quinta-feira, 2 de maio de 2013

União Africana admite levantar suspensão da Guiné-Bissau - representante em Bissau




FP - APN - Lusa

Bissau, 02 mai (Lusa) - A União Africana (UA) admite levantar a suspensão da Guiné-Bissau ainda este mês, desde que seja aprovado rapidamente um roteiro de transição e um pacto de regime, e que seja criado um governo inclusivo.

A promessa foi deixada hoje pelo representante da UA em Bissau, Ovídeo Pequeno, que em conferência de imprensa fez um balanço da última reunião do Conselho de Paz e Segurança da organização, que na semana passada (sexta-feira) se reuniu em Adis Abeba para discutir a situação na Guiné-Bissau.

Na reunião do Conselho participaram também representantes da União Europeia, da ONU, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo havido "total convergência de pontos de vista sobre as prioridades para a Guiné-Bissau", nomeadamente eleições este ano, disse Ovídeo Pequeno.

Foi decidido ainda, acrescentou, preparar uma missão conjunta (ONU, UA, CEDEAO, CPLP e UE) para vir à Guiné-Bissau, à semelhança do que já aconteceu em dezembro passado, que vai constatar a realidade do país e "estabelecer um mecanismo local de acompanhamento". Ovídeo Pequeno disse que os termos de referência da missão serão debatidos em breve.

A Guiné-Bissau foi suspensa da UA na sequência do golpe de Estado ocorrido em abril do ano passado. Ovídeo Pequeno disse hoje que a organização gostaria que, na próxima cimeira, ou até antes, a suspensão fosse levantada.

"Tudo é possível desde que haja vontade política dos atores guineenses, não tem necessariamente de se esperar pela cimeira para que se levante a suspensão, porque é uma decisão do Conselho de Paz e Segurança e é automática", disse Ovídeo Pequeno.

No próximo dia 25, em Adis Abeba, celebram-se os 50 anos da UA e nos dois dias seguintes há uma cimeira da organização, no mesmo local.

A UA, disse ainda Ovídeo Pequeno, saúda os avanços já conseguidos pelos políticos, sociedade civil e militares para que se chegue a um pacto de regime, um roteiro de transição e um governo inclusivo e deseja que se cheguem a conclusões rapidamente "para que a comunidade internacional possa ajudar o país a sair da crise em que se encontra".

E manifestou-se preocupada com os últimos acontecimentos, disse Ovídeo Pequeno, referindo-se à prisão pelos Estados Unidos do antigo chefe da marinha e a acusação ao atual chefe das Forças Armadas de envolvimento em tráfico de droga. "É um processo judicial, não nos cabe interferir, mas estaremos atentos", disse.

Ovídeo Pequeno afirmou ainda que a preocupação fundamental dos parceiros da Guiné-Bissau é a realização de eleições e reafirmou que a comunidade internacional as irá financiar.

A UA, referiu, vê "de forma positiva" o evoluir da situação na Guiné-Bissau e considera que no país há alguma tranquilidade e segurança.

E volta a pedir aos políticos para que se entendam. A UA compreende que o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, mais votado nas últimas eleições) possa ter problemas (nomeadamente para organizar o congresso marcado para este mês) mas adverte que sem a participação do PAIGC não se pode falar de inclusão e de envolvimento de todos os partidos para uma saída da crise, disse o representante.

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