Macau,
China, 17 ago (Lusa) - O professor de Ciência Política da Universidade de Macau
Bill Chou acusou hoje a instituição de não lhe renovar o seu contrato por ser
um ativista político pró-democracia.
Em
declarações à Lusa, Chou não tem dúvidas que viu terminar o contrato por estar
envolvido em causas pró-democráticas na região administrativa chinesa:
"acredito que está relacionado com o meu ativismo político".
A
decisão de não renovar o contrato foi hoje tornada pública mas o professor foi
informado na quarta-feira, sem qualquer tipo de justificação por parte da
instituição.
Em
dezembro de 2013, um mês depois de se ter tornado membro da maior associação
pró-democracia do território, a Associação Novo Macau, a universidade instaurou
um processo disciplinar, que resultou numa suspensão por 24 dias sem salário.
Segundo
Chou, a justificação que lhe foi dada na altura foi a de que impunha a sua
ideologia política aos alunos. "Mas nunca me apresentaram qualquer prova
disto", comentou.
Hoje,
a Agência Lusa tentou obter hoje um comentário a este caso mas, até ao momento,
não houve resposta.
Em
junho, o reitor da universidade, Wei Zhao, garantiu que as declarações
políticas dos professores não eram motivo para processos disciplinares.
O
reitor falou aos jornalistas à margem de uma conturbada cerimónia de final de
curso, em que uma aluna foi retirada à força do local depois de ter erguido um
cartaz com uma mensagem a pedir o fim da perseguição aos académicos.
Wei
Zhao disse, então, que nenhum funcionário "foi ou será" alvo de
processo disciplinar por causa de "declarações políticas junto da
comunidade".
O
reitor afirmou também que mais professores tinham sido acusados de violar
regras internas. "Posso afirmar categoricamente que nós definimos uma
regra, que exigimos que todos os professores, todos os académicos, sigam no
local do trabalho. Ele [Bill Chou] não é o primeiro, nem é o único sujeito a
processo disciplinar", declarou em junho.
Entretanto,
o docente já avançou com uma queixa à Direção dos Serviços para os Assuntos
Laborais, acusando a universidade de discriminação política.
Além
disso, Chou pretende também avançar com um processo judicial contra a
instituição de ensino mas remete pormenores sobre o processo para depois do
final do contrato.
A
não renovação do contrato de Bill Chou surge num momento em que a liberdade
académica do território tem sido posta em causa.
Em
junho, outro professor de Ciência Política, Éric Sautedé, foi despedido sem
justa causa pela Universidade de São José (que pertence à Fundação Católica,
uma instituição fundada pela Universidade Católica Portuguesa e pela Diocese de
Macau) devido aos comentários que fazia no espaço público sobre a política
local.
Os
motivos foram então assumidos publicamente pelo reitor da Universidade de São
José, o padre Peter Stilwell.
ISG
// PJA - Lusa
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