Governo reage
i online - Lusa
O presidente do
Conselho Económico e Social (CES), José Silva Peneda, recomendou hoje que o
Governo inicie um processo de negociação com a ‘troika’, o mais rapidamente
possível, para evitar que haja “dor sem ajustamento”.
[A negociação deve
ser feita] quanto mais cedo melhor”, disse Silva Peneda, numa declaração após a
aprovação do parecer sobre o Orçamento do Estado para 2013 na Assembleia da
República.
“É sabido que
qualquer programa de ajustamento aplicado a uma economia que apresente grandes
desequilíbrios provoca sempre dor. O Conselho receia que, no nosso caso,
possamos estar a entrar num processo em que há dor sem haver ajustamento”,
acrescentou.
As recomendações do
CES incidem essencialmente em três pontos: a redução expressiva dos juros a
pagar pelo empréstimo concedido a Portugal, a reavaliação dos prazos em relação
aos períodos de amortização dos empréstimos e maior equilíbrio entre
austeridade e crescimento, mediante medidas que fomentem a economia e a criação
de emprego.
“Neste processo
negocial, o Conselho entende que deve estar ausente qualquer princípio com
caráter punitivo ou a ideia de que a menor eficiência das medidas que foram
adotadas anteriormente se deve à forma como o país as aplicou, e não ao
conteúdo das mesmas, que em muitos casos não tiveram em consideração a
realidade do tecido económico e empresarial do país”, continuou o presidente do
CES.
O CES considera,
por exemplo, que “não foi devidamente ponderado” o baixo nível do rendimento
médio e o elevado nível de endividamento das famílias e das empresas.
Foram também
negligenciadas - de acordo com o CES - a estrutura produtiva baseada em
Pequenas e Médias Empresas (PME) com “estruturas financeiras muito frágeis” e
foi descurado o peso “muito significativo do mercado interno” na economia
portuguesa.
“O parecer do CES
ao ignorar estes elementos fundamentais apresenta uma análise desequilibrada e
que não permite uma perceção correta das escolhas que efetivamente se colocam a
Portugal”, lê-se na declaração de voto dos representantes do executivo sobre o
parecer do Conselho.
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