Helena Ricoli
É frequente que
pessoas do círculo restrito de Passos Coelho comentem como quem não quer a
coisa que o primeiro-ministro é incompreendido e está a ser injustiçado por
tudo e por todos. Existem até os que consideram que é ele quem pode salvar
Portugal. Desses, quando assim o dizem, nada me admira, são amigos. Os amigos
são para as ocasiões mas de salvadores que encarnam perfeitamente Salazar adaptado
à atualidade ficámos fartos e sabemos que são perigosos.
Há dias, após a
enorme manifestação por todo o país em 15 de Setembro e a da passada
sexta-feira, 21, foi de admirar que um desses do restrito circulo de Passos tivesse
desabafado: “Passos Coelho está desgraçado, tenham dó dele!”
Passos desgraçado?
Por quê? Por quem? Se se desgraçou foi ele próprio que tudo fez para que tal
viesse a acontecer. É dele que sobressai a garotice, a impreparação, a
inexperiência, a incompetência, a vil e sistemática mentira, o espírito de
vende-pátria-ao-desbarato, a obsessão em conduzir Portugal e os portugueses
para o empobrecimento insuportável e inadmissível, a subserviência a Merkel, a
não defesa dos interesses de Portugal, o apoio cego ao comprovado intrujão
Relvas, seu amigo de longa data, à sua intransigência em escutar os que sabem e
preferir seguir o ministro Gaspar com a sua enorme fama de grande cérebro de economista
e gestor mas que só tem comprovado ser um tecnocrata medíocre e muitas vezes
incompetente… E mais será melhor nem fazer aqui constar porque a lista seria
quase imparável.
Em Portugal a
minoria dos que apoiam as políticas desastrosas deste governo quase se podem
contar pelos dedos das duas mãos. Percebemos contudo que no estrangeiro Passos
e Gaspar tenham muitos mais apoiantes, a começar por Merkel e pelos que nem
conhecem Portugal, nada sabem de Portugal nem dos portugueses. Que melhor
currículo querem eles para emigrar? E podem (devem) levar Carlos Moedas,
Borges, Mota Soares, e todos os traidores que continuam a abusar da dignidade e
da paciência dos portugueses.
A frase já citada e
afirmada “Passos Coelho está desgraçado, tenham dó dele!” é um frase de amigo
que afinal se preocupa por ter em memória o que aconteceu a Miguel de
Vasconcelos, um traidor (em conluio com Espanha) que em 1640 foi atirado de uma
das janelas do Terreiro do Paço e arrastado pelas ruas de Lisboa. Ou até memória
de outros traidores que agora nem interessa nomear.
A atitude do
lamento é mesmo de amigo e importa compreender. Amigo cego, é certo, mas dos
bons… para Passos. Péssimo para todos os outros portugueses, principalmente
para os que estão desempregados, têm salários em atraso, perderam as suas
casas, vêem as reformas ainda mais miseráveis, passam fome… Enfim, a imensa
miséria que todos sabemos que existe. Enquanto uma elite politica e económico-financeira
(não esquecer os boys, as girls e os grandes amigos) vive descarada e
ofensivamente à grande…
Mas, evidentemente
– isso deve ser dito àquele grande amigo do desabafo – apesar de Passos estar
desgraçado, como comprovam as evidências, ainda mais desgraçado será se teimar
em continuar com as suas políticas de destruição e de traição aos portugueses.
Já ninguém o respeita. O próprio Cavaco Silva, na qualidade de PR, teve de o
achincalhar e demonstrar que ele não tem mínima competência para desempenhar o
cargo de primeiro-ministro, por isso convocou Gaspar para se ir explicar ao
Conselho da República. Por isso mesmo, por Passos ser uma grande besta e agente
prejudicial a Portugal, consta no terceiro parágrafo do comunicado do Conselho de Estado o contrário daquilo que Passos sempre defendeu. Também no sétimo
parágrafo desse comunicado é notório que Passos é considerado abaixo de
cachorro rafeiro. E o descrédito, a inadmissível incompetência, a garotice,
a traição às promessas que veio fazendo e aos portugueses, não se ficaria por aqui. Todos o
sabemos. Não estão só em causa as controversas medidas de alterações na TSU.
Está em causa tudo, todo o governo e o próprio presidente da República – que
ilusoriamente quer agora aparecer como se tivesse resolvido a crise política
quando todos sabemos que ela existe, é latente, e está prestes a agravar-se se
não forem tomadas medidas adequadas e equilibradas, equitativas, realmente
justas, para evitar a revolta popular que é transversal na sociedade
portuguesa.
Porque não é só
Passos Coelho o único responsável pelo descalabro a que têm vindo a conduzir o
país decerto que vão ter dó de Passos Coelho e nem por sombras lhe acontecerá o
mesmo que ao Miguel de Vasconcelos, não estamos em 1640. Contudo será bom
recomendar a Passos e a muitos outros do clã que emigrem e não voltem. Conselho
piedoso que devem seguir. Tenham dó.
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