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"extremamente trabalhadores”
ACC – MLL - Lusa
O presidente da
Comissão Europeia criticou hoje os “preconceitos” que estão a emergir na
Europa, afirmando que aqueles que pensam que os povos do sul são “preguiçosos”
estão enganados e que, por exemplo, “os portugueses são extremamente trabalhadores”.
José Manuel Durão
Barroso, que falava, em Bruxelas, num debate organizado por diversos “think
tanks” (grupos de reflexões) sobre o Estado da União Europeia, disse que um dos
principais problemas de hoje é “a polarização, que está a ameaçar tornar-se o
resultado final da crise”, e lamentou que “os preconceitos que estão a
emergir”, e que classificou como “inaceitáveis”, ameaçam dividir a Europa e
delinear um risco entre norte e sul da Europa.
Afirmando-se “muito
preocupado” com este fenómeno, o presidente do executivo admitiu que a grande
falha da União Europeia na resposta à crise foi precisamente não conseguir
explicar aos cidadãos “o que estava em jogo”, contribuindo para que as
políticas de austeridade, que insistiu terem sido necessárias para corrigir os
desequilíbrios criados pelos próprios Estados-membros, não tivessem
aceitabilidade política e social, conduzindo a tensões.
“É aqui que acho
que não fizemos tudo certo. Não fomos capazes, coletivamente - instituições
europeias e Estados-membros -, de explicar o que estava em jogo e construir o
apoio necessário”, o que, assumiu, contribuiu também para que se desenvolvessem
“preconceitos inaceitáveis”, quer de um lado, quer do outro.
Segundo Durão
Barroso, há a tendência, em alguns Estados-membros, em “simplificar”, com os
países da periferia, por um lado, a considerarem que “os problemas que têm não
foram criados por si, mas por alguém, regra geral Berlim ou as instituições
europeias ou o Fundo Monetário Internacional”, o que, disse, não corresponde à
verdade.
Pelo outro lado,
sublinhou, há “a ideia que existe nos países do centro, ou nos países mais
prósperos, de que houve alguma espécie de inabilidade dos povos da periferia ou
do sul, de que alguns destes povos são, por definição, preguiçosos ou
incompetentes”.
“Este é um problema
profundo, que eu considero moralmente intolerável e inaceitável. Vindo eu
próprio de um destes países, posso dizer-lhes que o povo português é
extremamente trabalhador”, declarou.
O presidente da
Comissão apontou ainda que “é verdade que há, de facto, diferentes níveis de
produtividade e competitividade na Europa, mas nem todos estes problemas são
devidos às qualidades dos povos ou das nações”, como o mostra a História.
“Não é preciso
recuar muito” para ver como os países mudam em termos de histórias de sucesso
ou insucesso em termos económicos, afirmou.
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