Angola
Fala Só - Salvador Freire – Voz da América
O presidente da
organização de direitos humanos “Mãos Livres” Salvador Freire disse hoje não
ter recebido uma “explicação convincente” das autoridades sobre o
desaparecimento dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule.
Os dois desapareceram há quase um ano quando participavam em preparativos para
manifestações de desmobilizados das forças armadas.
Falando no programa “Angola Fala Só” Salvador Freire disse que o
desaparecimento dos dois activistas eram mais dois nomes de uma lista de vários
nomes de pessoas que desapareceram ou foram assassinadas ao longo dos anos.
O advogado disse que o desaparecimento de pessoas é uma situação “perigosa”
para Angola acrescentando “suspeitar da existência de uma milícia que tem
recebido ordens” de pessoas nos círculos de poder.
Interrogado sobre a reacção das autoridades aos seus pedidos de
esclarecimento disse “não haver respeito das autoridades” pelo cidadão
comum.
O advogado disse que intensão da “Mãos Livres” continuar a fazer pressão sobre as
autoridades.
“o governo vai ter que nos dar uma explicação,” disse.
Interrogado pelo ouvinte Mateus Katuvaki de Benguela sobre se os
dosi activistas poderiam ter sido assassinado, Salvador Freire, disse não ter
qualquer informação nesse sentido.
“Temos a ideia que estão vivos,” disse acrescentando contudo se os dois
activistas foram mortos há que apurar responsabilidades para que os
criminosos sejam levados á justiça.
Interrogado por diversos ouvintes sobre a corrupção no sistema de justiça, o
dirigente da “Mãos Livres” disse continuar a acreditar no sistema de justiça
angolano apesar de todas as insuficiências que possam existir.
“Se um dia houver corrupção no sistema de justiça ao nível que existe nooutras
instituições então Angola não tem futuro,” disse.
“Pode existir corrupção em alguns tribunais ou de alguns magistrados mas não é
como noutros sectores,” disse.
Salvador Freire fez notar as enormes dificuldades com que lutam juízes e
advogados através do país mas disse acreditar que os juízes continuam a lutar
pela sua independência.
Elogiou por outro lado os planos do governo para estender tribunais e
instituições de justiça a todo o país.
O advogado disse não ter confiança na polícia nacional mas frisou que mesmo a
nível de instituições como o ministério do interior há Uma elevação da
consciência.
“A actuação é agora diferente do passado,” disse o jurista.
Salvador Freire disse que a “Mãos Livres” não recebe qualquer dinheiro do
estado apesar de ter pedido nesse sentido escrevendo mesmo ao Presidente José
Eduardo dos Santos para apoio financeiro como instituição jurídica independente.
A organização luta com falta de meios e só pode operar em nove províncias.
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