Rui Miguel Melo – A Bola
A fragata D. Francisco de Almeida terminou esta terça-feira a participação na missão ‘Ocean Shield’ da NATO, na costa da Somália. Nos últimos três meses, o navio português integrou a frota que combateu a pirataria no Oceano Índico. O regresso a casa e o reencontro dos militares com as famílias foi emotivo.
O cais 1 da Base Naval do Alfeite encheu durante algumas horas. Ao longe, as famílias da guarnição do navio viram a D. Francisco de Almeida aproximar-se. A atracagem fez-se ao som da Banda da Armada. Aguiar-Branco, ministro da Defesa, acompanhou a bordo as últimas milhas de uma viagem que começou a 15 de Agosto deste ano.
Assim que ministro e restante comitiva deixaram a fragata, foi a vez de as famílias subirem a bordo e matarem três meses de saudades, de beijos e abraços que ficaram por dar. A alegria fez-se com sorrisos e lágrimas. E com uma certeza. Tão cedo um Navio da República República estará nas águas da Somália. No próximo ano, Portugal já não contará com uma fragata na ‘Ocean Shield’. A representação lusa ficará a cargo de um oficial, que desempenhará funções de chefe de Estado-Maior.
Ao todo foram 93 dias em alto mar, 60 dias no centro das operações. 1928 horas de navegação, com apenas três escalas logísticas: duas no Djibouti e uma em Omã. «O principal objectivo era a vigilância e patrulha dos navios mercantes junto ao Canal de Suez, por onde passa grande parte do comércio que serve a Europa e os Estados Unidos», referiu Salvado Figueiredo, comandante da D. Francisco de Almeida, durante um briefing a bordo da fragata para Aguiar Branco, acompanhado pelo almirante Saldanha Lopes, Chefe do Estado-Maior da Armada e do general Luís Araújo, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.
A D. Francisco de Almeida fez ainda nove vistorias a embarcações de pesca, normalmente modificadas para serem utilizadas em actos de pirataria. As abordagens foram feitas por uma equipa de fuzileiros portugueses que acompanhou a missão.
Mas o maior orgulho da guarnição foi o auxílio ao MV Dover, um navio mercante do Panamá com 24 tripulantes que, durante seis meses, estiveram em cativeiro na posse dos piratas.
Ministro a bordo
Um regresso tão simbólico levou a uma viagem diferente. Aguiar-Branco viajou de lancha desde a marina de Cascais até à fragata, fundeada ao largo da baía de Cascais. Apesar da forte ondulação, o ministro da Defesa cumprimentou, um a um, todos os 185 elementos da guarnição, em parada no convés de voo. Aguiar-Branco visitou o navio, esteve no Centro de Operações e na ponte e ficou a par de toda a missão. O ministro da Defesa elogiou a participação portuguesa na ‘Ocean Shield’.
«Foi mais uma missão de êxito, bem cumprida pelas Forças Armadas. É um motivo de orgulho. Hoje não existem muitos, mas este é um deles», referiu Aguiar-Branco.
O corte de 30 por cento no orçamento vai provocar algumas mudanças. A partir do próximo ano, as participações das Forças Armadas em missões internacionais será criteriosa.
«A Marinha irá continuar numa missão da União Europeia, com uma gestão mais eficiente dos recursos. Vamos fazer uma adequação do que podemos despender. Existe uma lógica de austeridade, mas vamos continuar a honrar os nossos compromissos internacionais», destacou o ministro da Defesa.
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