quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Desporto de Escola e Bairro -- Artur Queiroz


Artur Queiroz*, Luanda

O clube do meu bairro é o “Vila”. Um dia Simões apareceu com um saco de bolas para jogar basquetebol e juntou a miudagem no quintalão da Liga Nacional Africana, onde já existiam duas tabelas. O Mais Velho Pereira do Nascimento cooperou com o projecto de Daniel Leite para fomentar o desporto escolar e nas comunidades. Foi o antigo professor de Educação Física do Liceu Salvador Correia que criou os torneios de futebol nos bairros suburbanos, patrocinados pela cervejeira Cuca, onde pontificava Justino Fernandes, o maior defesa central do mundo e a joia do ASA, enquanto foi atleta no activo. 

Aquele saco de bolas, o treinador Simões e os miúdos que o seguiram, fizeram do Clube da Vila Clotilde uma potência do basquetebol angolano. Chegaram a campeões de Angola. Antes só era conhecido pelas farras de sábado à noite. Nos campeonatos de futebol entre os bairros suburbanos nasceram grandes estrelas, como Dinis, o Brinca na Areia, mais tarde estrela fulgente do Sporingé de Portugal. 

A verdade é que o desporto escolar em Angola nunca pegou. Faltavam pavilhões desportivos e técnicos. Não bastavam os professores de educação física das escolas de ensino médio. Luanda tinha os pavilhões gimnodesportivos do Sporingé, Ferrovia e Benfica. Já nos anos 70 foi inaugurado o pavilhão do Centro Desportivo Universitário de Luanda (também chegaram a campeões de basquetebol) e da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra, no Rio Seco. Nas capitais distritais, o panorama era ainda mais pobre. Na cidade do Uíje tínhamos o complexo desportivo da piscina, coisa de luxo. Está em ruínas. E o governador não vai preso!

Hoje o ministro Rui Falcão inaugurou cinco espaços desportivos no Instituto Médio de Economia de Luanda. Uma maravilha. Numa quadra os estudantes jogavam futebol de salão, noutra jogavam ténis e noutra, voleibol. Se todas as escolas médias de Angola tiverem as mesmas estruturas, dentro de 20 anos somos a maior potência desportiva do mundo.

Grande responsabilidade para o ministro da Juventude e Desporto. Mas ele está à altura. Vai acontecer. Por favor, não oiça a Dona Vera Daves porque ela confunde velocidade com precipitação e dívida com calote. Relações económicas com vigarices. À direcção do IMEL deixo um apelo: Garantam a manutenção diária dos equipamentos! Ensinem os estudantes a tratarem bem as suas instalações desportivas.

Angola precisa muito do desporto escolar. As comunidades precisam de espaços desportivos. Aos milhares. Não façam como na Saúde. Os Media públicos reportam cirurgias robóticas num país onde morrem dezenas de crianças por dia, porque não têm um médico de clínica geral, um enfermeiro ou três comprimidos para tratar a malária. Uma boa ideia era abrir no Palácio da Cidade Alta um consultório permanente de psiquiatria para assistir o Presidente e seus ajudantes do Executivo, sobretudo a senhora ministra da Saúde. Cuidados primários são prioritários, excelências. Dão pouco dinheiro em comissões, mas salvam muita gente.

O genocida Blinken sempre que vai a Israel é para combinar uma escalada no genocídio dos nazis de Telavive na Palestina. Já nem disfarçam! Na sua última viagem organizou o ataque ao Irão e a proibição das actividades da agência que apoia os refugiados palestinos (UNRWA), ao serviço das Nações Unidas. A tragédia humanitária na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada vai atingir o ponto de não retorno. Genocídio ou limpeza étnica escolham.

A UNRWA apoia os refugiados palestinos há 70 anos. Tem no terreno 18.000 funcionários entre a Cisjordânia ocupada e a Faixa de Gaza. Além dos trabalhadores humanitários tem 13.000 professores e 1.500 profissionais de saúde. Não pode ser, gemem as hienas da Casa dos Brancos. Ai que horror, lamuriam os nazis que mandam na União Europeia. Mas por trás da cortina aplaudem a decisão dos nazis de Telavive e apoiam o genocídio com dinheiro e armas.

Hitler decidiu exterminar os judeus. O mundo fingiu que não percebeu. Na hora da derrota dos nazis alemães todos fingiram que não sabiam dos campos de extermínio, das câmaras de gás, das deportações forçadas. Alguns criminosos nazis foram para os EUA antes dos julgamentos no Tribunal de Nuremberga e reciclados como democratas ou republicanos.

Todos continuam a fingir que ficaram horrorizados com o Holocausto. Hoje fingem que não aprovam o genocídio na Palestina. E escondem que apoiam os nazis de Telavive. Por isso o resultado das eleições nos EUA não interessa nada. Kamala Harris é genocida mas finge que não é. Trump é genocida e mostra o pau. 

A OTAN (ou NATO) e a Casa doa Brancos ameaçam com a guerra total, porque 10.000 soldados da Coreia do Norte estão na região administrativa de Kursk (território da Federação Russa) Os Media ocidentais garantem que os militares norte-coreanos são magrinhos e estão subalimentados. Querem um pretexto para dispararem as suas armas de longo alcance contra os russos. 

O sistema está no fim mas não vai cair sem guerra. Enfim, entre mortos e feridos alguém vai escapar ao enterro do dólar e ao fim do mundo unipolar. Joe Biden e seu amigo João Lourenço têm garantido um lugar fofo no caixote do lixo da História

* Jornalista

- vídeo em Youtube: O Que Essas Crianças Fazem Com a Bola Na Rua é Incrível

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