Daniel Ribeiro,
correspondente em Paris - Expresso
Debate sobre a
ratificação do Tratado Orçamental Europeu começa hoje no Parlamento francês. Governo
socialista precisa da direita para aprovar o documento.
Com toda a oposição
de esquerda, os ecologistas e mesmo cerca de duas dezenas de deputados
socialistas a anunciarem que não ratificarão o Tratado Orçamental Europeu, o
Presidente e o Governo socialistas vão enfrentar, a partir de hoje, uma situação
muito complicada na Assembleia Nacional.
Os críticos,
incluindo os socialistas, acusam o chefe de Estado, François Hollande, de ter
traído os seus eleitores por não ter imposto à Alemanha a renegociação do
tratado, tal como prometera durante a campanha para as recentes eleições
presidenciais.
No discurso que vai
proferir hoje no Parlamento, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault vai defender
a ratificação alegando que a relação de forças mudou na Europa com a mudança de
Presidente em França. Mas
não convence sequer todos deputados do PS. Muitos deles consideram que a adenda
sobre o crescimento, que foi acrescentada ao tratado por iniciativa de François
Hollande, não é suficiente.
Portugal dado como
exemplo
"Aprovar este
tratado, que impõe limites ao défice, é abrir o caminho à recessão: a luta
contra os défices não pode ser uma obsessão, basta ver o que está a acontecer
em Portugal", diz ao Expresso o deputado socialista Pascal Chérki.
Este parlamentar,
bem como os ecologistas, aliados do PS no Governo, e ainda os comunistas, dizem
que, com este tratado "as políticas de austeridade ficarão para a
eternidade" na Europa.
No domingo passado,
a esquerda francesa reuniu dezenas de milhares de pessoas em Paris, numa
manifestação contra o tratado e a austeridade. O ex-candidato às presidenciais,
Jean-Luc Mélenchon, que desfilou na manifestação lado a lado com o lider do
Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, também deu o exemplo de Portugal como um
"caso de estudo a não seguir".
Para conseguir a
ratificação, o Governo necessita do apoio da direita sarkozysta. Este sector
político ironiza com a situação: "Claro que vamos votar a favor do tratado
porque ele é exatamente o mesmo que o ex-Presidente, Nicolas Sarkozy, elaborou
e assinou", explicou o ex-primeiro-ministro, François Fillon.
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