terça-feira, 2 de outubro de 2012

França: FRANÇOIS HOLLANDE ENFRENTA REVOLTA NA MAIORIA

 


Daniel Ribeiro, correspondente em Paris - Expresso
 
Debate sobre a ratificação do Tratado Orçamental Europeu começa hoje no Parlamento francês. Governo socialista precisa da direita para aprovar o documento.
 
Com toda a oposição de esquerda, os ecologistas e mesmo cerca de duas dezenas de deputados socialistas a anunciarem que não ratificarão o Tratado Orçamental Europeu, o Presidente e o Governo socialistas vão enfrentar, a partir de hoje, uma situação muito complicada na Assembleia Nacional.
 
Os críticos, incluindo os socialistas, acusam o chefe de Estado, François Hollande, de ter traído os seus eleitores por não ter imposto à Alemanha a renegociação do tratado, tal como prometera durante a campanha para as recentes eleições presidenciais.
 
No discurso que vai proferir hoje no Parlamento, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault vai defender a ratificação alegando que a relação de forças mudou na Europa com a mudança de Presidente em França. Mas não convence sequer todos deputados do PS. Muitos deles consideram que a adenda sobre o crescimento, que foi acrescentada ao tratado por iniciativa de François Hollande, não é suficiente.
 
Portugal dado como exemplo
 
"Aprovar este tratado, que impõe limites ao défice, é abrir o caminho à recessão: a luta contra os défices não pode ser uma obsessão, basta ver o que está a acontecer em Portugal", diz ao Expresso o deputado socialista Pascal Chérki.
 
Este parlamentar, bem como os ecologistas, aliados do PS no Governo, e ainda os comunistas, dizem que, com este tratado "as políticas de austeridade ficarão para a eternidade" na Europa.
 
No domingo passado, a esquerda francesa reuniu dezenas de milhares de pessoas em Paris, numa manifestação contra o tratado e a austeridade. O ex-candidato às presidenciais, Jean-Luc Mélenchon, que desfilou na manifestação lado a lado com o lider do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, também deu o exemplo de Portugal como um "caso de estudo a não seguir".
 
Para conseguir a ratificação, o Governo necessita do apoio da direita sarkozysta. Este sector político ironiza com a situação: "Claro que vamos votar a favor do tratado porque ele é exatamente o mesmo que o ex-Presidente, Nicolas Sarkozy, elaborou e assinou", explicou o ex-primeiro-ministro, François Fillon.
 

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