Presidente da CNE reconhece "imperfeições" no processo eleitoral -- CPLP
28 de Agosto de 2012, 20:17
Luanda, 28 ago (Lusa) - O presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana reconheceu a existência de "imperfeições" na organização das eleições gerais de sexta-feira, disse hoje à Lusa o chefe da Missão de Observação Eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Leonardo Simáo, antigo chefe da diplomacia moçambicana que falava à Lusa à margem do encontro que a equipa de 10 observadores realizou hoje em Luanda, afirmou que as "imperfeições" no processo eleitoral angolano lhe foram referidas no encontro que manteve com o presidente da CNE, André Silva Neto.
"No encontro que tivemos, ele disse-nos que há pequenas imperfeiçoes aqui e acolá, dado o tempo curto que tiveram para a organização das eleições", destacou.
A aprovação somente em dezembro da lei eleitoral e a substituição do presidente da CNE, em virtude da recusa dos partidos da oposição em aceitarem a manutenção de Suzana Inglês a frente da CNE, foram as razões apontadas por Silva Neto no encontro que manteve com Leonardo Simão.
"Tudo isso atrasou de facto. Fez com que o tempo de preparação (das eleições) fosse demasiado curto", acrescentou.
"Vamos ver no cômputo geral, o que é que isto significa", frisou.
Os 10 observadores da missão da CPLP vão ser distribuídos por seis das 18 províncias angolanas e no dia 2 de setembro será divulgada a posição da CPLP relativamente à forma como decorreu o processo eleitoral e a votação.
"Ainda estamos na fase inicial. O peixe parece estar pronto para a realização de eleições credíveis. Quer sob o ponto de vista político, há tranquilidade, e também sob o ponto de vista técnico. Está tudo a postos. Só falta mesmo votar", sintetizou.
Quanto às críticas da oposição, nomeadamente a UNITA, quanto à forma como o processo está a ser organizado, Leonardo Simão reconheceu haver "sempre aspetos que os partidos políticos acham que devem ser melhoradas".
"Mas vamos ver em que estas questões influenciam os resultados. Não nos podemos pronunciar agora. Tomámos nota, quer das questões colocadas pelos partidos, por um lado, quer aquilo que são as respostas que a CNE dá", concluiu.
A transparência das eleições gerais está a ser contestada pela UNITA, maior partido de oposição angolano, por alegadas irregularidades na divulgação dos cadernos eleitorais, atribuição de credenciais aos delegados das mesas de voto e cópias das atas síntese no final da votação, esperando a resolução destas questões até sexta-feira, sem a qual diz não reconhecer o Governo que sair eleito.
A missão de observação eleitoral CPLP integra 10 observadores provenientes do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, aos quais se juntam os membros da Assembleia Parlamentar da CPLP, designadamente, dois deputados portugueses, um cabo-verdiano, um guineense e dois são-tomenses.
Além da CPLP, a União Africana e a Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Austral também enviaram missões de observação às eleições.
EL.
Governantes do MPLA nunca viram a pobreza, diz líder de nova coligação
28 de Agosto de 2012, 20:23
Henrique Botequilha (texto) e Paulo Novais (fotos)
Luanda, 28 ago (Lusa) -- O líder da nova coligação política angolana CASA-CE, Abel Chivukuvuku, atravessou hoje vários musseques de Luanda a pé para mostrar que os políticos são como os outros, acusando os membros do Governo de não saberem o que é a pobreza.
"Os governantes nunca passaram aqui para ver a pobreza e só pode resolver o problema quem conhece o problema. Quem nunca foi ao Cazenga, ao Sambizanga, ao Cacuaco, ao Rangel e Viana [bairros pobres de Luanda] não sabe o que as pessoas sofrem", afirmou ao fim da tarde à Lusa o líder da CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola -- Coligação Eleitoral) após um percurso em passo de corrida pelo Gamek, município da Samba, última etapa de ações de campanha semelhantes, que começaram do outro lado da capital.
"Há três meses que estamos na rua, em todas as províncias, todos os dias, portanto isto que fizemos hoje não é nada", disse Abel Chivukuvuku, um ex-delfim de Jonas Savimbi que abandonou a UNITA e em abril criou uma terceira via em relação aos partidos históricos.
"Já fazemos face a partidos que têm 50 anos. Como não temos acesso aos órgãos de comunicação, vamos ao encontro dos cidadãos."
No Gamek, sul de Luanda, Chivukuvuku liderou uma corrida de vários quilómetros, ao longo das artérias sujas do musseque, distribuindo enérgicos beijos, saudações e abraços, à frente de uma banda de trompetes e tambores, que acompanhava um cortejo dançante de dezenas de apoiantes e os gritos "Zédu fora", numa referência ao Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
No final, o candidato, encharcado em suor, explicou que quer sentir a expectativa e calor" de cidadãos que nunca viram um político passar nas suas ruas. "Muito menos o Presidente da República, esse é um deus, está lá no céu."
"Um governante deve ser um cidadão igual aos outros, apenas com responsabilidades governativas temporárias e gerir os recursos para benefício de todos e não dele", completou o líder partidário, que disse ter convidado o Presidente e líder do partido no poder, José Eduardo dos Santos, a fazer parte da sua campanha eleitoral por terra.
"Eu andei todo o país por terra bwala (aldeia) a bwala, comuna a comuna, município a município e é horrível o que as pessoas vivem", descreveu. "Ele [Eduardo dos Santos] pega no avião, vai ao Huambo, chega no aeroporto, fala ali, pega no avião e regressa. Não consegue sequer dormir no Huambo. É o desprezo que o candidato tem pelo povo."
Abel Chivukuvuku disse que a pobreza será a mola para os eleitores rejeitarem a ideia da mudança associada à instabilidade e acusou o MPLA de fazer "encenações" nos seus comícios para dezenas de milhares de pessoas.
"Quando [o Presidente] vai ao Lobito, pega em comboios, transporta pessoas desde o Bié ao longo da via toda, não vai gente do Lobito [ao comício]. No Huambo, a mesma coisa, aquela gente não era de lá. É Uma máquina que está a tentar criar perceções para permitir que o exercício da fraude seja corroborado por elas", afirmou.
Para Chivukuvuku, se houver eleições livres, "o MPLA não passa" e a CASA-CE ganha.
O líder da CASA-CE não secundou a UNITA na denúncia de fraudes eleitorais em curso, mas condiciona a transparência das eleições gerais de sexta-feita à existência de cadernos e fiscais dos partidos nas mesas de voto e disponibilização de atas síntese para todos no fim da votação. "Isso é que vai determinar se podemos credibilizar ou não" estas eleições, afirmou.
"Se o MPLA pensa que é assim tão popular porque tem tanto medo do voto do povo?", questionou. "Eles sabem que não são o que eram no passado, sabem que a imagem do Presidente da República está de rastos e que o surgimento da CASA trouxe um fator novo para a equação política nacional. Angola nunca mais será igual", garantiu, antes de voltar ao passo de corrida no labirinto do Gamek.
HB
MPLA encerra campanha na rua e UNITA opta por leitura de "importante declaração"
29 de Agosto de 2012, 07:59
Luanda, 29 ago (Lusa) - A campanha eleitoral em Angola chega hoje ao fim, com o MPLA a optar por um grande comício na rua e a UNITA a marcar a leitura de uma "importante declaração" num hotel da capital.
O partido no poder escolheu a zona da Camama, junto ao Estádio Nacional 11 de Novembro, para o último comício da campanha eleitoral iniciada no passado dia 31 de julho.
O MPLA promete reunir uma multidão para marcar a diferença relativamente às demais oito forças políticas concorrentes às eleições gerais, com discurso do seu líder, e Presidente da República José Eduardo dos Santos.
Isaías Samakuva, líder da UNITA, maior partido da oposição, reparte a manhã e início da tarde com contactos com o eleitorado nas capitais provinciais do Huambo e Bié.
A meio da tarde, num hotel da capital, Isaías Samakuva, proferirá o que os serviços de imprensa da UNITA designam como "importante declaração" sobre o processo eleitoral, em local a indicar.
A Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), liderada por Abel Chivukuvuku, dissidente da UNITA e antigo delfim de Jonas Savimbi, escolheu a capital angolana, mas para contactos diretos com o eleitorado em vez do tradicional comício.
A estas eleições concorrem ainda o Partido de Renovação Social, a Frente Nacional de Libertação de Angola, o Partido Popular para o Desenvolvimento, o Conselho Político da Oposição, a Nova Democracia e a Frente Unida para a Mudança de Angola.
EL.
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
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