SBR (LAS) HB - com foto
António Silva/Lusa
Redação, 12 nov
(Lusa) – O líder do principal partido da oposição em Moçambique (Renamo),
Afonso Dhlakama, que, em 1992, assinou o acordo de paz com o partido no poder,
ameaçou hoje “destruir” o país, se o Governo não responder às suas exigências.
Vinte anos após ter
deposto as armas como um dos líderes da guerra civil moçambicana, Afonso
Dhlakama disse, em entrevista à agência francesa AFP, que poderá voltar a
recorrer à violência, se o Governo da Frelimo não partilhar a riqueza e não
reformar o sistema eleitoral.
“Estou a treinar os
meus homens e, se for necessário, sairemos daqui para destruir Moçambique”,
afirmou o líder da guerrilha que lutou, entre 1977 e 1992, numa guerra civil
que causou um milhão de mortos.
Já a 02 de
novembro, em entrevista à agência Lusa, na sua base, na Gorongosa, Afonso
Dhlakama se tinha queixado de "injustiças e humilhações", desde que
foi assinado o Acordo Geral de Paz para Moçambique, a 04 de outubro de 1992, em
Roma.
Sob a égide da
Comunidade de Sant'Egídio, o acordo pôs termo a 16 anos de guerra civil entre a
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Governo da Frente de Libertação
de Moçambique (Frelimo), introduzindo um sistema multipartidário no país.
“Mas, mesmo assim,
eu não estou arrependido, só que estou preocupado porque somos atacados
militarmente até hoje, somos excluídos de tudo e espezinhados", acusou.
Realçando que a sua
postura tem evitado que Moçambique resvale para situações "como a Somália
ou os Grandes Lagos", admitiu, na altura, que nem sempre é compreendido no
seio do seu partido.
“A própria Renamo
acusa-me de estar a comer com a Frelimo", disse à Lusa.
Hoje, à AFP,
Dhlakama disse que, se as suas exigências não forem respeitadas, o país poderá
ficar dividido outra vez.
“A situação não
pode continuar assim. Estamos a pensar pedir a divisão do país. A Frelimo fica
com o sul e nós ficamos com o centro e o norte”, sugeriu.
Realçando que
prefere uma solução pacífica, avisa que não tem medo de bloquear o crescimento
económico de Moçambique. “Preferimos um país pobre a ter pessoas a comer do que
é nosso”, sublinhou.
Dhlakama diz que
está farto do “roubo” dos recursos do país, patrocinado pelo Governo da
Frelimo. "Queremos dizer a [Armando] Guebuza [Presidente de Moçambique]:
‘Estás a comer bem. Nós também queremos comer bem’.”
O líder da Renamo
defende ainda uma reforma do sistema eleitoral, para prevenir a fraude.
A Renamo é o maior
partido da oposição no Parlamento, com 51 lugares, mas tem perdido apoios desde
1999.
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