… por estar
contaminado
NME – ATR - Lusa
Luanda, 16 dez
(Lusa) - Um estudo efetuado ao pescado comercializado na praia da Mabunda,
distrito da Samba, em Luanda, desaconselha a aquisição de peixe naquela zona
devido aos altos níveis de contaminação microbiológica, que constituem "um
risco à saúde pública".
Os dados do
referido estudo, qualitativo e quantitativo, foram apresentados sexta-feira em
Luanda, durante as XVI Jornadas Técnico-Científicas do Instituto Nacional de
Investigação Pesqueira (INIP), órgão tutelado pelo Ministério das Pescas de Angola.
Duas empresas que
praticam naquela praia a pesca semi-industrial, utilizando como arte de pesca o
cerco, foram os alvos da pesquisa, que teve como objetivo obter informações
sobre a qualidade microbiológica do pescado comercializado na Mabunda.
Em declarações à
agência Lusa, Maria Pedro Nicolau, pesquisadora do INIP, disse que as duas
empresas usam as mesmas técnicas de pesca, diferenciando apenas na forma de
desembarque do peixe.
Segundo Maria Pedro
Nicolau, é na forma de desembarque que reside o problema, já que nas suas
várias etapas até chegar ao cliente não são observadas as medidas de higiene
recomendáveis.
"Os resultados
obtidos evidenciam deficiências na higiene, bem como na conservação e na
manipulação do pescado durante as operações rotineiras de desembarque, visto
que o nível de contaminação aumentou conforme a manipulação nas diferentes
etapas do processo de desembarque, o que constitui um risco à saúde
pública", refere o estudo.
O peixe
contaminado, sublinha o documento, pode causar prováveis ocorrências de casos
de infeções bacterianas, intoxicação alimentar, que "necessitam de uma
intervenção urgente das autoridades competentes (Ministério da Saúde, do
Ambiente, da Agricultura e Pescas)".
Durante o estudo
foram analisadas 100 amostras de pescado de diferentes espécies, nas quais
foram feitas recolhas aleatórias de diferentes indicadores microbiológicos
(bactérias aeróbias mesófilas, coliformes totais, fecais, E. coli,
"enterococcus faecalis", esporos de clostridios sulfito-redutores e
salmonela).
Maria Pedro Nicolau
referiu que este estudo - que constituiu a sua dissertação de defesa de
mestrado - é o primeiro realizado naquela praia, salientando que pretende dar
continuidade ao mesmo, porque uma das empresas está a melhorar as condições de desembarque.
"Gostaria de
continuar a fazer o estudo (...) para ver qual é agora a qualidade
microbiológica do pescado, se houve melhorias ou não", manifestou.
À praia da Mabunda
acorre parte considerável dos habitantes da cidade de Luanda para a compra de peixe,
registando-se uma maior procura nos fins de semana de consumidores e
revendedores.
Além da venda do
peixe, outros comerciantes de diferentes produtos utilizam o espaço, deixando o
local sem condições de higiene, que são minimizadas com campanhas de limpeza
efetuadas pelos utilizadores da praia.
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