sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Israel pede ajuda de parlamentares dos EUA para se defender de acusações de crimes de guerra



Opera Mundi, São Paulo

Congressista norte-americano afirmou que Netanyahu quer combinar estratégia de defesa com Estados Unidos e evitar que caso vá à Corte Penal Internacional

O primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu a políticos dos Estados Unidos que ajudem Israel a se defender das acusações de que o país teria cometido crimes de guerra durante a operação Margem Protetora na Faixa de Gaza. A informação foi revelada pelo congressista norte-americano Steve Israel em entrevista ao jornal New York Post.

“O primeiro ministro nos pediu que trabalhássemos juntos para garantir que essa estratégia de ir à Corte Penal Internacional não tenha sucesso”, disse o político do partido Democrata ao jornal norte-americano. O congressista fez parte de um grupo de deputados dos EUA que se encontrou com Netanyahu em Israel nesta quarta-feira (06/08).

Líderes palestinos tiveram uma reunião com representantes da Corte Penal Internacional nesta semana em Haia, sede do organismo internacional na Holanda, para fazer um pedido formal para participar do tribunal internacional. “Tudo o que aconteceu nos últimos 28 dias são evidências claras de crimes de guerra cometidos por Israel”, afirmou o Ministro de Assuntos Exteriores da Palestina, Riyad al-Malki, depois do encontro.

“Nós não temos dificuldade para demonstrar ou construir um caso. As evidências estão lá para as pessoas verem e coletarem. Israel claramente violou o direito internacional”, acusou.

O congressista norte-americano disse ao New York Post que Netanyahu “quer que os Estados Unidos usem todas as ferramentas que dispõem para, em primeiro lugar, assegurar que o mundo saiba que crimes de guerra não foram cometidos por Israel, mas sim pelo Hamas. E que Israel não pode ser julgado com um peso diferente”.

Netanyahu defendeu a conduta israelense na operação Margem Protetora durante uma coletiva de imprensa na última quarta-feira, chamando a incursão militar de “justificada” e “proporcional”.

Indícios crescentes

A Anistia Internacional (AI) informou nesta quinta-feira (07/08) que detectou "indícios crescentes" de ataques aparentemente deliberados do Exército de Israel contra hospitais e pessoal médico da Faixa de Gaza e pediu que seja feita uma investigação imediata.

Segundo esta organização pró-direitos humanos, esses supostos ataques causaram a morte de seis responsáveis do corpo médico. Desde o dia 17 de julho, os ataques contra hospitais, pessoal médico e pessoal de ambulância, incluindo quem tentava retirar pessoas feridas nos ataques israelenses, se intensificaram, de acordo com a AI.

Em sua nota, a AI divulga vários testemunhos de médicos, enfermeiros e ambulâncias que trabalham na região. "As espantosas descrições que os motoristas de ambulância e outros membros do pessoal médico fazem da atroz situação na qual têm que trabalhar, com bombas e balas matando ou ferindo seus colegas enquanto tentam salvar vidas, ilustram a sombria realidade da vida em Gaza", assinalou Philip Luther, diretor do Programa para o Oriente Médio e o Norte da África da Anistia Internacional.

Luther considerou que "ainda mais alarmantes são os crescentes indícios de que o Exército israelense atacou centros ou profissionais de saúde". Ele ainda lembra que "esses ataques estão terminantemente proibidos pelo direito internacional e constituiriam crimes de guerra" e acrescenta que "só servem para reforçar o argumento de que a situação deve ser enviada ao Tribunal Penal Internacional".

A organização denuncia que houve equipamentos médicos que foram impedidos de ser levados a áreas críticas, privando assim centenas de civis feridos de uma assistência que poderia salvar-lhes a vida e deixando famílias inteiras sem ajuda para retirar os corpos de seus parentes.

Comissão israelense

No dia 3 de agosto, o Exército israelense organizou uma equipe que tem como missão recompilar informações e provas sobre a ofensiva contra o Hamas, em Gaza, para se defender de eventuais acusações de crimes de guerra.

De acordo com o jornal Haaretz, a equipe é liderada pelo chefe do Escritório de Planejamento do Exército israelense, Nimrod Sheffer, e inclui membros da Procuradoria Militar, do Comando Sul, da Divisão de Gaza e da Força Aérea. Representantes do Ministério das Relações Exteriores também farão parte do grupo.

O trabalho da equipe será buscar provas que testemunhem o uso da população civil como escudo humano por parte das facções armadas palestinas, em particular vídeos e documentação em poder da Força Aérea.

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