Com
o Orçamento de Estado para 2015 já no horizonte político, há vários
intervenientes, com interesses diversos, que se vão posicionando. Porém, se em
ano de eleições é certo que Passos deverá tentar um ‘alívio’ dos sacrifícios
pedidos aos portugueses, também é certo que FMI e a nova Comissão Europeia
terão um olhar atento sobre o desenrolar do trabalho do ministério tutelado por
Maria Luís Albuquerque. É que o acordo assinado por Portugal prevê um défice,
para o próximo ano, de 2,5%.
Outubro
promete ser um mês quente. Com Juncker, como tudo indica, a tomar posse como
novo presidente de Comissão Europeia, sucedendo a Durão Barroso, com a troika a
visitar Portugal no âmbito do acompanhamento pós-programa de ajustamento,
missão que se prolongará por décadas, e com o Governo a ter de entregar um
‘apertado’ Orçamento do Estado para 2015, a 15 de outubro, no Parlamento, a agenda
política estará repleta de ‘coelhos prontos a sair da cartola’.
Por
agora, com a declaração de ontem do presidente do Banco Central Europeu, Mario
Draghi, que disse ser altura de tirar o pé do pedal da austeridade, as
expetativas de que haverá margem para negociar o défice para 2015, junto da
Comissão Europeia, ganharam novo fôlego entre a opinião pública portuguesa, mas
nem por isso geraram grande otimismo relativamente às contas que há para fazer
no próximo ano.
Porém,
certo é que, a haver margem para negociação ela será mínima, tudo porque
Portugal tem de assegurar o pagamento do cheque, de 78 mil milhões de euros,
passado pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário
Internacional. Haverá então espaço político e económico para flexibilizar metas
e aligeirar os sacrifícios pedidos?
Segundo
o diretor do ‘think tank’ Bruegel, Guntram Wolff, “tendo em conta que o BCE
costuma ter uma visão conservadora sobre a política orçamental” a situação
portuguesa deverá ser decidida pela Comissão Europeia, até porque “cabe legalmente
à comissão propor qualquer flexibilização das metas orçamentais”.
Para
este especialista “se o BCE e o conselho estão menos pressionantes sobre a
consolidação orçamental isso conta e poderá ter influência numa flexibilização
[dos objetivos a cumprir]”, explica em declarações ao Jornal de Negócios.
A
mesma opinião não é partilhada internamente. Para João Loureiro, professor de
Economia da Universidade do Porto, ouvido pelo Jornal de Negócios, “países
como Portugal têm de manter um enorme rigor orçamental para não colocarem em
causa os ganhos de confiança junto dos mercados. Se se assumiu esse compromisso
[défice de 2,5%] deve ficar-se agarrado a ele”, elucida.
Esta
opinião é partilhada pelo docente da Universidade da Madeira, Ricardo Cabral,
que perspetiva ainda pouca vontade política entre o Executivo de Pedro Passos
Coelho, para uma tomada de posição no sentido da flexibilização das metas. “Os
objetivos [dos tratados] são muito pouco razoáveis, mas os principais atores
não parecem ter mudado ainda de posição. (…) Não vejo o Governo sequer com
interesse em negociar essas metas”, conclui.
Possivelmente,
as dúvidas serão desfeitas daqui a pouco mais de mês e meio, quando a equipa de
Maria Luís Albuquerque entregar na casa da democracia portuguesa mais um
extenso documento com metas, objetivos e cortes para o novo ano.
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