segunda-feira, 22 de setembro de 2014

China: Alunos de Hong Kong iniciaram boicote às aulas pela democracia




Milhares de estudantes de Hong Kong iniciaram hoje uma semana de boicote às aulas em forma de protesto contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal.

Envergando t-shirts brancas, milhares de estudantes de diversas instituições de ensino superior da antiga colónia britânica concentraram-se no 'campus' da Universidade Chinesa de Hong Kong em vez de irem às aulas, num boicote que arrancou às 14:00 locais (07:00 em Lisboa).

De acordo com os organizadores, citados pelo jornal South China Morning Post, a iniciativa contava com a adesão de cerca de 13 mil pessoas.

Dirigindo-se à multidão estudantil, Lester Shum, da Federação de Estudantes, citado pelo mesmo jornal, realçou que o boicote marca o arranque de uma nova onda de desobediência civil, tida como necessária para travar a "colonização" de Hong Kong por Pequim.

Um dos organizadores do movimento 'Occupy Central', o professor Chan Kin-man, afirmou, em declarações citadas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), que a adesão dos estudantes demonstra que se mantém vivo o espírito de democracia e que o seu movimento não sairá derrotado.

Benny Tai, outro dos organizadores do 'Occupy Central', enfatizou, por seu turno, que a adesão envia uma mensagem clara ao Governo central: "Penso que reflete claramente que os estudantes universitários de Hong Kong estão bastante comprometidos (...) e penso que vão usar esta oportunidade para mostrar a sua determinação relativamente ao desejo de sufrágio universal para Hong Kong".

A China frustrou, no mês passado, as esperanças de uma democracia plena na antiga colónia britânica ao ter anunciado que o futuro chefe do Governo de Hong Kong será eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas apenas depois da seleção de dois ou três candidatos para se apresentarem ao escrutínio.

Uma coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.

A agitação estudantil surge uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno.

Tratou-se do primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional Popular decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
A reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, sendo que 27, do campo pró-democrata, anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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