segunda-feira, 7 de julho de 2014

Defendendo a velha ordem mundial, EUA apoiam guerra nos confins da Europa



Andrei Ivanov – Voz da Rússia

Se torna cava vez mais difícil seguir com calma o desenrolar dos acontecimentos trágicos na Ucrânia. As reportagens mostram as ruas queimadas, mulheres chorando junto das casas arruinadas, os corpos de defuntos mutilados, pequenos caixões para crianças mortas. Tal é um balanço de violentos ataques aéreos, de artilharia pesada e sistemas de fogo simultâneo contra as povoações do sudeste.

A propaganda ucraniana não deixa especulações de que são as “milícias pró-russas” que teriam recebido da Rússia os sistemas potentes Grad e a Força Aérea russa que enviou seus bombardeiros. Mas agora a essa mentira se aliou a semiverdade. Um dos comandantes do batalhão Azov, que participa da “operação antiterrorista”, confessou que o recente ataque aéreo contra as vilas e cidades do sudeste foi realizado por pilotos ucranianos. Ressalvou logo que pilotos teriam cometido um erro ou retaliado assim o fogo de mísseis, aberto por “terroristas”. As hostilidades estão sendo fomentadas pelo site do Ministério da Defesa da Ucrânia que publicou a informação sobre os parlamentários com bandeiras brancas na mão assassinados pelos militares ucranianos.

“Em 3 de julho, nos postos de controle do Exército ucraniano se tem verificado uma tendência de os separatistas usarem bandeiras brancas para se aproximar do adversário e depois abrir fogo contra militares ucranianos. Todavia, tais provocações estão sendo frustradas pelo Exército que vai aniquilando os terroristas”, refere uma nota.

A matança de pessoas que se rendem trazendo estandartes brancos viola a Convenção de Viena e se qualifica como um crime militar. Bem como o uso do Exército contra a população civil. Os políticos europeus começam a entender que, se solidarizando com o presidente Piotr Poroshenko, que procura esmagar a resistência, eles próprios se tornam cúmplices desses crimes. Cedo ou tarde, eles terão de se responsabilizar por tudo isso, a que tem apontado já a oposição. Por isso, os líderes da Alemanha e França tentam convencer Kiev de retomar a trégua e reiniciar as conversações com representantes de Donetsk e Lugansk.

Entretanto, a reação dos EUA tem causado um pasmo. Se acreditar no periódico Financial Times, na noite para 1 de julho, o secretário de Estado, John Kerry, num contacto telefônico com Poroshenko, exortou-o a retomar o armistício. O jornal informa ainda que o reinício das operações militares, ou seja, a sua intensificação porque os combates nunca foram suspensos, se tornou uma surpresa desagradável para o Ocidente.

O objectivo da publicação é evidente: se Poroshenko não puder voltar a controlar o sudeste ou se a verdade sobre o número de vítimas no meio da população civil for descoberta, Washington, sem remorsos da consciência, poderá chamar o presidente ucraniano de “açougueiro” e desfazer-se dele. Mas para já, a informação sobre a escala da tragédia não se tornou apanágio dos largos círculos sociais do Ocidente e os EUA continuam apoiando Poroshenko.

Peritos e jornalistas russos procuram entender os motivos da teimosia dos EUA nos seus esforços de apoiar o regime odioso de Kiev. Dizem que é dessa forma que Barack Obama tenta tirar desforra pelo triunfo da Rússia na solução da crise síria e pela reintegração da Crimeia. Se nota ainda uma intenção dos EUA de transformar a Ucrânia num baluarte antirrusso, instalando na Ucrânia os elementos da Defesa Antimíssil e as tropas da OTAN. Washington procura semear discórdia entre a Europa e a Rússia para impedir a criação de um espaço econômico comum desde Lisboa a Vladivostok, proposta outrora por Vladimir Putin, assim como não admitir a ruína do sistema mundial com o predomínio do dólar que se formou no século XX.

A essa última meta têm servido os projetos de parceria transatlântica e transpacífica, apoiados por lobistas norte-americanos. Na ótica de Washington, a ameaça nessa área se deve à disponibilidade de alguns países asiáticos e da Rússia de se recusar de uso do dólar nas suas trocas comerciais e à intenção do grupo BRICS de criar seu próprio banco.

Foto: AP/Evgueni Maloletka

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