Milhares
de estudantes de Hong Kong iniciaram hoje uma semana de boicote às aulas em
forma de protesto contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio
universal.
Envergando
t-shirts brancas, milhares de estudantes de diversas instituições de ensino
superior da antiga colónia britânica concentraram-se no 'campus' da
Universidade Chinesa de Hong Kong em vez de irem às aulas, num boicote que
arrancou às 14:00 locais (07:00 em Lisboa).
De
acordo com os organizadores, citados pelo jornal South China Morning Post, a
iniciativa contava com a adesão de cerca de 13 mil pessoas.
Dirigindo-se
à multidão estudantil, Lester Shum, da Federação de Estudantes, citado pelo
mesmo jornal, realçou que o boicote marca o arranque de uma nova onda de
desobediência civil, tida como necessária para travar a "colonização"
de Hong Kong por Pequim.
Um
dos organizadores do movimento 'Occupy Central', o professor Chan Kin-man,
afirmou, em declarações citadas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong
(RTHK), que a adesão dos estudantes demonstra que se mantém vivo o espírito de
democracia e que o seu movimento não sairá derrotado.
Benny
Tai, outro dos organizadores do 'Occupy Central', enfatizou, por seu turno, que
a adesão envia uma mensagem clara ao Governo central: "Penso que reflete
claramente que os estudantes universitários de Hong Kong estão bastante
comprometidos (...) e penso que vão usar esta oportunidade para mostrar a sua
determinação relativamente ao desejo de sufrágio universal para Hong
Kong".
A
China frustrou, no mês passado, as esperanças de uma democracia plena na antiga
colónia britânica ao ter anunciado que o futuro chefe do Governo de Hong Kong
será eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas apenas depois da
seleção de dois ou três candidatos para se apresentarem ao escrutínio.
Uma
coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy
Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e
prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito
financeiro de Hong Kong.
A
agitação estudantil surge uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem
marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e
cartazes por um sufrágio universal genuíno.
Tratou-se
do primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional Popular
decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar de reunir
o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que
apenas dois ou três serão selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200
pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
A
reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong
(LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, sendo que 27,
do campo pró-democrata, anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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