CLARA VIANA , MARIANA DIAS e HUGO DANIEL SOUSA - Público
Milhares de
portugueses nas ruas, com muitas críticas ao Governo
Num momento
difícil para o país e para os trabalhadores, milhares de pessoas celebram o
1.º de Maio nas ruas de Portugal, com Lisboa a concentrar as principais
iniciativas das centrais sindicais.
A manifestação da
CGTP seguiu do Martim Moniz para Alameda D. Afonso Henriques, juntando milhares
de pessoas. Quando a cabeça da manifestação começava a subir a Avenida
Almirante Reis, Arménio Carlos mostrava-se satisfeito: “Toda a gente me diz que
está mais gente do que no ano passado”, comentou o secretário-geral da CGTP ao
PÚBLICO.
Após um desfile em
que os reformados estavam em maioria, Arménio Carlos anunciou um protesto para
25 de Maio (um sábado) em frente ao Palácio de Belém, para pedir a demissão do
Governo. E anunciou também um protesto nacional para 30 de Maio (uma
quinta-feira), em várias cidades do país, "contra o roubo dos feriados e o
trabalho gratuito".
O líder da CGTP,
por outro lado, garantiu que só está disponível para o consenso se for para a
"responsabilização dos que estando à frente de empresas públicas
celebraram contratos ruinosos e dos ministros que lhes deram cobertura".
A UGT, por sua vez,
faz o habitual desfile do Marquês de Pombal até aos Restauradores.
Com muita música e
a avenida cheia, uma das palavras de ordem mais ouvidas foi “melhor economia,
mais emprego”. Carlos Silva pediu, aliás, uma política voltada para o
crescimento económico e garantiu de novo que a central sindical estará “sempre
do lado dos trabalhadores”.
O novo líder fez um apelo
à unidade no movimento sindical, mas recusou estar de “mão estendida” à
CGTP. “O namoro não pode ser só de um lado, tem de ter dois”, enfatizou em
declarações ao PÚBLICO.
A festa da UGT
ficou inicialmente marcada pelas críticas do ex-presidente João de Deus, que
considerou “preocupantes as mensagens” da organização no seu último congresso e
acusou a nova direcção de estar “de
mão estendida” à CGTP, numa linha de “sindicalismo partidário e de
bota-abaixo”.
João Proença, o
ex-secretário-geral, afirmou não ter conhecimento das declarações de João
de Deus. "Não concordo mas não me quero envolver nessas
matérias". Evocando o lema cantado "diálogo social sim,
imposição não", Proença considera que esta "é uma linha que a central
deve continuar a afirmar e na prática são as palavras de ordem escolhidas pela
direcção".
"A UGT pode
ter grande esperança na afirmação da nova direcção" acrescentou
Proença, garantindo que "a linha da central é a mesma mas adaptada à
realidade que vai mudando".
Quanto ao número de
pessoas que saíram à rua, o ex-secretário-geral da UGT considerou a adesão
muito positiva "num momento de dificuldades" marcado por uma
"atitude de profundo desânimo": "O 1.º de Maio é um dia de
afirmação da capacidade de luta dos trabalhadores."
Protestos também no
Porto
No Porto, também saíram à rua milhares de pessoas, na Avenida dos Aliados, no Porto,
a reivindicar mudanças de política e de Governo, reporta a Lusa.
“Está na hora deste
Governo ir embora” e “no Governo e em Belém não presta ninguém” são algumas das
palavras de ordem mais gritadas pelos manifestantes e aos microfones da
organização, a cargo da União dos Sindicatos do Porto.
Em Coimbra, informa
a Lusa, cerca de meio milhar de pessoas manifestaram-se contra as políticas
governamentais, numa iniciativa promovida pela União de Sindicatos de Coimbra
(USC), afecta à CGTP.
A manifestação, que
ligou a Praça da República à Praça 8 de Maio, na baixa da cidade, estendeu-se
pela avenida Sá da Bandeira, encabeçada por dois ranchos folclóricos e
mostrando manifestantes silenciosos em várias partes do percurso, que iam sendo
incentivados com palavras de ordem debitadas por três carros de som incluídos
no desfile.
"Porventura em
função dos problemas, dos cortes dos salários e subsídios, de uma política de
austeridade que tem levado as pessoas ao empobrecimento, que tem causado
miséria no país, certamente era para termos aqui milhares de pessoas a encherem
as ruas da cidade. Não temos porque também as pessoas andam cansadas",
disse à agência Lusa António Moreira, coordenador da USC.
Frisou, no entanto,
que pelos contactos que os sindicatos possuem nas empresas verificam o desânimo
dos trabalhadores, "muitos resignados de que não há outra
alternativa".
"Mas há. Há
alternativas para combater o défice das contas públicas sem ter de cortar nos
salários e na protecção social", afirmou António Moreira. com Lusa
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