Artur Queiroz*, Luanda
“Os antigos movimentos de libertação no poder em vários países da África Austral se encontram esgotados (…) acabaram por perder a confiança dos seus antigos apoiantes e eleitores e por não ganhar a das gerações mais jovens”. Para cumprir a palavra dada a um amigo, não vou escrever o nome do autor destas frases. Digo que é o ideólogo de partidos viciados na derrota e na extinção por falta de votos.
Um deles, o Bloco Democrático, elegeu dirigentes nas listas da UNITA que tendo lutado ao lado dos colonialistas contra a Independência Nacional, não pode ser considerada “movimento de libertação”. Portanto, não está esgotada. São políticos destes que condenam Angola à mediocridade e ao subdesenvolvimento perpétuo!
Na África Austral existem
movimentos de libertação no poder. MPLA
Na Namíbia está no poder a SWAPO. Ganhou todas as eleições até hoje. Nas últimas, o seu candidato presidencial, o falecido Presidente Hage Geingob, obteve 56,25 por cento dos votos válidos. O candidato Panduleni fiou em segundo lugar com apenas 29,3 por cento dos votos. Glória aos esgotados!
No Zimbabwe está no poder a União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-PF). Conquistou nas últimas eleições (contando umas intercalares) 144 dos 210 lugares na Assembleia Nacional. Estes esgotados têm deputados que lhes permitem alterações constitucionais!
Em Moçambique está no poder o movimento de libertação FRELIMO. Esgotadíssimo. Ganhou todas as eleições com maioria absoluta. A RENAMO, uma espécie de UNITA mas um pouco mais civilizada, nunca ganhou nada. Nem juízo.
Na África do Sul está no poder o movimento der libertação ANC. Tem ganho todas as eleições com maioria absoluta. Nas próximas vamos ver. Cisões no seio do ANC podem retirar-lhe essa maioria. Um dos novos partidos o uMkhonto we Sizwe (MKP) liderado por Jacob Zuma, um dos mais importantes líderes africanos, acaba de ser impedido a concorrer às próximas eleições. Mas a decisão é passível de recurso. Seja como for, o ANC já deu mais dois movimentos revolucionários. Os resultados finais ficam em casa.
A tese de que “Os antigos movimentos de libertação no poder em vários países da África Austral se encontram esgotados” nasceu nos EUA. Os inquilinos da Casa Branca vão mais longe e defendem que todos os partidos que conduziram os países africanos à Independência Nacional estão esgotados. E África só progride quando saírem do poder. O Presidente Clinton pediu ao Presidente José Eduardo dos Santos que o ajudasse a fazer esse “saneamento”. E ele respondeu que jamais faria isso porque pensava o contrário: Sem esses partidos, África fica escravizada para sempre. O ideólogo de partidos angolanos que não conseguem votos, amplifica a voz do estado terrorista mais perigoso do mundo!
O “esgotamento” dos movimentos de libertação na África Austral é uma etapa mais fina. Porque o ideólogo que escreveu esta barbaridade no Novo Jornal faz parte daquele grupo de oportunistas descabelados que depois de sacarem tachos e mordomias, contas bancárias recheadas, teres e haveres sem limites, começaram a defender algo muito pior. Os guerrilheiros do MPLA, os Heróis que ousaram pegar em armas contra o colonialismo, “estragaram tudo”. São classificados como analfabetos!
Estão enganados. Os patriotas que fizeram a Luta Armada de Libertação Nacional eram todos professores doutores no gatilho. Os granadeiros eram mestres em tirar a cavilha das granadas. Os sabotadores eram licenciados em minas e armadilhas explosivas. Nos areais do Leste de Angola fizeram voar os camiões Berliet e os jipes Hunimog da tropa portuguesa. Os militantes clandestinos arriscaram a liberdade e a vida distribuindo panfletos e doutrinando as massas populares. Os nossos dirigentes eram catedráticos na coragem, na abnegação, na inteligência.
O ideólogo do Bloco Democrático que nem merece ter nome, quer no poder partidos que tiveram 0.3 por cento dos votos, como a Frente para a Democracia (FpD). Ou votos nenhuns. Porque o MPLA está esgotado. Pobre país que não respeita a sua História nem os Heróis Nacionais! Graças ao Presidente João Lourenço e o seu comandante da tropa de choque, chefe Miala, sipaio da Damba.
Hoje o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) pôs em cena uma peça empolgante. Karim Kahn chamou a CNN (canal de televisão da CIA) para informar que os juízes estão a apreciar um mandado de captura contra Netanyahu o e o seu ministro da Defesa Yoav Gallant. São acusados de crimes de guerra, crimes contra a Humanidade, ”extermínio, causar fome como arma de arremesso em guerra, negar ajuda humanitária e matar deliberadamente civis na zona do conflito". A Casa Branca entrou logo em campo e disse que não aceita esta decisão! Ordens do patrão estão dadas. O resto é teatro.
Um Tribunal de Londres prolongou a prisão perpétua, numa cadeia de alta segurança, ao jornalista Julian Assange. Já está preso há 14 anos e continua. Destruíram-no por ter exercido a Liberdade de Imprensa! O ocidente alargado censura os Media russos. Mata ou prende jornalistas. E depois dizem que os outros são autocratas!
O Presidente do Irão, Ebrahim Raisi, e o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amirabdollahian, faleceram num desastre de aviação. Causas? O estado terrorista mais perigoso do mundo sabe, de certeza certa. O seu sargento exterminador no Médio Oriente, Israel, também sabe.
Hoje envio em anexo um texto da jornalista Augusta Conchiglia sobre a morte idêntica do Presidente Samora Machel e do jornalista Aquino de Bragança, meu amigo. Tirem as vossas conclusões sobre o acidente no qual morreram altos dirigentes iranianos.
* Jornalista
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