças (terrenos), o suor dos corpos escravizados... Os cadáveres de homens, mulheres e crianças (algumas ainda fetos retiradas à faca dos ventres das mães)... E mais, e mais, e mais. Chacinas, roubos, maus-tratos, exploração e esclavagismo em vigor durante séculos... A verdade foi e é essa, senhores colonial-fascistas, cobardolas e oportunistas.

Também o Partido dito Socialista deixa perceber que agora não é tempo para Marcelo vir com essas "conversas"... Exatamente agora, que sabemos há décadas que é mais que tempo para se assumirem os graves erros praticados pelo colonialismo e pelos colonialistas portugueses em vários continentes do globo terrestre. Algo muito reprovável que foi cometido por portugueses e que deve ser reparado. Os povos e países colonizados merecem tal reconhecimento desses crimes do passado. 

Marcelo Rebelo de Sousa trouxe visibilidade à questão. Ainda bem. Acto de homem digno. Acusá-lo de traição é retórica de falsos-ignorantes que dizem que não viram com os seus próprios olhos a pática dos crimes constantes ou que nem sequer querem pensar nisso. Cobardemente, criminosamente.

Marcelo só disse o óbvio. Em vez do sururu que muitos estão a fazer para fugir às suas responsabilidades pelos crimes então cometidos e constantes nos cardápios da história e da memória, importa apurar o tema, discuti-lo e reparar o errado, o mal praticado pelos nossos antepassados e muitos outros que ainda hoje estão vivos apesar de avançada idade. Esses, os seus filhos e netos que por aí andam, possuidores de fortunas e de grandes empresas que são fruto dos crimes que foram cometidos por seus pais e avós. Não é difícil saber quem são esses herdeiros de criminosos e ladrões de fortunas alheias. A comunicação social tem trabalho importante a fazer e a torná-lo público. Divulgue-se quem foi quem e, atualmente, quem é quem. 

Marcelo, presidente da República, disse apenas o óbvio. A traição é a dos que não querem reconhecer os crimes e desumanidades praticados. Cobardia, além de traição à humanidade vitimada pelo império colonial-fascista-racista português vilmente ocupado pelos quatro cantos do mundo.

Ganhe-se coragem. Abandonem-se argumentos fúteis e inexatos. Reconheça-se o óbvio. Sejamos honestos.

Mário Motta | Redação PG

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