quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ONU: Dilma critica intervenções militares e repudia ofensiva israelense em Gaza



Vitor Sion, São Paulo  - Opera Mundi

Presidente também pediu agilidade na reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas

No discurso de abertura da 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), nesta quarta-feira (24/09), a presidente Dilma Rousseff criticou a realização de intervenções militares, como a que os Estados Unidos iniciaram recentemente no Iraque e na Síria, e voltou a criticar a ofensiva israelense na Faixa de Gaza.

Ao falar por pouco mais de 20 minutos, Dilma argumentou que “a cada intervenção militar, não caminhamos para a paz” e que os conflitos existentes atualmente no mundo deve ser resolvidos de forma permanente. "A cada intervenção militar não caminhamos para a paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos. Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios."

A presidente reiterou a posição de seu governo no que se refere à ofensiva de Israel à Faixa de Gaza, condenando o “uso desproporcional da força”. “Não podemos ser indiferentes com Israel e Palestina”, afirmou Dilma, que defendeu a solução de dois Estados para Israel e Palestina. Em julho, o Itamaraty condenou os ataques israelenses, o que gerou uma polêmica diplomática entre os países.

Dilma também retomou uma demanda brasileira que ganhou força durante os mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010): a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Segundo ela, essa instituição tem falhado em sua busca por obter "soluções pacíficas". "Será necessária uma verdadeira reforma no Conselho de Segurança, processo que se arrasta há muito tempo. Os 70 anos da ONU em 2015 devem ser situação propícia" para agilizar esse processo, afirmou.

A presidente do Brasil ainda pediu que os países se esforcem para concluir a Rodada de Doha, que tem o objetivo de dinamizar a economia mundial, e reivindicou maior poder para os países emergentes na condução da governança econômica mundial, em especial no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco Mundial. "Reitero o que disse no ano passado: é indispensável retomar o dinamismo da economia global", disse Dilma, ressaltando que essa retomada deve incluir uma maior redistribuição de renda.

Outro tema lembrado no discurso da brasileira foi o meio ambiente. Dilma afirmou que o Brasil tem "feito sua parte", ao reduzir o desmatamento em 79% na última década, e garantiu que o país diminuirá as emissões de gás carbônico em no mínimo 36% até 2020. Ontem, a presidente também discursou na Cúpula do Clima, quando lamentou que os pobres sejam os mais vulneráveis pelas mudanças climáticas.
 
O evento de hoje, presidido por Uganda, foi iniciado às 10h (horário de Brasília) pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. O sul-coreano lamentou a morte de tantos inocentes neste ano, que classificou como “terrível”, e afirmou que “a diplomacia está na defensiva”.

Entre os conflitos atuais citados pelo diplomata estão Gaza, Ucrânia, Sudão do Sul, Mali e Somália. Ban também pediu a mobilização de “todos os recursos necessários” para frear a epidemia de ebola na África.

Ele disse que os países enfrentam hoje uma “profusão de desafios” e lamentou: “o mundo ainda não é pacífico como deveria ser”. 

Foto Efe

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