sexta-feira, 22 de agosto de 2014

População de Macau quer "mais fiscalização", diz presidente da Assembleia Legislativa




Macau, China, 22 ago (Lusa) -- Melhorias no papel de fiscalizador da Assembleia Legislativa de Macau (AL) foram hoje defendidas pelo presidente do órgão, Ho Iat Seng, ao sublinhar que esta é uma exigência cada vez maior da população.

"A população está a exigir mais fiscalização, e a Assembleia Legislativa também tem de enfrentar a população. Esperamos colaborar com o Governo", afirmou.

Ao observar o "maior dinamismo" das comissões permanentes e de acompanhamento, Ho Iat Seng disse que sempre que são detetados problemas ao nível jurídico devem ser apresentadas sugestões ao Governo, e que esses mesmos relatórios e pareceres sobre o processo legislativo devem ser considerados individualmente pelo Executivo.

"O meu desejo é que sejam apresentadas melhorias ao Governo e que este dê a devida atenção ao conteúdo dos relatórios feitos, senão o trabalho de fiscalização não passa de um trabalho artificial", disse.

Para Ho Iat Seng, "a produção de leis pelos próprios serviços competentes é viável, porque só os próprios serviços compreendem as suas necessidades, mas falta um mecanismo de coordenação legislativa".

O presidente da AL considerou ainda que na passada sessão legislativa "verificou-se um certo desperdício de tempo", e disse esperar "que o Governo possa corrigir essa questão", ao referir que há leis já poderiam ter sido aprovadas na especialidade, mas que não o foram porque o Executivo não entregou as versões finais das propostas atempadamente.

Por outro lado, reconheceu que a AL "retirou ensinamentos" com a polémica proposta de lei intitulada "Regime de garantia dos titulares do cargo de chefe do Executivo e dos principais cargos a aguardar posse, em efetividade e após cessações de funções".

"Quando estão em causa grandes interesses, a AL tem de ter prudência sobre o 'feedback' e a reação da população", afirmou a propósito da proposta de lei aprovada na generalidade em dezembro, e retirada por iniciativa do governo, a 29 de maio, na sequência do maior protesto da população em Macau desde a transição da administração portuguesa, em 1999.

Na sessão legislativa 2013/2014 foram apenas submetidos seis projetos de lei, todos apresentados pelo deputado José Pereira Coutinho, a título individual, ou com o colega de bancada, Leong Veng Chai, e todos chumbados.

Questionado sobre a iniciativa dos deputados, Ho Iat Seng reconheceu que o número de projetos de lei apresentados "não é suficiente", mas que compete aos parlamentares avaliarem as suas iniciativas legislativas e procurarem debater os temas e recolher o apoio dos seus pares.

Acrescentou que "a AL tem as suas limitações, mas que "não pode recusar ou escolher as propostas de lei submetidas pelo Governo à AL. "Quanto o Governo entende que é preciso legislar, de acordo com a Lei Básica (mini-constituição do território) temos de aceitar. Mas vamos, passo a passo, recuperar e conquistar a confiança da população", concluiu.

Durante o primeiro ano da V legislatura, que terminou a 15 de agosto, foram admitidas 16 propostas de lei, das quais nove foram aprovadas, uma foi retirada por iniciativa governamental, e seis transitam para a próxima sessão legislativa.

Entre as propostas de lei que transitam, estão o Regime jurídico do tratamento de litígios decorrentes do erro médico, o Salário mínimo para os trabalhadores de limpeza e de segurança na área de administração de propriedades, e o Regime de prevenção e repressão dos atos de corrupção no comércio externo.

FV // EL - Lusa

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