sexta-feira, 7 de março de 2014

EX-GUERRILHEIRO TIMORENSE MAUK MORUK QUER LEGALIZAR MOVIMENTO QUE LIDERA




Díli, 06 mar (Lusa) - O antigo comandante da guerrilha timorense Mauk Moruk manifestou hoje na Procuradoria-Geral da República disponibilidade para legalizar o Conselho da Revolução do Povo Maubere, movimento que criou quando regressou a Timor-Leste.

"Eles são os defensores da lei e da ordem. Eu vou legalizar a organização dentro de um período estipulado enquanto isso os senhores procuradores vão envidar esforços junto da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste) para pararem as operações. Dentro de um mês está tudo resolvido", afirmou Mauk Moruk aos jornalistas.

O ex-guerrilheiro referia-se às operações policiais desencadeadas na quarta-feira para cumprir a resolução do parlamento de Timor-Leste para impedir a instabilidade no país. Sobre esta resolução, Mauk Moruk afirmou que foi "apressada e feita em cima do joelho".

"Eu refuto completamente aquela resolução. Não concordo", disse.

A polícia timorense ocupou na quarta-feira a sede do Conselho Popular da Defesa da República Democrática de Timor-Leste (CPD-RDTL) na sequência de uma resolução do parlamento nacional a pedir medidas para anular tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado, que considera estarem a ser protagonizadas por aquele grupo e pelo antigo comandante da guerrilha Mauk Moruk.

A resolução foi aprovada na segunda-feira durante um debate de urgência com a presença do primeiro-ministro e ministro da Defesa e Segurança de Timor-Leste, Xanana Gusmão.

Na resolução, os deputados afirmam que têm acompanhado, "com preocupação, as movimentações de grupos ilegais, nomeadamente do autointitulado Conselho da Revolução do Povo Maubere, do CPD-RDTL, entre outros, que têm vindo a público através dos meios de comunicação social fazer exigências de cariz político ao Presidente da República para suspender a Constituição, demitir o Governo e dissolver o parlamento".

Os deputados exigiram aos órgãos de soberania para tomarem, no âmbito das suas competências, "medidas urgentes que a Constituição e as leis preveem para situações de cometimento de crimes por forma a devolver aos cidadãos as necessárias segurança e tranquilidade".

Hoje, em declarações aos jornalistas, o vice-chefe de Estado Maior General das Forças de Defesa de Timor-Leste, brigadeiro general Filomeno Paixão, pediu ao CPD-RDTL e ao antigo comandante Mauk Moruk para cumprirem a resolução do parlamento.

"Estamos preocupados e esperemos que tudo corra bem e que da parte do CPD-RDTL e do Mauk Moruk se conforme com a decisão do parlamento e cumpram as decisões", afirmou o brigadeiro-general Filomeno Paixão no final de um encontro com o Presidente timorense, Taur Matan Ruak.

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, afirmou também hoje que o chefe de Estado timorense apoia a resolução do parlamento, que vai ser distribuída por todo o país para as pessoas estarem informadas e colaborarem com as forças de segurança.

Mauk Moruk (Paulino Gama) é o antigo primeiro comandante das Brigadas Vermelhas das FALINTIL, que abandonou a guerrilha em 1984 e se rendeu aos indonésios. Já na Indonésia, juntou-se às forças armadas daquele país.

Mauk Moruk, que esteve fora do país vários anos, regressou a Timor-Leste em outubro e criou o Conselho de Revolução Maubere, que exige a dissolução do parlamento, a demissão do Governo, a convocação de eleições, a entrada em vigor da Constituição de 1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.

O CPD-RDTL é um grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak, que após a restauração da independência realizou várias manifestações em Díli a exigir o reconhecimento da independência proclamada em 1975, bem como a saída das organizações internacionais.

Em março de 2013, o Governo timorense já tinha acusado o CPD-RDTL de violar a lei e desrespeitar os direitos humanos, nomeadamente através da ocupação de terras particulares, públicas e da comunidade.

MSE // VM - Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana