sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Moçambique: GUEBUZA E LÍDER DA RENAMO ASSINARAM ACORDO DE PAZ




O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, assinaram hoje um acordo de paz para acabar com meses de violência entre o exército e os ex-guerrilheiros.

O acordo foi assinado na presença de dezenas de diplomatas e responsáveis governamentais na sede da Presidência moçambicana, em Maputo.

A assinatura do acordo permitirá a participação de Afonso Dhlakama na campanha eleitoral já em curso para as eleições gerais (presidenciais, legislativas e para as assembleias provinciais) de 15 de outubro e é mais um passo para a normalização da situação política em Moçambique, posta em causa por meses de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança.

A crise político-militar, que provocou um número indeterminado de mortos e de feridos, foi desencadeada por divergências sobre a lei eleitoral e em torno do desarmamento do braço armado da Renamo.

Inicialmente, o Governo e o maior partido de oposição estiveram afastados pelos termos da lei eleitoral, depois pelo desarmamento do braço armado da Renamo e sua integração das Forças de Defesa e Segurança, mais tarde pela vigilância do processo e das próximas eleições por observadores internacionais.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Guebuza diz que acordo com Renamo abre expetativas de um país próspero

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, disse hoje em Maputo que a assinatura do acordo para o fim da violência militar no país desperta justas e legítimas expectativas de uma vida melhor e de prosperidade para os moçambicanos.

"Com a assinatura deste acordo, despertam-se justas e legitimas expetativas do nosso povo, que se resumem na esperança de uma vida melhor e de prosperidade", afirmou Armando Guebuza, no discurso que proferiu após assinar com o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, o Acordo de Cessação das Hostilidades Militares.

Segundo Armando Guebuza, todos os moçambicanos esperam, com a assinatura do entendimento, poderem gozar dos direitos e liberdades plasmadas na Constituição da República.

"Todos os moçambicanos esperam usufruir de todas as suas liberdades e garantias constitucionais, trabalhando em paz, realizando as suas cerimónias de evocação dos seus antepassado em paz, juntando-se em cerimónias religiosas em paz, organizando as suas atividades sociais em paz e circulando com os seus bens, por qualquer espaço geográfico do nosso solo pátrio, em paz", afirmou o chefe de Estado moçambicano.

Para Armando Guebuza, o país espera que a assinatura do acordo do fim da violência militar encoraje os parceiros internacionais a manterem o seu apoio ao combate à pobreza e a ajuda ao desenvolvimento, incentivando igualmente os investidores a continuar a aposta na realização de empreendimentos empresariais no país.

Apelando aos actores políticos nacionais a pautarem a sua atuação dentro da Constituição da República, Armando Guebuza exortou o líder da Renamo e o seu partido a estarem à altura dos compromissos que assumiram no âmbito do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares.

"O Governo reafirma o compromisso de fazer a sua parte, e, de imediato, na nossa qualidade de Presidente da República, iremos tomar as providências necessárias para a adoção do acordo de cessação das hostilidade sob a forma de lei e iremos, nos próximos dias, trabalhar no estabelecimento de um fundo de paz e reconciliação, que possa oferecer oportunidades de geração de renda para os desmobilizados de guerra, incluindo da força residual da Renamo", afirmou o chefe de Estado moçambicano.

O acordo hoje celebrado pelos dois dirigentes contempla a Declaração de Cessação das Hostilidades Militares, o Memorando de Entendimento, Mecanismos de Garantia de Implementação do Acordo de Cessação das Hostilidades, bem como os Termos de Referencia da Missão de Observadores Militares Internacionais.

Ao abrigo do pacto, o principal partido da oposição vai entregar para desarmamento a "força militar residual" que mantinha ao abrigo do Acordo Geral de Paz assinado em 1992 e que pôs termo a 16 anos de guerra civil.

Uma parte da referida força ainda sob comando da Renamo será integrada nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e na Polícia da República de Moçambique (PRM) e outra será desmobilizada e socialmente reintegrada através de um fundo de reinserção social.

Nove países, incluindo Portugal, vão enviar 23 observadores militares internacionais, que serão auxiliados por 70 oficiais militares moçambicanos, numa proporção de 50% do Governo e 50% da Renamo, para a monitoria e fiscalização do desarmamento do principal partido da oposição.

Ainda no quadro do Acordo sobre a Cessação das Hostilidades Militares, a Assembleia da República aprovou uma Lei de Amnistia que garante a isenção criminal dos autores de alegados crimes cometidos entre março de 2012 até à entrada em vigor da norma, em agosto, juntando-se ainda os crimes cometidos no distrito do Dondo, em 2002, em Cheringoma (2004) e em Marínguè (2011).

A referida Lei de Amnistia aplica-se aos crimes cometidos contra pessoas e contra a propriedade no âmbito das hostilidades militares ou conexas em todo o território moçambicano.

No quadro dos esforços visando a restauração da estabilidade política e militar em Moçambique, a Assembleia da República de Moçambique aprovou no início deste ano uma nova composição da Comissão Nacional de Eleições, com 17 membros.

O novo figurino permitiu que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) indicasse para a CNE cinco membros, a Re¬namo quatro, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, apenas um. A sociedade civil está representada por sete membros.

A nova versão da Lei Eleitoral preconiza igualmente a presença de membros dos principais partidos políticos nos órgãos eleitorais de nível provincial e distrital, acomodando uma exigência da Renamo.

O entendimento hoje rubricado por Armando Guebuza e Afonso Dhlakama afirma o carácter republicano das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e a sua independência em relação a qualquer tipo de subordinação partidária.

A violência militar do último ano e meio em Moçambique foi marcado por confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, provocando um número indeterminado de mortos e de feridos, incluindo civis, e por ataques à circulação num troço de cerca de 100 quilómetros na principal estrada do país, na região centro.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Dhlakama: Futuro de Moçambique "é de esperança" se acordo for cumprido

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, afirmou hoje que o futuro de Moçambique "é de esperança", se os recentes compromissos de cessação de hostilidades assumidos pelo Governo moçambicano e o seu partido forem cumpridos.

"O futuro é de esperança se, entre irmãos, cada um assumir as suas responsabilidades e os compromissos forem respeitados dia-a-dia nas palavras e nos atos. É para esse futuro de esperança que todos os moçambicanos com os olhos postos em nós nos estão a chamar", afirmou o líder do principal partido da oposição moçambicano.

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza e Afonso Dhlakama ratificaram hoje, em Maputo, o acordo de cessação de hostilidades militares, que resultou de negociações entre a Renamo e o Governo moçambicano, com vista ao fim da crise militar que abalou Moçambique durante mais de um ano e meio, provocando vítimas mortais e feridos, incluindo civis.

Num discurso em que não quis "ajustar contas com o passado", Dhlakama procurou justificar as motivações da crise político-militar que o seu partido despoletou, cujos maiores impactos se fizeram sentir na região centro do país.

"Depois de tantos anos de democracia, não há razão para que se mantenham desigualdades tão gritantes e que irmãos nossos vivam em condições tão difíceis e longe de todos os benefícios da civilização moderna, sem hospitais, escolas, oportunidades dignas de emprego e promoção social, que a independência e a democracia lhes prometeram", declarou o líder da Renamo.

Considerando que o acordo de Roma, assinado em 1992 e que pôs fim à guerra civil [1976-1992] moçambicana, serviu para lançar a democracia, Dhlakama disse esperar que o novo entendimento possa "acabar com o Estado de partido único", numa crítica à governação da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder há 39 anos.

"Quando os interesses dos representantes se sobrepõem aos interesses dos representados a democracia está em risco e o Estado deixa de servir o povo e fica ao serviço de um punhado de privilegiados com acesso aos corredores do poder", sublinhou.

Numa nota de agradecimento dirigida à comunidade internacional pelo seu envolvimento no recente processo de reconciliação, Dhlakama saudou em particular os embaixadores de Itália, Estados Unidos, Portugal, Botsuana e Reino Unido "que se empenharam diretamente na última fase do processo" e "porque a eles se deve" o seu "regresso em segurança à capital do país e à concretização do novo acordo".

O acordo hoje celebrado por Armando Guebuza e Afonso Dhlakama contempla a Declaração de Cessação das Hostilidades Militares, o Memorando de Entendimento, Mecanismos de Garantia de Implementação do Acordo de Cessação das Hostilidades, bem como os Termos de Referência da Missão de Observadores Militares Internacionais.

Ao abrigo do pacto, o principal partido da oposição vai entregar para desarmamento a "força militar residual" que mantinha ao abrigo do Acordo Geral de Paz assinado em 1992 e que pôs termo a 16 anos de guerra civil.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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