Liberal (cv)
Crescem como
cogumelos bravos à volta da urbe capital, mas não figuram seguramente no mapa
administrativo. No seu interior há um outro lado da comunidade que “cata aqui e
ali” por um quilo de arroz, por quase nada, que mate a fome…
Praia, 16 dezembro
2012 - Liberal continua a descobrir o país real. Fomos à Jamaica, localidade
que fica nas imediações do antigo aeroporto da Praia. Ali vegeta-se na mais
profunda miséria. As casas de lata e papelão constituem o cenário de um
submundo. Não há ruas, porque a zona fica num lugar íngreme, e está longe de
ter condições de ser urbanizada. As construções são quase todas clandestinas, e
os seus moradores vivem sem eira nem beira.
Conversamos com uma
criança de 11 anos, de nome Dico, que nos confessou nunca ter ido à escola e,
neste momento, está de malas aviadas para Assomada, onde segundo ela, há
trabalho... Aliás, o nosso interlocutor garante que já está praticamente a
morar nessa cidade. Em si, esta é uma situação incompreensível, num país onde
se fala de proibição de trabalho infantil e de muita propaganda à volta do
ensino obrigatório.
Mas Liberal pôde
ainda conversar com uma senhora que diz estar no desemprego, e vai safando a
vida “catando aqui e ali”. Com sete filhos para criar, todos os dias sai de
casa, sem rumo certo, mas na expectativa de no fim do dia regressar com 1 quilo
de arroz, mas confessa que muitas vezes regressa com as mãos abanar.
Jamaica, se calhar,
ainda não figura no mapa administrativo, pois há vários bairros emergentes na
Praia, de que muitos praienses nunca ouviram falar, e só para apontar alguns
invoquemos Ribera Nha Maria, São Paulo e Inferno, entre tantos outros.
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