As relações entre a
Alemanha e Moçambique intensificam-se a cada dia, sobretudo na área económica.
Agora, enquanto o Governo e a RENAMO tentam resolver a tensão política no país,
o chefe da diplomacia alemã vai a Maputo.
As relações entre a
Alemanha e Moçambique "são boas", comenta Sultan Mussa, da Fundação
alemã Konrad Adenauer na capital moçambicana, Maputo. "A Alemanha tem
financiado a maior parte do Orçamento do Estado moçambicano e, assim, apoia
vários programas do Governo que chegam aos distritos."
Com o fim da guerra
civil em Moçambique, em 1992,
a Alemanha fortaleceu as suas relações com Moçambique. O
multipartidarismo e a despartidarização das instituições do Estado também
encorajaram Berlim a apoiar Maputo nos seus projetos de desenvolvimento.
Assim, várias
organizações alemãs se instalaram no país, tal como a GIZ, Cooperação Técnica
Alemã, a Fundação Konrad Adenauer (próxima do partido CDU, da chanceler Angela
Merkel) e a Friedrich Ebert (ligada ao SPD, na oposição). O Governo alemão tem
investido na ajuda ao desenvolvimento, em áreas como a educação e a saúde, mas
ainda existem vários entraves que impedem melhores resultados.
"O Governo
tentou criar vários gabinetes de combate à corrupção, mas parece que isso não
está a funcionar", recorda Mussa. O analista lembra ainda que os juízes
continuam a ser indicados pelo Presidente da República e que os orçamentos da
Assembleia da República ou do Conselho Constitucional são decididos pelo
Governo: Esses órgãos, diz, "estão praticamente dependentes do partido no
poder."
Os tribunais
administrativos e a Autoridade Tributária também mereceram financiamentos do
Governo alemão, em julho de 2012, para aumentar a eficácia e eficiência das
finanças públicas e um aumento da receita do Estado como base de uma maior
independência dos financiamentos externos, segundo a embaixada alemã em
Moçambique.
Na altura, a
Alemanha doou ao país 30 milhões de euros para a promoção do emprego e
desenvolvimento. Desse montante, 15 milhões foram para o programa de
desenvolvimento integrado para as autarquias e zonas rurais adjacentes.
Interesse nos
recursos
Ao nível dos
investimentos alemães, aumentou o interesse com a descoberta dos recursos
naturais. Também o Governo moçambicano tem procurado com frequência
investimentos na Alemanha. E os resultados disso já começam a surgir.
"No mês de
março, esteve cá uma delegação alemã com vários empresários que estão também na
África do Sul e que vão expandir para Moçambique, para também fazer parte dos
grandes projetos", referiu Sultan Mussa. "Temos, por exemplo, o
parceiro KfW [banco alemão de desenvolvimento], que está também envolvido na
preparação de grandes projetos, como, por exemplo, o Corredor de Nacala e a
linha-férrea."
Essa visita foi
liderada pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros da Alemanha,
Harald Braun, e pela secretária de Estado do Ministério Federal da Economia e
Tecnologia, Anne Ruth Herkes.
Interesse na
estabilidade
Entretanto, a
estabilidade de Moçambique, que atraiu a Alemanha, está agora ameaçada com a
tensão entre o Governo e a RENAMO, maior partido da oposição. A situação
desencadeou confrontos este mês que resultaram em mortos e feridos.
É justamente na
altura em que ambas as partes dialogam com vista a uma melhor convivência que o
ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, visita
Moçambique.
Westerwelle vai
estar em Maputo na segunda e terça-feira (29 e 30 de abril), mas a agenda é
desconhecida até ao momento. Será que a tensa situação entre a RENAMO e Governo
será um dos pontos a abordar?
"Acho que
sim", diz Sultan Mussa, da Fundação Konrad Adenauer, em Maputo. Até agora,
as autoridades alemãs ainda não vieram a público apelar ao diálogo. "Isso
seria uma grande vantagem, porque também é do interesse da Alemanha que
tenhamos um país estável, onde esses grandes investimentos não se possam
desfazer daqui a algum tempo."
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