FP – VM - Lusa
Bissau, 18 jan
(Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, admitiu
hoje que "infelizmente" não será possível fazer eleições em abril,
como estava previsto no acordo de transição assinado em maio de 2012.
O acordo previa a
realização de eleições no prazo máximo de um ano e Serifo Nhamadjo já tinha
dito que queria eleições gerais em abril deste ano. Nos últimos meses, no
entanto, a data tem sido posta em causa por diversos responsáveis e o próprio
Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), maior partido,
marcou o congresso para maio.
Além de o Governo
dizer que não tem dinheiro para fazer eleições também estão por concluir
aspetos técnicos, como a feitura de mapas e o recenseamento da população.
A feitura de eleições
exige outros preparativos, técnicos e financeiros, e "o aspeto financeiro
requer convergência de todas as instituições internacionais. Estando neste
momento a redefinição da estratégia para o apoio à Guiné-Bissau no quadro das
instituições internacionais", disse.
"Estamos
impotentes para poder dar avanço à nossa intenção", disse Serifo Nhamadjo.
E acrescentou:
"por isso aguardo que a missão que esteve na Guiné-Bissau produza o seu
relatório e que as organizações parceiras da Guiné-Bissau se possam pronunciar.
Porque a Guiné-Bissau sozinha não tem capacidade económica, por isso estamos
infelizmente nessa expetativa", sendo que também "tecnicamente vai
ser muito difícil cumprir o calendário".
Serifo Nhamadjo
falava aos jornalistas no aeroporto de Bissau, à partida para Abidjan, na Costa
do Marfim, para participar numa cimeira da Comunidade Económica dos Estados da
África Ocidental (CEDEAO), que vai debater a guerra no Mali e passar em revista
o processo de transição na Guiné-Bissau, na sequência de um golpe de Estado em
abril do ano passado.
Aos responsáveis da
CEDEAO, o Presidente de transição vai dizer que o país "está a marchar
lentamente, mas com o objetivo de inclusão, para que todos os atores políticos
e sociais se juntem para a elaboração de uma agenda de transição,
inclusiva", e para que o país possa dizer à comunidade internacional a via
que quer seguir e "os elementos que quer concretizar antes das
eleições", explicou Nhamadjo.
Na quinta-feira,
quatro partidos assinaram o acordo de transição, entre eles o maior partido.
São "passos significativos" para que "num espaço curto possamos
convocar todos os atores e redefinir a agenda de transição", disse.
Questionado sobre
se a adesão ao acordo (Pacto de Transição) do maior partido, o PAIGC, levaria a
mudanças no Governo de transição, Serifo Nhamadjo remeteu para os partidos
subscritores do Pacto.
"O que eles
entenderem, a proposta que me apresentarem, será a proposta, consensual, que eu
tentarei materializar", salientou.
Sobre o envio de
tropas guineenses para o Mali, Serifo Nhamadjo disse que o país está disponível
para integrar uma força da CEDEAO e explicou que o envio de militares dos
países da região será por etapas.
Em Bissau está já
um grupo de militares a ser treinado para ir para o Mali, mas até agora não foi
divulgada qualquer data para a partida.
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