terça-feira, 13 de novembro de 2012

SINAIS CONTROVERSOS – IX

 

Martinho Júnior, Luanda
 
13 – O capitalismo neo liberal está a fazer todos os esforços para moldar Angola a processos políticos que correspondem ao tipo de interesses e conveniências da aristocracia financeira mundial, que conduzem as “novas elites” agenciadas e subsidiárias a posições favoráveis com reflexos no estado e no poder, manipulando as tensões sócio-políticas quando o foço das desigualdades se começou a tornar “irreversível”.
 
O antigo líder da UNITA teria sido “convidado” pelas personalidades dos “lobbies” dos minerais e do petróleo a que eu tenho-me referido bastas vezes, mas parece não ter percebido em tempo oportuno as “mensagens” e por isso tornou-se no primeiro dos “descartáveis” em Angola, muitos antes dos Ben Ali, dos Kadafi, ou dos Moubarak na Tunísia, na Líbia, e no Egipto!
 
Creio que Nelson Mandela não foi para ele o melhor veículo-transmissor da “performance” que lhe era exigida, talvez por manifesta desadaptação: foi mais fácil para Nelson enquanto prisioneiro de décadas, assumir a liderança numa África do Sul tornada “arco-íris”, sendo-lhe bastante difícil enquanto guerrilheiro que não o foi senão na sua juventude, assumir-se com “melhor substância” a norte, em direcção aos outros componentes da SADC e sobretudo em direcção ao Zimbabwe e a Angola!
 
O peso dos compromissos de Savimbi com o “apartheid” e com Mobutu (outro “descartável” que há que recordar), eram por demais para um Nelson Mandela de “terceira geração”…
 
Essa fraqueza reflecte-se hoje não só no estatuto da UNITA com Isaías Samakuva, mas não satisfaz a administração democrata de Barack Hussein Obama, na sua apreciação ao actual estado da oposição em Angola, pois ela é tida e sentida como debilitadora do seu relacionamento para com Angola!
 
Agora está Samakuva, que tem vindo a assumir a direcção da UNITA, perante um aparente “dilema”:
 
A – Pode cair na tentação, conforme a que está a assumir Afonso Dhlakama em Moçambique (um “político” que tem muitas dificuldades em sair dos compromissos com o colonialismo e o “apartheid”) e neste caso tem o General Abílio Kamalata Numa como um “cabeça de fila”;
 
B – Pode tornar-se ainda mais perseverante na estratégia de tensões de forma a que com o agudizar das clivagens sócio-políticas tire maior proveito em futuras eleições, socorrendo a meta para instalar a “alternância democrática” conforme às “democracias representativas” ocidentais, eminentemente social-democráticas e neste caso um Jardo Muekalia confere uma certa garantia a uma linha de perseverança e diplomacia;
 
C – Pode todavia, com os olhos do futuro, ter um papel muito mais activo e construtivo em políticas de reconciliação e reconstrução nacional e ser ele próprio a assumir melhor que ninguém o comando…
 
A escolha da opção C indicia a mais difícil e a menos atraente a curto prazo face às pressões norte americanas, mas a UNITA tem um profundo conhecimento humano de vastas regiões rurais e urbanas de Angola e sobretudo um excelente conhecimento físico-geográfico do território, factores prospectivos que poderão fundamentar suas posições filosófico-ideológico-políticas numa perspectiva descomprometida e fora do âmbito da estratégia de tensões! (CONTINUA)
 
 

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