Centenas
de pessoas concentraram-se hoje, pelo segundo dia consecutivo, em La Candelária , no
centro de Caracas, em protesto pelo assassínio a tiro de um comerciante
português, cuja padaria foi assaltada terça-feira por dois homens armados.
"Neste
país matam as pessoas, dizem-nos que vão investigar e uma semana depois não se
sabe mais nada. Queremos que se identifiquem os assassinos, que sejam julgados,
que as autoridades nos deem um exemplo de justiça", disse uma portuguesa à
Agência Lusa.
Muito
contrariada com a situação, Fátima Agrela explicou que "os imigrantes
passam a vida inteira a trabalhar e, de repente, vem alguém que lhes rouba as
coisas ou os assassina".
"Parece
que o crime está a generalizar-se e quanto mais se combate mais casos aparecem.
Os 'negócios' estão a ser constantemente assaltados, as pessoas têm medo de sair
à rua, já não só em horas da noite, mas também durante o dia", disse.
Nos
cartazes dos manifestantes era possível ler-se mensagens como "outro
inocente vítima da violência", "basta de violência" e "já
basta".
O
general Américo Villegas, vice-ministro de segurança cidadã, esteve no local do
protesto, tendo os manifestantes aproveitado para se queixarem da falta de
segurança e de que a 'Guarda do Povo' (GP, polícia militar em funções de
segurança dos cidadãos) não responde às denúncias dos roubos que ocorrem
diariamente.
Carlos
Júlio Rojas, presidente da Assembleia de Cidadãos de La Candelária , denunciou
às autoridades e aos jornalistas que alguns oficiais da GP estavam a
"cobrar 500 bolívares (58 euros) para dar proteção aos comerciantes".
Por
outro lado, insistiu que é preciso "depurar" aquele organismo e que
mais polícias sejam enviados a supervisionar a zona.
O
protesto ocasionou forte congestionamento no centro de Caracas.
Natural
de São Vicente, Madeira, José Correia, de 77 anos foi assassinado terça-feira
por dois indivíduos armados que assaltaram a sua padaria.
O
assassínio ocorreu pelas 06:30 horas locais (12:00 horas em Lisboa), quando o
comerciante abriu umas das portas da padaria El Faro.
Os
assaltantes, que chegaram numa motocicleta, ameaçaram o comerciante e o levaram
para dentro a casa de banho onde lhe deram três tiros.
Depois,
vandalizaram todo o estabelecimento comercial, forçaram a abertura da caixa
registadora e levaram o dinheiro da venda alcançada na tarde de segunda-feira.
Após
tomarem conhecimento do crime, dezenas de residentes bloquearam várias ruas de La Candelária , em protesto
pela alta insegurança que se regista no país e para pedir que os assassinos
sejam identificados e castigados.
José
Correia, que emigrou para a Venezuela aos 16 anos, deixa uma mulher e dois
filhos.
Um
irmão da vítima foi assassinado há alguns anos, em Caracas, durante um assalto
a um estabelecimento comercial.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário