Artur Queiroz*, Luanda
Uma “historiadora” da carochinha pôs em marcha o comboio da mentira e do oportunismo ao escrever um livro intitulado “Purga em Angola” sobre o golpe militar de 27 de Maio de 1977. Na época publiquei um texto de opinião no Jornal de Angola intitulado “Os Excrementos da Cabrita” onde denunciei todas as aldrabices, algumas ridículas. A autora descreve uma reunião no Palácio da Cidade Alta entre Agostinho Neto e sua irmã, a propósito da detenção do seu sobrinho “Felito”. A conversa foi transmitida por Justino Pinto de Andrade que estava preso! Tudo lhes serviu para se vingarem de Agostinho Neto e do MPLA.
O único jornalista estrangeiro que no dia 27 de Maio de 1977 estava de passagem por Angola a fazer uma série de reportagens, era Bessa Múrias, ao serviço do semanário português “O Jornal”. Nos despachos para Lisboa ele reportou a existência de postos de controlo dos golpistas na Baixa de Luanda, um deles entre os hotéis Trópico e Tivoli. Entrevistou e fotografou golpistas armados até aos dentes. Fotografou tanques nas ruas, nas mãos dos golpistas. Os “académicos” e historiadores da carochinha que publicaram livros sobre o 27 de Maio nunca citam as reportagens de Manuel Bessa Múrias.
O jornal português “Página Um” nasceu da plataforma política que apoiou a candidatura de Otelo Saraiva de Carvalho à Presidência da República Portuguesa. Este diário alternava o primeiro lugar de audiências em Lisboa, com o Diário de Noticias. E só não tinha a mesma posição em todo o país porque a distribuição era deficiente.
Este foi o único órgão de comunicação social português que fez a cobertura completa do 27 de Maio. Todos os dias, durante dois meses! Publicou documentos autênticos fornecidos por fontes oficiais. Publicou os depoimentos dos membros da direcção política e militar do golpe, no Tribunal Marcial ou Conselho de Guerra. A cobertura do acontecimento só deixou de ser diária quando José Van-Dúnem e Cita Vales foram detidos. Os “académicos” e historiadores da carochinha nem uma só vez citaram o jornal “Página Um” nos seus delírios e aldrabices.
Dalila Cabrita, nos excrementos soltos ao longo das páginas do livro “Purga em Angola” cita-me de uma forma criminosa. No dia 28 de Maio de 1977 publiquei um texto no jornal “Diário Popular” a convite de Acácio Barradas, o chefe de Redacção desse vespertino. Título do meu texto: “A Revolta dos Racistas”. A historiadora da carochinha retirou uma frase desse texto e fez de mim um corroborador das suas aldrabices! O dinheiro cega todos os orifícios desta gentalha. Vendem a honra por uns trocos. Respondi a esse crime com o tal texto “Os Excrementos da Cabrita”.
Antes dela, outra cabrita apresentou Cita Vales como um a grande heroína angolana. Tive que publicar no Jornal de Angola um texto onde expliquei a sua trajectória. Foi estudar Medicina para Portugal, antes do 25 de Abril, onde aderiu à União dos Estudantes Comunistas (UEC) braço juvenil do Partido Comunista Português. Em 1975, vários militantes comunistas vieram ajudar no combate aos esquadrões da morte e aos exércitos invasores. Ela foi uma dessas militantes.
No final de 1976 foi expulsa do MPLA. Tinha um ano de militância no Departamento de Organização de Massas (DOM) do movimento. Resolveu voltar a estudar Medicina na Faculdade da Universidade Agostinho Neto. Ao mesmo tempo participava nos preparativos do golpe militar. Em 1977 foi presa, julgada em Conselho de Guerra, condenada e fuzilada. Uns tantos meses de actividade política em Angola com uma alta traição e já está feita uma heroína. Os golpistas assassinos de ontem, hoje são comediantes com pouco talento.
O 27 de Maio de 1977 foi um golpe de estado militar. Os golpistas prenderam, torturaram e mataram. Decapitaram o Estado-Maior das forças armadas de um país em guerra contra invasores estrangeiros. Mataram o ministro das Finanças, Saidy Mingas, porque ele matou o escudo colonial e lançou o Kwanza, a nossa moeda. Quem saqueou bancos e empresas e tinha em casa escudos, ficou sem nada porque as notas nem serviam para papel higiénico. A Operação Kwanza fez muitos inimigos a Agostinho Neto e aos seus companheiros de luta.
Hoje um aldrabão encartado, Silva Mateus, presidiu a uma “cerimónia” de homenagem aos assassinos golpistas. Este mentiroso disse à rádio da UNITA que o almirante Risa Coutinho é cunhado de Agostinho Neto, irmão de Maria Eugénia Neto! Mas continua de braço dado com o chefe Miala. E hoje teve tempo de antena na TPA, coutada do sipaio da Jamba. Se Marcy Lopes tem alguma coisa a ver com o Ministério da Justiça deve informar o Povo Angolano disto: Quantas famílias reclamaram certidões de óbito, até hoje. É que os aldrabões já chamam à repressão do golpe de estado um “genocídio” e falam na morte de 80.000 pessoas!
O comboio do oportunismo hoje virou comboio do populismo. O que estão a fazer com o ministro do Transportes é criminoso. Todos falam de um contrato da compra de autocarros, sem conhecerem os termos exactos desse documento. Mas quem está minimamente informado sabe que muitos contratos têm contrapartidas. E se alguém excluir essa parte para fazer baixa política, tem resultados fáceis e imediatos.
Ricardo de Abreu fez aquilo que eu defendo há décadas. Neste negócio dos machimbombos contratou a instalação de uma fábrica de montagem das viaturas. Está certíssimo. Quando os machimbombos agora comprados acabarem a sua vida útil, já não vai ser necessário importar mais. Vamos ter a circular os nossos machimbombos.
E como fica isso dos ajustes directos? O comboio do populismo avança a alta velocidade. Angola tem muitas debilidades em recursos humanos a todos os níveis. As instituições do Estado, por isso, emperram. Em Angola tudo o que faz falta urgentemente não é para ontem. Já devia estar feito há pelo menos 40 anos. Nestas circunstâncias, bem reais, os ajustes directos fazem sentido. Estão mais do que justificados. Ajuste directo é uma solução inteligente para contornar as teias da burocracia e superar o défice gritante de recursos humanos.
Nas últimas eleições, o MPLA teve mais de 51 por cento dos votos e entre a abstenção ficaram mais 20 ou 30 por cento. O Presidente da República e Titular do Poder Executivo tem a confiança da maioria absoluta dos eleitores. Está legitimado pelo voto popular. Confiemos nele e nos ajustes directos. Não entrem no comboio do populismo. Não comam o banquete podre do Carlos Rosado de Carvalho e do Rafael Marques. Esses só ventilam porcaria e lixo.
* Jornalista
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