Martinho Júnior, Luanda
13 – O capitalismo
neo liberal está a fazer todos os esforços para moldar Angola a processos
políticos que correspondem ao tipo de interesses e conveniências da
aristocracia financeira mundial, que conduzem as “novas elites” agenciadas e
subsidiárias a posições favoráveis com reflexos no estado e no poder,
manipulando as tensões sócio-políticas quando o foço das desigualdades se
começou a tornar “irreversível”.
O antigo líder da
UNITA teria sido “convidado” pelas personalidades dos “lobbies” dos minerais e
do petróleo a que eu tenho-me referido bastas vezes, mas parece não ter
percebido em tempo oportuno as “mensagens” e por isso tornou-se no primeiro dos
“descartáveis” em Angola, muitos antes dos Ben Ali, dos Kadafi, ou dos Moubarak
na Tunísia, na Líbia, e no Egipto!
Creio que Nelson
Mandela não foi para ele o melhor veículo-transmissor da “performance” que lhe
era exigida, talvez por manifesta desadaptação: foi mais fácil para Nelson
enquanto prisioneiro de décadas, assumir a liderança numa África do Sul tornada
“arco-íris”, sendo-lhe bastante difícil enquanto guerrilheiro que não o foi
senão na sua juventude, assumir-se com “melhor substância” a norte, em direcção
aos outros componentes da SADC e sobretudo em direcção ao Zimbabwe e a Angola!
O peso dos
compromissos de Savimbi com o “apartheid” e com Mobutu (outro “descartável” que
há que recordar), eram por demais para um Nelson Mandela de “terceira geração”…
Essa fraqueza
reflecte-se hoje não só no estatuto da UNITA com Isaías Samakuva, mas não
satisfaz a administração democrata de Barack Hussein Obama, na sua apreciação
ao actual estado da oposição em Angola, pois ela é tida e sentida como
debilitadora do seu relacionamento para com Angola!
Agora está
Samakuva, que tem vindo a assumir a direcção da UNITA, perante um aparente “dilema”:
A – Pode cair na
tentação, conforme a que está a assumir Afonso Dhlakama em Moçambique (um “político”
que tem muitas dificuldades em sair dos compromissos com o colonialismo e o “apartheid”)
e neste caso tem o General Abílio Kamalata Numa como um “cabeça de fila”;
B – Pode tornar-se
ainda mais perseverante na estratégia de tensões de forma a que com o agudizar
das clivagens sócio-políticas tire maior proveito em futuras eleições,
socorrendo a meta para instalar a “alternância democrática” conforme às “democracias
representativas” ocidentais, eminentemente social-democráticas e neste caso um
Jardo Muekalia confere uma certa garantia a uma linha de perseverança e
diplomacia;
C – Pode todavia,
com os olhos do futuro, ter um papel muito mais activo e construtivo em
políticas de reconciliação e reconstrução nacional e ser ele próprio a assumir
melhor que ninguém o comando…
A escolha da opção
C indicia a mais difícil e a menos atraente a curto prazo face às pressões
norte americanas, mas a UNITA tem um profundo conhecimento humano de vastas
regiões rurais e urbanas de Angola e sobretudo um excelente conhecimento
físico-geográfico do território, factores prospectivos que poderão fundamentar
suas posições filosófico-ideológico-políticas numa perspectiva descomprometida
e fora do âmbito da estratégia de tensões! (CONTINUA)
Leia na íntegra em Separatas (barra lateral)
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