segunda-feira, 11 de novembro de 2013

QUE MAL FEZ A POPULAÇÃO DE MACAU?

 


Helder Fernando – Hoje Macau, opinião, em À Flor da Pele
 
I - Nesta RAEM onde sobrevive, nos momentos quase finais, a população chinesa natural de Macau, que mal fizeram os residentes para em cada mês terem de pagar por um, duas ou três assoalhadas, quantias mensais próximas de um salário de trabalho?
 
Que mal fez a população de Macau, e a quem, para que uns descendentes de milionários condecorados e apaparicados, num passado recente, pela administração portuguesa na região e ainda pelo governo de Lisboa, depois colocados no poder pela habitual lógica, protectora entre eles, concebam e estimulem incondicionalmente a inexistência de medidas que travem a medonha especulação imobiliária, e outras, sempre a subirem?
 
Que mal fizeram os residentes para que não apareça ninguém com peso político inatacável, a influenciar o contrário desta escandaleira que fere a alma das pessoas? Sem qualquer necessidade, apoiam-se todas as medidas ou a inexistência de outras, para que uma minoria financeiramente nas alturas olha cá muito para o fundo sem sentir vertigens com o despenhadeiro.
 
A RAEM, os seus simpáticos, laboriosos e fiéis residentes, pode viver um bocadinho melhor, não pode? Já agora… População feliz é aquela que sente os seus dirigentes interessados na sua felicidade. Ou isto são tudo balelas e os discursos oficiais também?
 
II - O que está acontecendo em Portugal, à grande maioria dos cidadãos, é a agonia a caminho do extermínio. Se não surgirem factores ou pessoas que ponham fim àquele cadafalso com os carrascos de cutelo afiado e em punho.
 
Não sendo por maldade nem ignorância, o que leva os governantes e outras estruturas influentes, incluindo privados sanguessugas, a imporem autênticos saques sobre as pessoas, gravosa e progressivamente incomportáveis? Talvez o lucro rápido e gigantesco dos que mais lucram.
 
III - Ao longo de alguns séculos, Macau foi adquirindo identidade própria. Se o prezado leitor preferir, adquiriu o princípio da razão suficiente. Porque tudo o que existe ou acontece tem uma razão para existir. Seja formalmente, seja no abstracto – lógica ou ontologicamente.
 
IV - Ainda estão a ser celebrados os 100 anos do nascimento de Vinicius de Moraes e já um mito da música rock, Lou Reed, suspira finalmente em paz. Personagem inesquecível, possivelmente no mesmo plano alto que, ainda antes da consagração chamada Velvet Underground, se emparceirou com Andy Warhol aparentemente no campo das artes visuais, mas logo a seguir para venderem ao melhor ou pior comprador, normalmente laboratórios, os próprios sangues. Heoína era, então, a palavra de ordem: “Heroin it´s my wife and it´s my life”, cantava com desplante óbvio Lou Reed. Depois foi em frente no caminho: “Walk on the Wild Side”, “Sweet Jane”, já fora dos Velvet Underground. Amou a vida em diferentes sabores e estilos. Viveu com um famoso travesti, contrariando o sofrimento sofrido na infância com choques eléctricos por a família ter descoberto a sua bissexualidade.
 
Os excessos repetidos como rotina feriram de morte. Domingo passado aos 71 anos, apagou-se a luz do seu olhar de espanto. Pensa-se que por causa de complicações relacionadas com o transplante de fígado a que foi submetido em Abril deste ano.
 
Visivelmente debilitado há pelo menos 2 anos – basta pesquisar visionando imagens dos últimos aparecimentos - Lou Reed sempre mostrou aquele ar de aparente arrogância. Porventura imaginou conceber e realizar o seu rock, a partir de Nova Iorque, como se nada mais houvesse musicalmente para o mundo escutar. Talvez se sentisse eterno. Mas qual de nós, por uma vez, não se sentiu inalterável para todo o sempre?
 
Utilizar aquele velho chavão “uma lenda do rock”, ou mesmo da pop, é redundante e aplicável a tantos outros nomes como Rolling Stones, Eric Clapton, David Bowie, Bob Dylan, uma longa lista de figuras inesquecíveis.

Uma vida de muitas sombras e raras claridades. Sempre imaginando e criando o património musical que nos deixou.

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