FP - APN - Lusa
Bissau, 02 mai
(Lusa) - A União Africana (UA) admite levantar a suspensão da Guiné-Bissau
ainda este mês, desde que seja aprovado rapidamente um roteiro de transição e
um pacto de regime, e que seja criado um governo inclusivo.
A promessa foi
deixada hoje pelo representante da UA em Bissau, Ovídeo Pequeno, que em
conferência de imprensa fez um balanço da última reunião do Conselho de Paz e
Segurança da organização, que na semana passada (sexta-feira) se reuniu em Adis
Abeba para discutir a situação na Guiné-Bissau.
Na reunião do
Conselho participaram também representantes da União Europeia, da ONU, da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo havido "total convergência
de pontos de vista sobre as prioridades para a Guiné-Bissau", nomeadamente
eleições este ano, disse Ovídeo Pequeno.
Foi decidido ainda,
acrescentou, preparar uma missão conjunta (ONU, UA, CEDEAO, CPLP e UE) para vir
à Guiné-Bissau, à semelhança do que já aconteceu em dezembro passado, que vai
constatar a realidade do país e "estabelecer um mecanismo local de
acompanhamento". Ovídeo Pequeno disse que os termos de referência da
missão serão debatidos em breve.
A Guiné-Bissau foi
suspensa da UA na sequência do golpe de Estado ocorrido em abril do ano
passado. Ovídeo Pequeno disse hoje que a organização gostaria que, na próxima
cimeira, ou até antes, a suspensão fosse levantada.
"Tudo é
possível desde que haja vontade política dos atores guineenses, não tem
necessariamente de se esperar pela cimeira para que se levante a suspensão,
porque é uma decisão do Conselho de Paz e Segurança e é automática", disse
Ovídeo Pequeno.
No próximo dia 25,
em Adis Abeba, celebram-se os 50 anos da UA e nos dois dias seguintes há uma
cimeira da organização, no mesmo local.
A UA, disse ainda
Ovídeo Pequeno, saúda os avanços já conseguidos pelos políticos, sociedade
civil e militares para que se chegue a um pacto de regime, um roteiro de
transição e um governo inclusivo e deseja que se cheguem a conclusões
rapidamente "para que a comunidade internacional possa ajudar o país a
sair da crise em que se encontra".
E manifestou-se
preocupada com os últimos acontecimentos, disse Ovídeo Pequeno, referindo-se à
prisão pelos Estados Unidos do antigo chefe da marinha e a acusação ao atual
chefe das Forças Armadas de envolvimento em tráfico de droga. "É um
processo judicial, não nos cabe interferir, mas estaremos atentos", disse.
Ovídeo Pequeno
afirmou ainda que a preocupação fundamental dos parceiros da Guiné-Bissau é a
realização de eleições e reafirmou que a comunidade internacional as irá
financiar.
A UA, referiu, vê
"de forma positiva" o evoluir da situação na Guiné-Bissau e considera
que no país há alguma tranquilidade e segurança.
E volta a pedir aos
políticos para que se entendam. A UA compreende que o PAIGC (Partido Africano
da Independência da Guiné e Cabo Verde, mais votado nas últimas eleições) possa
ter problemas (nomeadamente para organizar o congresso marcado para este mês)
mas adverte que sem a participação do PAIGC não se pode falar de inclusão e de
envolvimento de todos os partidos para uma saída da crise, disse o
representante.
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