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Lisboa, 24 mai (Lusa) - A construção da Biblioteca Nacional de Timor-Leste vai arrancar este ano, disse hoje o secretário de Estado da Cultura timorense, prevendo também que seja disponibilizada ao público a primeira base de dados do património cultural do país.
"A primeira pedra da Biblioteca Nacional de Timor-Leste deverá ser lançada em agosto", disse Virgílio Simith.
O secretário de Estado da Cultura de Timor-Leste falava à Agência Lusa à margem do colóquio "Timor: Missões Científicas e Antropologia Colonial", que decorre hoje e quarta-feira em Lisboa.
O responsável timorense explicou que a futura Biblioteca Nacional/Arquivo de Timor-Leste será construída em Aitarak Laran, no centro de Díli, e contará com o patrocínio de uma companhia ligada à exploração petrolífera em Timor-Leste.
Atualmente decorre, segundo Virgílio Simith, a formação dos recursos humanos que irão trabalhar na futura biblioteca, que numa primeira fase abrigará também o património que sobreviveu aos anos de luta pela independência e que mais tarde constituirá o espólio do futuro Museu Nacional de Timor-Leste.
Ainda durante este ano, o secretário de Estado espera poder tornar disponível ao público, através da Internet, a primeira base de dados sobre o património cultural timorense, cuja inventariação está a decorrer.
O Governo timorense aprovou em 2009 as linhas orientadoras da política nacional de cultura, um plano para 20 anos, que prevê ainda investimentos na área da língua e a construção de uma escola de artes recreativas, em parceria com o Colégio de Artes Recreativas de Queensland, em Brisbane, na Austrália.
"Há em Timor-Leste 16 línguas nacionais, mas estamos a centrar a atenção no desenvolvimento a nível nacional do tetum, queremos tornar o tetum uma língua moderna a par do português", disse Virgílio Simith, acrescentando que se pretende também preservar as línguas nacionais, que arriscam desaparecer devido à pressão de idiomas como o inglês ou o bahasa indonésio.
Relativamente ao português, o secretário de Estado sublinha a aposta na reintrodução da língua nas escolas timorenses, um processo iniciado em 2002 que deverá estar concluindo no próximo ano, abrangendo todos os níveis de ensino.
Virgílio Simith está em Portugal para participar no colóquio "Timor: Missões Científicas e Antropologia Colonial", uma parceria entre as equipas de investigação do Instituto de Investigação Científica Tropical e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
A iniciativa, que decorre durante dois dias no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, pretende dar visibilidade às pesquisas mais recentes sobre história da ciência portuguesa em Timor-Leste com o objetivo de promover o interesse pela História do país.
Paralelamente decorre a exposição "Timor: ciência, saberes e património através das coleções do Instituto de Investigação Científica Tropical", que reúne documentação escrita, cartográfica e fotográfica, bem como equipamento, material etnográfico e espécimes biológicos produzidos ou recolhidos durante missões cientificas em Timor-Leste entre 1950 e 1970.
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