Alice K Ross, do The Bureau fo Investigative
Journalism – Publica
Como os serviços
secretos americano e britânico colaboraram com a captura de inimigos do regime
de Gadaffi valendo-se de tortura e detenções ilegais
O ex-presidente
Bush e o diretor da CIA, Michael Hayden, afirmam que a técnica de afogamento
por waterboarding – que consiste em jogar água sobre o rosto de uma pessoa
imobilizada, causando a sensação de sufocamento – só foi utilizada em três
prisioneiros.
Mas este número
está sendo questionado por um dissidente da Líbia que fez uma descrição
detalhada, alegando ter sido vítima de waterboarding durante um interrogatório
realizado pela CIA em uma prisão secreta no Afeganistão.
Mohammed Shoroeiya
contou à ONG Human Rights Watch que foi submetido à técnica de waterboarding
inúmeras vezes durante um o fatídico interrogatório no Afeganistão. Ele afirma
ter ficado amarrado a uma placa de madeira durante todo o tempo. “Depois eles
começacam a jogar água… Jogam água até o ponto de você sentir que está
sufocando… E não paravam até receber algum tipo de resposta”, disse. Outro
líbio também descreve ter sofrido “uma prática de sufocamento próxima a
waterboarding” nas mãos da CIA no Afeganistão.
Eles são alguns dos
14 entrevistados pela ONG Human Rights Watch para o relatório “Entregue em
mãos inimigas“, que mostra como as agências de serviço secreto dos EUA e do
Reino Unido prenderam dissidentes da Líbia por todo o mundo e os entregaram
diretamente nas mãos do coronel Gaddafi. Muitos sofreram maus tratos antes de
serem enviados de volta à Líbia, então comandada por Gadaffi.
Um dos detidos, Ibn
al-Sheikh al-Libi, revelou informações durante um interrogatório da CIA que
depois foram usadas para jutsiifcar a invasão do Iraque em 2003. Ele foi depois
enviado à Líbia, onde morreu na cadeia em 2009.
Cinco destes homens
foram enviados para prisões secretas das CIA no Afeganistão por até dois anos,
onde ficaram presos em celas sem janelas, foram espancados, acorrentados,
ficaram em receber comida e foram mantidos acordados por longos períodos com
rock tocando em altíssimo volume. Eles nunca foram acusados formalmente de
nenhum crime e no final foram enviados de volta à Líbia. Um deles descreve ter
sido preso em uma cela no Marrocos.
Os relatos dos
dissidentes são corroborados por documentos descobertos pela Human Rights Watch
no escritório do chefe de inteligência de Gadaffi, Musa Kusa, após a queda do
governo, que incluem faxes da CIA e do serviço secreto britânico, MI6, avisando
ao governo da Líbia sobre as prisões dos dissidentes.
Dez dos 14 casos
ocorreram pouco depois da reconciliação pública dos EUA e do Reino Unido com
Gaddafi. Os detidos foram depois enviados de volta para o ex-ditador da Líbia
apesar da reputação de torturas e detenções sem julgamento. Os documentos
mostram que em dois casos os EUA pediram garantias diplomáticas que os
prisioneiros não seriam torturados – mas essas garantias foram solenemente
ignoradas.
Dois casos envolvem
forças de segurança britânicas cooperando com a CIA para sequestrar dissidentes
líbios. Ambos foram amplamente
divulgados
após documentos serem revelados no último ano. Abdul Hakim Belhadj e Sami
Mostafa al-Saadi, que depois foram enviados à Líbia, estão agora processando
o governo britânico.
A maioria dos
entrevistados para o relatório eram membros do Grupo de Lutadores Islamistas
Líbios, formado em oposição à opressiva e controversa repressão do governo de
Gadaffi ao Islã. Quase todos haviam fugido do país no final dos anos 80 e foram
para o Afeganistão para lutar contra os soviéticos – uma luta apoiada pelos EUA
– e também receber treinamento para lutar pela sua causa.
Mas, como mostra o
relatório, depois de 11 de setembro os EUA não se preocupavam em distinguir
entre militantes islâmicos lutando contra os EUA e lutando por outras causas.
Assim, muitos dos dissidentes dos regimes autoritários do Oriente Médio foram
presos em países como Hong Kong, Malásia e Mali. Eles foram transportados entre
países asiáticos e do Oriente Médio para Guantánamo, onde ficaram sob custódia
americana durante anos.
A investigação da
Human Rights Watch contradiz com descrições detalhadas a posição oficial dos
EUA sobre o uso de técnicas de tortura depois de 11 de Setembro.
Clique aqui
para ler o relatório da Human Rights Watch report, “Entregue em mãos inimigas”.
E clique
aqui para ler a reportagem original, em inglês.
Reportagens, em
Publica
1 comentário:
O RELATÓRIO "ESQUECEU-SE APENAS" DO SEGUINTE:
1 - Musa Kusa é agente britânico infiltrado no regime de Kadafi!
2 - Desse modo a cadeia de torturas foi sempre controlada pela CIA, britânicos e franceses!
3 - As torturas praticadas em território líbio, sendo praticadas pela CIA e agentes afins, foram automaticamente indexadas ao regime de Kadafi!
4 - Tudo isso nos dá uma pálida ideia do processo de manipulação forjado contra a Líbia!
Martinho Júnior.
Luanda.
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