Uma
pessoa morreu infetada com ébola numa aldeia da Guiné-Conacri, próxima da
Guiné-Bissau. Os guineenses temem que o surto passe a fronteira. As autoridades
nacionais reforçaram o controlo fronteiriço.
O
Governo, em colaboração com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),
reforçou o controlo nas fronteiras, enviou mais equipas médicas para as zonas
de risco e aposta fortemente numa campanha radiofónica de sensibilização sobre
o vírus ébola, segundo um plano de emergência elaborado pelas autoridades
sanitárias de Bissau.
As
informações que chegam dos países vizinhos não são encorajadoras. Este ano, o
vírus já matou 729 pessoas na África Ocidental, segundo a Organização Mundial
de Saúde. Quase todos os países da região estão em alerta máximo por causa
desta epidemia sem precedentes, que mata 90 por cento dos infetados.
Por
a Guiné-Bissau fazer fronteira com a Guiné-Conacri, um dos países mais
atingidos pelo vírus ébola, o receio de contaminação é grande, diz o
moçambicano Abubacar Sultan, representante da UNICEF.
"Tendo
havido aqui um caso relativamente próximo da fronteira com a Guiné-Bissau,
logicamente que estamos numa zona de risco", afirma.
Até
hoje, não foi detetado nenhum caso de ébola em território guineense, mas numa
aldeia da Guiné-Conacri, próxima da Guiné-Bissau, registou-se um morto. Isso
levou ao reforço das medidas de controlo nas fronteiras guineenses.
Regras
de higiene
"É
necessário que as pessoas adotem um conjunto de regras, começando pelas regras
de higiene pessoal. Mas também é preciso que abandonem hábitos como o consumo
de carne de certos animais", afirma Abubacar Sultan. A Organização Mundial
de Saúde recomenda, por exemplo, que se evite manusear carne crua de animais
selvagens.
Por
outro lado, a organização internacional recomenda também que quem morrer vítima
de ébola seja sepultado rapidamente e num local seguro, para prevenir a
transmissão do vírus a outras pessoas. Para lidar com este assunto
"extremamente sensível" é preciso ter o apoio dos líderes religiosos,
refere Sultan.
De
resto, o representante da UNICEF garante que, no terreno, "há sistemas de
circulação da informação a postos e já foram criadas as equipas técnicas para
investigar possíveis casos de ébola, inclusive para recolher amostras para
despistagem."
O
Governo guineense e os parceiros garantem que não é preciso recear a vinda de
pessoas de outros países para a Guiné-Bissau por causa das ameaças do vírus
ébola.
Esta
quinta-feira (31.07), o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, convocou
uma reunião do Conselho de Ministros para detalhar o plano de emergência a ser
implementado pelas autoridades sanitárias. Entretanto, o executivo lançou um
SOS para repor o stock de medicamentos face à epidemia.
"Recebemos
a confirmação do Governo português da disponibilidade de 15 toneladas de
medicamentos que devem chegar ao país nos próximos dias", anunciou
Domingos Simões Pereira.
Enquanto
isso, nas ruas de Bissau, os guineenses preocupam-se mais com o jogo da
selecção nacional deste sábado do que com as ameaças eminentes do vírus ébola.
O tema continua a ser o destaque nos serviços noticiosos. Em simultâneo, nas
fronteiras, segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, os profissionais da
saúde combatem agora dois inimigos: o vírus do ébola e o medo da população.
Deutsche
Welle - Autoria: Braima Darame (Bissau) - Edição: Guilherme Correia
da Silva / Cristina Krippahl
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