António Veríssimo
Dizem-se democratas
mas o que têm feito é aproveitarem-se da democracia para a destruírem e imporem figurinos que se assemelham aos métodos do salazarismo fascista derrubado
em 25 de Abril de 1974. A memória curta dos povos e das gerações mais jovens
permitem-lhes cumprir o refrão da canção de António Mourão “Oh Tempo Volta P’ra
Trás” e que seguidamente solicitava o “Dá-me Tudo Que Eu Perdi”. O saudosismo, o
revivalismo, a revanche, a vingança, a mesquinhez ativa e demonstrada por Cavaco
Silva e outros assim nos leva a concluir.
Aquele mamarracho mumificado
que ocupou o Palácio de Belém e o mais alto cargo da República Portuguesa – saído
de uma percentagem ínfima que lhe permitiu vencer eleições – está a representar
a desgraça da República, a desgraça da Democracia, a desgraça de Portugal. Dizem
que tem legitimidade para o fazer… Também os Patriotas e Republicanos têm
legitimidade para nas suas análises políticas o considerar nocivo aos
interesses de Portugal e da vasta maioria dos portugueses. Porque está a apoiar
e é cúmplice declarado de um governo que destrói o país e nos miserabiliza. Porque
subverte os princípios da República ao assemelhar-se a um rei que vai nu no seu
conservadorismo, no seu narcisismo, na sua mesquinhez, no seu débito de
democracia, no seu génio de banalidade e de distanciação do povo, dos que apesar
de enganados nele votaram e lhe deram a oportunidade de se arrogar com
legitimidade para contribuir na destruição do país.
Ó Elvas, ó Nova
PIDE mascarada de PSP
É nesta era de
Cavaco que temos em ação a Nova PIDE numa pretenciosa e fascizante PSP –
Polícia de Segurança Pública(?). Isso mesmo se vê em supostos agentes da dita
corporação que vestidos à civil se misturam com a população e os prendem porque
este ou aquele cidadão reage à vista de Cavaco e lhe grita “Vai trabalhar”. Foi
aquilo que se sabe ter acontecido em Elvas, onde Cavaco e Passos Coelho foram
vaiados por não lhes reconhecerem honra. Parece que o manifestante não gritou
Vai Trabalhar em prol de Portugal, Malandro… Mas, já que ali estava, podia.
Como se agora não
chegasse a Nova PIDE sob a forma de agentes da PSP também um juiz se achou com
poderes bastantes ao estilo do Tribunal Plenário do Salazarismo Fascista e
sumarissimamente julgou e condenou* o cidadão que em Elvas mandou Cavaco ir
trabalhar e parece que nem sequer lhe chamou malandro, que é o que ele tem
sido. O fascismo está a avançar, demonstram-no estes processos subrepticios. Urge
que se reaja ou senão depois será tarde demais. Esta é a “democracia” que
Cavaco quer. Cavaco e todos aqueles que estão e sempre estiveram saudosistas do
salazarismo que nunca contestaram, antes pelo contrário. E foi aquela “coisa”
que foi eleita para representar e defender a República Portuguesa, a Nossa Pátria…
Não ocorre por
acaso e lamentavelmente assistirmos a sistemáticos atos de vaias na presença de
Cavaco e de elementos do governo. O povo está farto e a dizer-lhes que se devem
ir embora, que já não lhes reconhece legitimidade para ocuparem os poderes que
democraticamente lhes entregou ao engano. Mas Cavaco e o seu governo sentem-se
com a legitimidade de cumprirem a sua missão. Destruir Portugal de Abril, que é
como quem diz: Portugal da Democracia onde tem sido o Povo Quem Mais Ordena. Não
agora, agora já não ordena nada porque as teias da subjugação, da repressão, estão
cada vez mais evidentes. Cenário que não é absolutamente nada estranho a Cavaco
Silva e aos seus métodos. Já quando foi primeiro-ministro a repressão fez jus
aos seus propósitos com a ajuda da PSP. Numa manifestação na Ponte 25 de Abril, no Pragal, disparos dos agentes
atiraram para uma cadeira de rodas um jovem que afinal só estava a protestar e
não mais que isso. Decerto que para Cavaco isso ainda hoje será motivo de
orgulho. A arrogância, o narcisismo, os laivos fascistas deste personagem que
infelizmente saiu por rifa à democracia portuguesa são na devida proporção
acompanhados por Passos Coelho e demais avantesmas que influenciam ou compõem o
governo. É aquilo que nos tem sido dado a observar e a sentir no quotidiano. A confrontação é o seu
método, a sua preferência. Incutir medo é a sua arma. Isso está patente em Elvas e noutros
exemplos.
Milhões de
portugueses deitam pela boca fora o que pensam de Cavaco e de Passos, do
governo, das suas políticas. Palhaços, traidores, vendidos, filhos desta e daquela, ladrões, etc. É
aquilo com que os mimam nas conversas do dia-a-dia. E merecem-no, em minha
opinião. Porém parece que agora os portugueses vão ter de voltar a falar por “código”
e mesmo assim podem arriscar-se a serem levados por alguns agentes da Nova PIDE, dita PSP.
Como no tempo de Salazar, em que bastava chegar na mercearia e dizer-se que o
bacalhau em demolho era delgado ou que se queria “aquela posta do mais delgado”,
para ser interpretado como evocação ao General Humberto Delgado e um PIDE
salazarista e fascista levar o povinho para a António Maria Cardoso (sede da PIDE em Lisboa) sob o
pretexto de que era um perigoso comunista. Isto, assim, aconteceu. E muito
pior. Os sintomas acontecidos em Évora são preocupantes. Para destruir assim a
democracia, a liberdade, Portugal… Só não democratas nem patriotas podem
aceitar mansamente, sem se rebelarem, o que está a acontecer e não reagirem em
defesa de Portugal e dos portugueses. Não podemos permitir que este presidente
e este seu governo prossigam na senda do regresso ao passado ausente de
liberdade e democracia mas abundante em pobreza e miséria atrozes. Por isso o
que se pode perspetivar é que com Cavaco e este seu governo a confrontação suba
de tom. Com gente deste jaez sempre assim acontecerá. Ou mais ou menos. Desejemos
que menos e que a democracia saia reforçada depois desta fase negra e
fascizante que Portugal e os portugueses estão a vivenciar. Tempos perigosos.
*O Ministério Público
(vá lá!) manifesta-se contra julgamento sumário. Ver em: Ministério Público pede anulação de julgamento sumário por insultos a Cavaco
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