sábado, 23 de agosto de 2014

Portugal: SEM EMENDA



Fernanda Mestrinho – jornal i, opinião

Os “Anjos” com uma OPA ao Espírito Santo (Saúde), esta ironia, só podia mesmo acontecer-nos a nós. Já estamos por tudo.

Chineses, mexicanos, brasileiros, angolanos, americanos ou franceses compram tudo o que há para comprar. Somos a Feira da Ladra do investimento estrangeiro. 

Não temos emenda na desgovernação. Como o encanto do passado é ser passado, reli no livro de José Manuel Tengarrinha um texto da Comissão de Censura, de 1826/27, para a Sereníssima Senhora D. Maria II com um problema, o da escassez de censores. Passo a citar: “A Comissão de Censura […] achando-se reduzida a muitos poucos membros, está por isso muito arriscada a parar o seu expediente. A causa disto é porque, de 12 censores nomeados por Vossa Alteza Sereníssima, três nunca apareceram […] Alguns são empregados em cadeiras públicas, outros têm alcançado licença e outros têm adoecido.” O primeiro subscritor, Frei Miguel do Carmo, dos poucos que trabalham, solicita providências para que “os actuais censores possam descansar e não se expor a Comissão ao perigo de parar o expediente”. A falta de organização vem de longe. Quando há, somos dos melhores.

E também a liderança. Um obsessivo cruzadista fora do tempo, D. Sebastião avançou para Alcácer Quibir como se fosse para uma festa de gala. O historiador Oliveira Martins conta que terão sido encontradas nas areias 10 mil guitarras. Pormenor: perdemos a independência durante 60 anos. E quanto tempo para nos desendividarmos? Não temos emenda.

Jornalista/advogada - Escreve ao sábado

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