sábado, 17 de fevereiro de 2024

Angola | Os Milagres dos Falidos – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

OS EUA despacham milhares de milhões para a Ucrânia e Israel. Despejam fortunas em todos os países que se ajoelham aos pés do estado terrorista mais perigoso do mundo. Os gringos têm minas inesgotáveis de notas e moedas! Um milagre mais notável do que transformar água em vinho ou pôr cegos a ver e coxos a correr. 

Milagre sim. Porque a dívida pública dos EUA no final de 2023 bateu todos os recordes e ultrapassou os 34 triliões de dólares! Nos últimos três meses subiu mais de um trilião! Estes números são do Departamento do Tesouro dos EUA, não foram apurados pela Dona Vera Daves e o seu parceiro General Foge a Tempo. Mesmo assim, FMI, Banco Mundial, todos os Media do ocidente alargado dizem que os Estados Unidos da América têm a primeira economia no mundo. Milagre mais milagroso não há.

Mas isto ainda é pouco. A Alemanha está em recessão há mais de meio ano. Falência. Motor gripado da União Europeia. Faz mais fumo do que fogo. Os nazis já se posicionam para repetir os horrores do “III Reich”. Toda a Europa está a ser assaltada por partidos nazis. Falta pouco para a extrema-direita dominar em todos os Estados europeus. Em Portugal os nazis racistas e xenófobos do partido Chega têm o apoio claríssimo de agentes do Poder Judicial, polícias, militares da GNR e jornalistas. A Alemanha falida ultrapassou o Japão e este ano guindou-se a terceira economia do mundo faz de conta deles!

O Japão é considerado o país mais industrializado do mundo. Era terceiro passou para quarto! Vejam bem como vai o ocidente alargado. Os falidos alemães ultrapassaram os japoneses. EUA falidíssimos. Alemães igualmente. Japoneses em decomposição. Logo a seguir à Alemanha vem o Reino Unido. O governo de Londres acaba de anunciar que o país entrou em recessão. França e Itália estão na corda bamba. Entre as dez maiores economias do mundo só China, Índia e Brasil estão saudáveis. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS). A nova ordem mundial está em marcha.

A complexa luta dos agricultores europeus

Protestos espalham-se pelo continente e ultradireita tenta capturá-los. Mas eles rejeitam a concentração de riquezas, financeirização do campo e o endividamento – e querem mercados regulados e transição energética com apoio dos Estados

Sergio Ferrari | Outras Palavras | Tradução: Rose Lima

O protesto foi, particularmente, pronunciado na Alemanha e na França, embora também tenha havido grandes manifestações na Bélgica, na Romênia e na Polônia, bem como na Itália, começando pela Sicília, e se espalharam para o norte. Na terça-feira (30), manifestações ocorreram nos arredores de Milão. Quarta e quinta-feira em outras cidades. Para a segunda semana do mês, eles antecipam o “cerco de Roma”, ou seja, uma mobilização maciça de agricultores em direção à capital italiana. O conflito também pode se alastrar, no curtíssimo prazo, para a Espanha e para outros países do continente, nesta primeira quinzena do mês em que o campo volta a estar em pé de guerra em boa parte do continente.

Na segunda-feira (29), organizações do setor rural francês pediram o “cerco de Paris” e bloquearam oito pontos estratégicos de algumas das rodovias que dão acesso à capital. Segundo o jornal Le Monde, a rodovia A4 foi interditada ao início da tarde e em ambos os sentidos a cerca de 30 quilômetros a leste da capital. Os agricultores anunciaram que vão manter a greve até que o governo responda às suas reivindicações. O diário francês citou um dos promotores do protesto: “O cerco a Paris, uma ação simbólica… Tudo está organizado milimetricamente e não aceitaremos nenhum transbordamento. Sabemos quando começa, mas não sabemos quando vai acabar”. Com o passar da semana, a medida continuou e, inclusive, se ampliou.

Ao mesmo tempo em que várias das principais estradas da França estavam paralisadas, os protestos agrícolas voltavam com força para várias regiões da Alemanha, onde agricultores bloquearam estradas que levam a vários portos. Entre eles, o de Hamburgo, o mais importante do país, e o da Baixa Saxônia, o acesso a Jade-Weser-Port, perto da cidade de Wilhelmshaven.

Na quinta-feira, 1º de fevereiro, centenas de agricultores de diferentes países com seus tratores e meios de transporte se reuniram em frente à sede das instituições europeias em Bruxelas, em um dia de grande tensão, violência e total descontrole do trânsito da capital. Os manifestantes conseguiram ser atendidos pelas mais altas autoridades do continente preocupadas com a mobilização continental do campo, particularmente em ano eleitoral, já que, em junho próximo, haverá eleições para o Parlamento Europeu.

Portugal | CHOQUES, MILAGRES E ACIDENTES

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Esta semana, à saída de uma reunião da CDU com o Movimento Erradicar a Pobreza, Paulo Raimundo disse com a-propósito: “precisamos, não de choques fiscais, mas sim de choques salariais”. É uma síntese bem formulada sobre um dos problemas centrais do país. As políticas de baixos salários tornam acidentada a vida de grande parte dos portugueses: provocam um nível de vida carregado de privações materiais, culturais e de participação cívica; sujeitam a juventude à emigração forçada exaurindo o país nos planos demográfico e económico; geram revoltas e frustrações que desacreditam a democracia; e vão cavando mais e mais desigualdades e pobreza.

Quase todos os atores políticos e económicos afirmam ser necessário o crescimento dos salários. Existem pronunciamentos (até do presidente da CIP em várias entrevistas) que convergem na constatação de que o valor médio dos salários de quem trabalha em Portugal devia estar entre 15% e 20% acima do seu valor atual. Contudo, os salários reais não têm crescido. A fragilidade da negociação coletiva que se arrasta, com pequenas oscilações, desde 2003 e as manipulações mais recentes (de setores patronais e do Governo) visando substituir o conceito de salário pelo de rendimento disponível por trabalhador têm atropelado as hipóteses de se pôr em marcha a melhoria dos salários.

Não é nova a ideia do “choque fiscal” como cura de todos os males, também dos salários baixos. Em 2002 o PSD anunciou o seu “choque”, mas tudo terminou reduzido ao aumento do IVA pouco tempo depois. Entretanto, foi cirúrgico nas alterações à legislação laboral para alavancar políticas de desvalorização salarial.

Na atual campanha eleitoral, o PSD acompanhado de toda a Direita, recupera as propostas da CIP de falsos aumentos salariais. O truque assenta em duas manobras: i) o Estado, aplicando o “choque fiscal”, abdica de receber impostos sobre o trabalho e os trabalhadores abdicam de parte das suas pensões futuras - pormenor de que os promotores se esquecem sempre de explicar; ii) os trabalhadores aceitam substituir aumentos salariais contratuais, que os empresários não podem pôr em causa unilateralmente (nem nenhum tribunal), por prémios e contrapartidas que os patrões podem reverter a qualquer momento (e a que os tribunais não se poderão opor) invocando dificuldades das empresas, verdadeiras ou falsas.

Portugal | OS TERRORISTAS

Henrique Monteiro | HenriCartoon

 

Deputados devem opôr-se ao acordo de armas nucleares entre EUA e Reino Unido

Um acordo de armas nucleares pouco conhecido, mas de longa data, entre Washington e Londres está em fase de renovação – e deve ser contestado.

Kate Hudson* | Declassified UK | # Traduzido em português do Brasil

A “relação especial” é um refrão de longa data na política britânica, usado para justificar tantas coisas negativas nas escolhas de política externa do Reino Unido.

Lembro-me de que, em 2002, Tony Blair concordou que a Grã-Bretanha tinha de pagar um “preço de sangue” para garantir a sua relação especial com os EUA. Todos nós sabemos como isso acabou. 

Mas não foi Blair quem pagou o preço de sangue – foram 179 militares britânicos, mortos numa guerra ilegal, e centenas de milhares de iraquianos, e incontáveis ​​outros feridos, deslocados e traumatizados.

Muito do que alimenta a guerra pode ser atribuído à relação especial EUA/Reino Unido, mas vai muito além de fornecer cobertura diplomática e militar e assistência às empresas dos EUA. 

Essa relação é também responsável pelo desenvolvimento do arsenal nuclear do Reino Unido e pela continuação da sua posse destas armas de destruição maciça. 

A relação nuclear especial é facilitada pelo Acordo de Defesa Mútua (MDA) EUA-Reino Unido – o acordo de partilha nuclear mais extenso do mundo. 

Embora seja renovado no parlamento a cada dez anos, poucos parecem saber da sua existência.  

Nem muitos sabem até que ponto isso nos torna dependentes dos EUA – ou mesmo que sustenta o relacionamento mais amplo entre os EUA e o Reino Unido.

Separando fato e ficção em meio a relatórios alarmistas sobre armas nucleares russas

André Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

A opção mais racional seria pressionar a Ucrânia a reiniciar as conversações de paz com vista a pôr termo ao conflito e a retomar posteriormente as conversações sobre o controlo de armas. O problema é que a racionalidade não prevaleceu até agora, uma vez que políticas arriscadas de soma zero e orientadas ideologicamente têm precedência entre os decisores políticos dos EUA hoje em dia.

Os norte-americanos ficaram aterrorizados por um breve momento depois de um congressista republicano ter twittado enigmaticamente sobre a existência de uma ameaça urgente à segurança nacional, mas mais tarde descobriu-se que estavam a exagerar o impacto das novas informações de inteligência sobre o alegado programa de armas espaciais da Rússia. A maioria dos relatórios sobre informações confidenciais dos legisladores sobre este assunto conclui que a arma anti-satélite no centro deste escândalo, que pode ser nuclear ou movida a energia nuclear , ainda não foi implantada e poderá não o ser durante algum tempo.

O consenso emergente é que este congressista procurou exaltar a chamada “ameaça russa”, a fim de pressionar a Câmara a aprovar o projecto de lei aprovado pelo Senado que designa mais 60 mil milhões de dólares para a Ucrânia . No entanto, a sua façanha serviu para suscitar uma discussão sobre a militarização do espaço, e isto, por sua vez, levou previsivelmente a mais fomento do medo anti-Rússia. Na realidade, foram os EUA que iniciaram formalmente este processo de longa duração e até então não oficial através da criação da chamada “Força Espacial” por Trump.

O pretexto sob o qual esta decisão foi tomada foi que a Rússia e a China já estavam a militarizar secretamente o espaço, por isso fazia sentido, da perspectiva dos EUA, formalizar a última ronda desta “corrida”, a fim de garantir o máximo de financiamento público para os programas relacionados da América. que possível. Sobre a tendência acima mencionada, embora seja difícil discernir os factos da ficção, há uma lógica para aqueles dois explorarem meios criativos para neutralizar as comunicações espaciais e os sistemas de mira dos EUA.

Afinal de contas, uma parte significativa da sua força militar global depende de algum tipo de apoio baseado no espaço, sendo o GPS a forma mais conhecida, mas de forma alguma a única. No pior cenário de uma guerra quente entre eles, a incapacidade de, pelo menos, interferir com o funcionamento destes sistemas permitiria à América manter a sua vantagem estratégica, aumentando assim as probabilidades de esses países perderem. Dito isto, os seus programas permanecem secretos e nenhum detalhe importante foi confirmado.

Putin não tinha motivos para matar Navalny. Ocidente tem todos motivos para mentir

O momento não poderia ter sido pior do ponto de vista dos interesses do Estado russo.

André Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

A morte de Alexey Navalny numa prisão do Ártico na sexta-feira, que foi provisoriamente atribuída a um coágulo sanguíneo , desencadeou outra ronda global de guerra de informação anti-Rússia. Autoridades ocidentais afirmaram, poucos minutos após a notícia, que o presidente Putin era responsável pela sua morte, mas ele não tinha motivos para matá-lo, enquanto o Ocidente tem todos os motivos para mentir sobre isso. O presente artigo apresentará alguns argumentos em apoio a essas teses interligadas.

O momento não poderia ter sido pior do ponto de vista dos interesses do Estado russo. As eleições presidenciais serão realizadas dentro de um mês e o titular preferiria uma participação tão elevada quanto possível, mas agora alguns membros enganados do eleitorado, que normalmente não boicotariam a votação, poderão ficar de fora em protesto. Previsivelmente, o Ocidente interpretará qualquer redução da participação que possa resultar disto como uma deslegitimação do mandato do Presidente Putin quando ele ganhar outro mandato, como esperado.

Além disso, as manifestações não autorizadas que tiveram lugar em algumas cidades russas para lamentar Navalny levaram as autoridades a deter alguns dos participantes, o que o Ocidente irá explorar na prossecução dos objectivos acima mencionados. Nenhum dos resultados conduzirá a qualquer agitação grave ou perturbará o processo político dentro da Rússia, mas a sua importância reside no quanto poderão continuar a desencadear operações de guerra de informação anti-russa dentro do próprio Ocidente.

É aí que reside o significado imediato das suas mentiras, uma vez que visam gerar mais apoio para a ajuda financeira e militar à Ucrânia . Não há qualquer ligação entre a morte de Navalny e esse conflito, mas já está a ser espalhada a narrativa de que aprovar mais ajuda é supostamente a melhor forma de irritar o Presidente Putin. Também é fortuito, do ponto de vista do Ocidente, que ele tenha morrido enquanto a sua elite estava em Munique neste momento para a conferência de segurança deste ano, uma vez que agora podem facilmente coordenar estes planos.

Crocodilo chora por Navalny enquanto ignora Assange

Notas do limite da matriz narrativa

Caitlin Johnstone* | Caitlin Johnstone.com | # Traduzido em português do Brasil

Toda a classe política e mediática ocidental está actualmente a rasgar as suas vestes sobre a morte na prisão do líder da oposição russa Alexei Navalny, e está a ser acompanhada pelos cidadãos confusos da propaganda do império ocidental. Entretanto, o último esforço de Julian Assange para apelar contra a extradição para os Estados Unidos está a surgir dentro de poucos dias com uma pequena fracção da atenção.

Eu realmente não poderia ter uma opinião inferior sobre pessoas que preferem falar sobre a perseguição de Navalny num país distante que nada tem a ver com eles do que sobre Julian Assange sendo perseguido pelas mãos do seu próprio governo. É o comportamento mais patético e bajulador que se possa imaginar.

Ooh, sim, você é tão corajoso e arrogante, balançando o punho contra algum país do outro lado do planeta que não tem poder sobre o seu próprio país, enquanto se recusa a se opor à estrutura de poder sob a qual você realmente vive, enquanto isso mata lentamente um jornalista por expondo seus crimes de guerra. Baixista rastejante e adorador do poder. Absolutamente doentio.

Se você está em um país cujo governo participou da perseguição a Julian Assange, então você pode ir em frente e calar a boca sobre Navalny. Sempre que vejo pessoas gritando sobre a perseguição de jornalistas e presos políticos em outros países, quando eles próprios vivem numa nação cujo governo persegue Julian Assange, não posso deixar de pensar em Mateus 7:4-5,

“Como você pode dizer ao seu irmão: 'Deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando o tempo todo há uma trave no seu próprio olho? Hipócrita, tire primeiro a trave do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão”.

Angola | Kiombos e a Mágica Mirita – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O povo fez uma caçada com redes e cães. As crianças batiam latas e apitavam. Os adultos batiam com paus e catanas no chão. Algazarra ensurdecedora. Os animais selvagens eram empurrados para o rio Seke. Não tinham outro caminho. Depois daquele caçada, o senhor Moka salvou da mortandade uma cria de kipite que ainda mamava mas ficou sem a mãe. Ofereceu-me o bebé. Fazia-lhe leite em pó. Pedro Sumbula cortou paus e construímos uma paliçada. No canto do cercado, um telhado de capim e uma cama. 

O kipite adorava rama de batata-doce. Fizemos uma lavra junto à lagoa das cobras, alimentada por um fio de água cristalina que pingava noite e dia. Aquela era a água que bebíamos em casa. O animal estranhou quando fui para as aulas, no Uíge. Só voltei nas férias de Natal e ele dava-me marradinhas de alegria. Sentava-se ao meu lado. Seguia-me como se fosse a minha cadela Negrita. Finalmente tinha encontrado um amigo que não apontava o dedo e sentenciava: És um matumbo do mato! Até ir estudar para a cidade do Uíge vivi sempre no mato. Uma vantagem que poucos compreendiam. E ainda não compreendem!

Um dia fui à lavra apanhar rama e estava tudo destruído. Nem os nazis de Telavive conseguiam tanta destruição. Foram os kiombos que caíram na plantação, comeram e estragaram. Não ficou nada. O meu amigo António Kiangala disse que os javalis são assim, comem e estragam. Não deixam nada. São uns destruidores. Fizemos rapidamente nova plantação. O kipite foi criado com rama de batata-doce e não queria comer outra coisa. Era um caprichoso. E os kiombos vinham sempre, pela calada da noite, destruir as plantações!

Angola está a ser atacada furiosamente. Não fica nada em pé. Tudo o que foi criado no sonho da Liberdade, tudo o que nasceu da luta do Povo pela Dignidade é destruído. Afinal ainda há pior do que os ataques dos kilmbos às lavras. 

O nosso campeão da paz em África está em silêncio sobre o que se passa no Kivu. A cidade de Goma foi cercada por forças rebeldes. Milhares de pessoas fogem com as suas imbambas. Para trás ficam seus bens e os mortos. Angola tem no Leste da República Democrática do Congo uma força de paz. Mas agora há guerra aberta. 

Os militares angolanos vão ser força de guerra? Não sabemos. Ninguém informa. Porque a situação no terreno perturba o título de “campeão da paz”. Parece mentira mas é verdade. Há centenas de angolanos em missão de paz, caíram numa situação de guerra e não sabemos o que vai acontecer a seguir.

Angola | Retrato Desfocado dos Colonizados -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O colonizado tem muitos retratos nítidos ou desfocados. Se Frantz Fanon fosse vivo ficava confuso. Faz-nos falta saber com que cara e em que cenário ideológico se apresentam os descolonizados que ocupam o poder em África. Os movimentos independentistas puseram em primeiro lugar a Igualdade pela Justiça e a Autonomia pela Liberdade. Os seus herdeiros baniram esses valores. Condenaram os africanos à submissão perpétua. Milhões de seres humanos são espoliados violentamente dos seus direitos, liberdades e garantias.

A sociedade colonial era intoleravelmente injusta. Até uma criança dava conta das injustiças. Mas depois do 4 de Fevereiro de 1961, os próprios colonizadores davam sinais de que percebiam as monstruosidades que protagonizavam, apoiavam ou simplesmente aceitavam acriticamente. Alguns deles e seus filhos, ajudados pelo MPLA, perceberam que sem Liberdade não há Justiça e Angola nada tinha a ver com Portugal.

As primeiras pedradas no charco fétido do colonialismo, no início do século XX, foram dadas pelas forças independentistas que se uniram no MPLA. E tiveram o apoio militante de cidadãos portugueses que foram presos e expulsos da colónia. A médica Julieta Gandra foi um exemplo de coragem e abnegação. Nos anos 50 a vida de um negro nada valia. Mas depois do 4 de Fevereiro de 1961 tudo mudou. 

O juiz Albertino contrariou corajosamente as políticas de impunidade, até ser expulso de Angola por condenar colonos criminosos! Os crimes cometidos por taxistas, agentes da PSP e bufos da PIDE contra a população do Cazenga, no início dos anos 70, foram castigados com penas de prisão. Começava a despontar a Igualdade pela Justiça.   

Na fase da transição, entre 25 de Abril de 1974 e 11 de Novembro de 1975, um angolano tomou em mãos o sector da Justiça, Diógenes Boavida. Lançou os alicerces do Poder Judicial e começou a sua construção. Ele e Agostinho Neto lançaram o conceito Estado Revolucionário e de Direito. Criaram a Faculdade de Direito após a Independência Nacional.

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