Liberal (cv)
Chefe do governo
nunca perde uma oportunidade
O Primeiro-ministro
anda incomodado com o prestígio de Jorge Carlos Fonseca e, mais uma vez, desta
feita a propósito do CAN’2013, fugiu-lhe a boca para o acinte, meteu os pés
pelas mãos e expôs uma triste realidade: o governo de Cabo Verde demite-se das suas
responsabilidades
Praia, 18 janeiro
2013 – No que respeita à participação de Cabo Verde no CAN’2013, José Maria
Neves parece não ter percebido que não se trata de uma mera questão de futebol,
“nem a Federação pode ser equiparada a uma associação comunitária ou a um clube
de bairro. Com a participação na copa africana é a imagem de um país que está
em questão”, disse ao Liberal uma fonte da Federação Caboverdiana de Futebol,
que pediu o anonimato.
A questão suscitada
pela nossa fonte reside nas declarações proferidas ontem pelo
Primeiro-ministro, que não se inibiu de endereçar “bicadas” aos dirigentes
federativos e ao Presidente da República, acusando os primeiros de “amadorismo”
e o segundo de se intrometer em coisas que não devia.
“É evidente que o
Primeiro-ministro perdeu o pé e procura descartar responsabilidades do governo
na gestão do dossiê CAN’2013”, disse a nossa fonte, comentando as declarações
de JMN de que “as coisas deveriam ter sido feitas a tempo”. “Como assim?! –
interroga-se o nosso interlocutor – O que sabemos é que todas as seleções
envolvidas no CAN receberam, desde a primeira hora, o apoio dos seus governos,
com os ministros do Desporto a supervisionarem a agenda de participação”, e vai
buscar o caso, por exemplo, da próxima copa do mundo, em que o ministro
brasileiro do Desporto dirige pessoalmente todos os aspetos relacionados com o
evento. “Os brasileiros percebem que, para além do futebol, o que está em jogo
é o prestígio do país, e isso manifesta-se não só na organização do mundial
como na participação do Brasil em provas internacionais, o que infelizmente não
acontece com o nosso governo e com esta ministra do Desporto”, diz a fonte por
nós contactada.
PELA BOCA MORRE O
PEIXE
“Deveríamos ter
tido todos os esclarecimentos”, alegou José Maria Neves, o que provocou a
incredulidade do nosso interlocutor. “O governo teve todos os esclarecimentos e
a ministra conhece por dentro todo o dossiê”, refere, achando “extraordinário”
que o Primeiro-ministro fale em amadorismo. “Fizemos tudo o que está ao nosso
alcance e gostaríamos que o governo, como fez o Presidente da República, usasse
da sua influência para abrir algumas portas”.
O governo, segundo
o Primeiro-ministro (uma informação confirmada pela nossa fonte),
disponibilizou 12 mil contos para a deslocação à África do Sul e,
anteriormente, avançou com uma verba de 23 mil contos para a preparação do jogo
com os Camarões, em Outubro de 2012, que apurou a nossa seleção para a final do
Campeonato Africano das Nações.
Parece que pela
boca morre o peixe… Por um lado, José Maria Neves diz que foi o “amadorismo” da
FCF que não conseguiu apoios e diz que o governo não tem nada com isso; mas,
por outro, confessa ter entregado à federação 35 mil contos. Para quem diz não
ter nada a ver com isso é uma verba bem elevada.
ATAQUE AO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
E, como vem sendo
hábito, José Maria Neves aproveitou o encontro com jornalistas para atacar o
Presidente da República, já que nos seus encontros semanais com o Chefe de
Estado lhe parece faltar inspiração para o acinte. Em causa está a compra dos
direitos de transmissão do CAN’2013 e a disponibilidade de Jorge Carlos Fonseca
para mediar as negociações entre a TCV e a empresa de media concessionária dos
direitos de transmissão.
De novo, o
Primeiro-ministro criticou o “amadorismo com que algumas questões são tratadas
no país”, o que foi entendido como uma “bicada” à participação do Presidente da
República no processo (a convite da TCV) e na sensibilização do meio
empresarial cabo-verdiano para o apoio aos Tubarões Azuis, que, neste último
caso, parece estar a surtir efeito. Mais uma vez, é a nossa fonte que afirma:
“deveria ter sido Fernanda Marques a tomar a iniciativa, mas preferiu
demitir-se das suas responsabilidades, ao contrário do Presidente que usou da
sua influência para convencer os empresários”, referiu.
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