Tiago Mota Saraiva
– Jornal i, opinião
Ao longo dos anos
tenho vindo a utilizar com todos os pruridos a comparação entre a realidade
presente e o Fascismo. É bom não esquecer que num regime fascista este texto
não seria publicado ou que este autor, muito provavelmente, não estaria a
escrevê-lo em liberdade. Contudo, olho à minha volta e diferentes momentos da
semana fazem adivinhar um negro destino que paira sobre nós.
Na Turquia o
protesto local contra a construção de um centro comercial desencadeou uma
guerra civil. Milhares dão o corpo às balas (literalmente) para derrubar mais
um ditador protegido pela NATO. Quem duvidar do estado de excepção, basta ver alguns
vídeos que circulam pela internet, as imagens da prisão dos advogados que se
voluntariavam para defender os manifestantes ou saber das multas aplicadas aos
canais de televisão que transmitem os protestos. Ao invés, na Grécia, do dia
para a noite o primeiro ministro decidiu encerrar a televisão pública e lançar
no desemprego mais uns milhares de trabalhadores.
A nuvem negra do
fascismo paira novamente sobre a Europa. E Portugal está no pelotão da frente.
O que dizer de um
governo que recorre a dispositivos ilegais para condicionar o direito à greve
de professores? O que dizer de um ministro que, do dia para a noite, decreta a
suspensão do pagamento dos subsídios dos funcionários públicos? O que dizer da
morte* de "Mucho" depois de 15 dias em coma por ter sido espancado
pela polícia num bairro da Damaia? O que dizer de uma justiça que condena em
dois dias quem manda trabalhar o Presidente da República e que lhe diz na cara
que está farto de ser roubado ao mesmo tempo que ignora, iliba ou adia decisões
em todos os casos que envolvem as figuras poderosas do regime? O que dizer dos
25% de cidadãos residentes em Portugal que vive abaixo dos limiares de pobreza?
Os sinais de
tempestade estão todos aí.
Escreve ao sábado
*Relacionado com PSP em Público
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