segunda-feira, 12 de novembro de 2012

LIDER DA RENAMO AMEAÇA “DESTRUIR” E “DIVIDIR” MOÇAMBIQUE

 


SBR (LAS) HB - com foto António Silva/Lusa
 
Redação, 12 nov (Lusa) – O líder do principal partido da oposição em Moçambique (Renamo), Afonso Dhlakama, que, em 1992, assinou o acordo de paz com o partido no poder, ameaçou hoje “destruir” o país, se o Governo não responder às suas exigências.
 
Vinte anos após ter deposto as armas como um dos líderes da guerra civil moçambicana, Afonso Dhlakama disse, em entrevista à agência francesa AFP, que poderá voltar a recorrer à violência, se o Governo da Frelimo não partilhar a riqueza e não reformar o sistema eleitoral.
 
“Estou a treinar os meus homens e, se for necessário, sairemos daqui para destruir Moçambique”, afirmou o líder da guerrilha que lutou, entre 1977 e 1992, numa guerra civil que causou um milhão de mortos.
 
Já a 02 de novembro, em entrevista à agência Lusa, na sua base, na Gorongosa, Afonso Dhlakama se tinha queixado de "injustiças e humilhações", desde que foi assinado o Acordo Geral de Paz para Moçambique, a 04 de outubro de 1992, em Roma.
 
Sob a égide da Comunidade de Sant'Egídio, o acordo pôs termo a 16 anos de guerra civil entre a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), introduzindo um sistema multipartidário no país.
 
“Mas, mesmo assim, eu não estou arrependido, só que estou preocupado porque somos atacados militarmente até hoje, somos excluídos de tudo e espezinhados", acusou.
 
Realçando que a sua postura tem evitado que Moçambique resvale para situações "como a Somália ou os Grandes Lagos", admitiu, na altura, que nem sempre é compreendido no seio do seu partido.
 
“A própria Renamo acusa-me de estar a comer com a Frelimo", disse à Lusa.
 
Hoje, à AFP, Dhlakama disse que, se as suas exigências não forem respeitadas, o país poderá ficar dividido outra vez.
 
“A situação não pode continuar assim. Estamos a pensar pedir a divisão do país. A Frelimo fica com o sul e nós ficamos com o centro e o norte”, sugeriu.
 
Realçando que prefere uma solução pacífica, avisa que não tem medo de bloquear o crescimento económico de Moçambique. “Preferimos um país pobre a ter pessoas a comer do que é nosso”, sublinhou.
 
Dhlakama diz que está farto do “roubo” dos recursos do país, patrocinado pelo Governo da Frelimo. "Queremos dizer a [Armando] Guebuza [Presidente de Moçambique]: ‘Estás a comer bem. Nós também queremos comer bem’.”
 
O líder da Renamo defende ainda uma reforma do sistema eleitoral, para prevenir a fraude.
 
A Renamo é o maior partido da oposição no Parlamento, com 51 lugares, mas tem perdido apoios desde 1999.
 

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