Edna Dala – Jornal de
Angola
O Vice-Presidente
da República, Manuel Vicente, realçou os progressos registados na saúde materna
e infantil em África e apontou Angola como exemplo, onde a mortalidade materna
baixou consideravelmente, passando de uma proporção de 1.400 por cada 100.000
nados vivos, em 2001, para os actuais 450 por 100.000.
A mortalidade
infantil em menores de um ano, apresentou uma razão de 116 por cada 1.000 nados
vivos.
Manuel Vicente discursou ontem na abertura da primeira reunião dos ministros
africanos da Saúde, que termina hoje em Luanda, na presença do Vice-Presidente
da República das Comores e do director regional para África da Organização
Mundial da Saúde, Luís Gomes Sambo.
Manuel Vicente reforçou que a melhoria dos indicadores da mortalidade materna e
infantil na região é uma realidade, mas o grande objectivo é extinguir em
África os óbitos evitáveis. Manuel Vicente disse que, no que concerne à saúde
infantil, Angola continua livre da pólio há mais de 28 meses, tendo consolidado
a imunidade das suas crianças menores de cinco anos com campanhas nacionais
periódicas e de rotina contra a poliomielite.
O vice-presidente pediu aos líderes africanos para unirem esforços e exigirem
mais de si para a segurança e melhoria da qualidade dos produtos consumidos,
principalmente os medicamentos. Por isso, garantiu o apoio do Executivo no
processo de monitorização da qualidade de todos os medicamentos e meios de
diagnóstico a utilizar no continente, sejam produzidos em África ou importados.
O Vice-Presidente da República manifestou a pretensão de Angola albergar o
Centro de Controlo e Prevenção de Doenças de África que vai permitir um
trabalho conjunto entre os vários centros de excelência de países africanos e
de outros continentes.
Manuel Vicente referiu que falar de saúde em África é abordar a situação actual
dos africanos e do futuro que “desejamos para as gerações vindouras e para as
infra-estruturas da saúde”.
O dia de hoje entra para a História de África e em particular de Angola tendo
em conta que é a primeira vez que a reunião dos ministros africanos da saúde se
reúne conjuntamente com a OMS e União Africana e tem como palco a cidade de
Luanda.
O Vice-Presidente da República disse que a guerra civil criou atrasos
consideráveis no processo de desenvolvimento causando um milhão de mortos,
milhares de mutilados e órfãos, milhões de deslocados e uma ferida profunda na
saúde pública dos angolanos.
Danos irremediáveis
Manuel Vicente apelou à intervenção de todos os participantes no encontro “para
que juntemos esforços, que permitam solucionar de modo permanente os confrontos
armados no nosso continente, pois é inegável o facto de que danos humanos e
económicos causados pelos conflitos são irremediáveis”.
As epidemias e outras urgências de saúde pública que o continente vive, “têm os
dias contados com a conclusão desta reunião tendo em conta que daqui sairemos
com estratégias bem delineadas para a alteração do actual quadro, pois temos
presente a capacidade técnica e a vontade de mudança que nos guia, ao traçarmos
de mãos dadas as primeiras linhas rumo à universalização da cobertura sanitária
em África”.
Com o conhecimento das reais necessidades de recursos humanos, infra-estruturas
de formação e de serviços médicos “vamos conseguir definir as diferentes etapas
de execução ou revitalização de programas dos cuidados de saúde em Africa com
equipas locais e apoiados por países parceiros conscientes do seu papel de
partilha de conhecimentos”, disse Manuel Vicente.
Em Angola, o plano de desenvolvimento sanitário definiu a descentralização do
financiamento dos serviços de saúde e a municipalização da gestão dos serviços
com o objectivo de chegar mais perto do utente. Manuel Vicente referiu que para
este ano, no âmbito da municipalização dos serviços de saúde relativamente à
luta contra a Sida, é concluído o plano de eliminação da transmissão de mãe
para filho.
Os serviços de prevenção da transmissão vertical e de tratamento são integrados
no programa de atenção materna e cuidados primários de saúde.
Luta contra a Ébola
O director regional da OMS para África, Luís Gomes Sambo, considerou a reunião
ministerial importante, tendo em conta que é a primeira vez que se realiza
desde a criação da União Africa e da OMS: “a presença de todos é de importância
primordial visto que o continente africano acelera a sua marcha para o desenvolvimento
económico e social”.
Luís Gomes Sambo disse que “a nova plataforma vai gerar novas sinergias entre
os principais autores do desenvolvimento sanitário em África”. A cooperação
técnica entre os parceiros é muito importante e deve melhorar a compreensão dos
problemas comuns de saúde pública e produzir soluções inovadoras e
sustentáveis, “para que enfrentemos com optimismo alguns desafios complexos que
continuam a comprometer os desempenhos dos serviços de saúde e a qualidade dos
indicadores de saúde em África”.
O director regional da Organização Mundial da Saúde para a África realçou que
as infra-estruturas de saúde da maior parte dos países africanos continuam a
precisar de reforços em termos de capacidade humana, material e financeira para
colmatar as lacunas que persistem na cobertura universal dos cuidados de saúde.
E encorajou todos os ministros a reforçarem os sistemas de alerta e aplicarem
as disposições pertinentes do regulamento sanitário.
Foto: Kindala
Manuel
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