Mais
um militante da UNITA, o maior partido na oposição em Angola, teria sido
assassinado na província angolana do Huambo, alegadamente, por partidários
afectos ao partido no poder, o MPLA.
O
maior partido da oposição em Angola, a União Nacional para a Independência
Total de Angola (UNITA), voltou a denunciar o assassinato de um dos seus
dirigentes, apontando militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA) o partido no poder, como autores. A denúncia foi feita em conferência de
imprensa na manhã desta quarta-feira (24.09) pelo deputado e secretário
provincial da UNITA no Huambo, Liberty Chiyaka.
Morto
a tiro
De
acordo com o responsável da UNITA, a vítima chamava-se Justino Ekundi e foi
morto a tiro na madrugada de sábado em Longonjo, uma localidade tida como
cenário recorrente para episódios de violência entre diferentes partidos
políticos. Com a morte deste militante, o maior partido na oposição fez saber
que “em doze anos de paz mais um membro da UNITA foi barbaramente assassinado,
no município de Longonjo (…)" e acusa que "(...) como é cultura, não
haverá investigação nem haverá nenhuma responsabilização criminal.” Desde o
alcance da paz, em 2002, o seu partido contabilizou 28 assassianatos políticos
como consequência da intolerância política.
Liberty
Chayaka, afirma que “como consequência da incapacidade do Estado de prover
segurança aos cidadãos nacionais e estrangeiros, tem crescido o sentimento de
insegurança.”
Territórios
sem lei
Na
província do Huambo são recorrentes os confrontos envolvendo militantes do
partido governante e os da oposição, sobretudo com a UNITA. Em Agosto último,
logo após um grupo de deputados da UNITA ter visitado a província central do
Huambo para averiguar o "crescimento dos atos de intimidação e
intolerância política" naquela região, os militantes do MPLA e da UNITA
haviam entrado novamente em pancadarias que culminou com o ferimento grave de
várias pessoas.
Outros
partidos na oposição com assento parlamentar, como a CASA-CE e o PRS, têm vindo
igualmente a queixar-se de intolerância política contra os seus militantes,
alguns dos quais teriam sido expulsos do funcionalismo público.
Liberty
Chiyaka acredita que o agravamento da situação se deve ao facto de existirem
“territórios, na província do Huambo, onde não há autoridade do Estado
angolano. Na Chipipa [por exemplo] em 2007, uma atividade política da UNITA foi
brutalmente interrompida por um grupo de não menos de cem pessoas com catanas,
paus e gasolina. Queimaram tudo inclusivé um cidadão. Mas até hoje não se fez
absolutamente nada.”, recorda.
Sem
resposta
A
DW tentou contactar o governo provincial do Huambo mas não obteve qualquer
resposta.
Entretanto,
salienta-se que, em 2011, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Assembleia Nacional que investigava na província do Huambo, conclui não ter
constatado intolerância política. Coordenado pelo então deputado o General
Higino Carneiro, a CPI concluira mesmo que os assassinatos denunciados pelo
maior partido na oposição, ocorridos no Huambo, não resultaram de intolerância
política, mas sim de crimes de fórum comum relacionados com práticas de
feitiçaria.
Em
reação, Libety Chiyaca, secretário provincial da UNITA no planalto central
(Huambo), afirmara que o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
da Assembleia Nacional não só faltava com a verdade, como também nada
contribuia para a reconciliação nacional e o aprofundar da democracia.
Nelson
Sul de Angola – Deutsche Welle
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