Candidato
do PSDB faz discurso promissor, mas esconde propostas antipopulares para
economia, saúde, educação e direitos trabalhistas
Pedro
Rafael Vilela, Brasília (DF) - Brasil de Fato
Para quem acabou de chegar de Marte e está acompanhando os discursos e as promessas de Aécio Neves (PSDB) para o país, pode até se entusiasmar com o que vê num primeiro momento.Como ninguém administra um país sozinho, por trás de cada candidatura existe um projeto de governo bem definido. O cientista político Francisco Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
“É
o mesmo modelo aplicado durante o período FHC, de liberalização da economia
para o capital internacional e redução de direitos sociais, como as garantias
trabalhistas”, aponta.
O
Brasil de Fato investigou a consistência das promessas do tucano e descobriu
oito temas em que
Aécio Neves fala uma coisa, mas planeja outra bem diferente,
caso seja eleito. Confira:
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Caixa Econômica, Banco do Brasil e BNDES
Armínio
Fraga, indicado por Aécio Neves para ser seu ministro da Fazenda, já afirmou
que é preciso uma “correção de rumo” no atual modelo de bancos públicos e que,
“no final da linha”, não sabe muito “o que vai sobrar”. Na prática, seria o fim
de programas como o Minha Casa, Minha Vida, o financiamento de grandes obras
pelo BNDES e a oferta de créditos subsidiados para diversos setores da
economia.
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Privatização do pré-sal
As
grandes petroleiras internacionais até hoje não se conformam com a Lei do
Pré-Sal, aprovada pelo governo Lula, que ampliou o poder da Petrobrás e
garantiu maior arrecadação financeira com a exploração das reservas. Elas
querem a volta modelo anterior, que permite a entrega de 90% das reservas
diretamente às empresas. Representantes de gigantes do petróleo como a Chevron
chegaram a receber garantias do PSDB, partido do Aécio, de que a lei seria
revista num eventual governo tucano.
-
Direitos trabalhistas
Aécio
se diz defensor dos trabalhadores, mas votou contra direitos trabalhistas fundamentais.
Em 2001, quando era presidente da Câmara dos Deputados, foi favorável ao PL
5.483, que previa flexibilização da CLT, atingindo garantias como férias e 13º
salário.
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Salário mínimo
Em
2011, Aécio votou contra o projeto de lei do aumento real do salário mínimo,
justamente uma das medidas mais importantes dos governos Lula e Dilma, que
permitiu crescimento de 72% em 10 anos. Armínio Fraga, indicado por Aécio para
ser ministro da Fazenda, já afirmou que o salário mínimo no Brasil está muito
alto.
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Geração de empregos e inflação
Em
oito anos de governo (1995-2002), o PSDB gerou cerca de 5 milhões de empregos.
Somando o período Lula/Dilma, o número de empregos gerados no país passa dos 20
milhões. Já a inflação, que está na faixa do 6,5% ao ano, tem sido alvo de
duras críticas do tucano Aécio Neves, que fala em reduzir esse índice para 3%.
O que o tucano esconde é que para chegar nessa marca, teria que desacelerar a
economia, aumentando a taxa de juros e diminuindo a oferta de crédito, gerando desemprego.
-
Mais Médicos
Aécio
Neves fala em manter o programa Mais Médicos, uma das vitrines do governo Dilma
que está levando atendimento médico para 50 milhões de pessoas nas regiões mais
remotas do país. O candidato, no entanto, fala em rever o contrato dos médicos
que cubanos. Essa medida vai inviabilizar, na prática, a continuidade do
programa, uma vez que, dos 14 mil médicos contratados, mais de 11 mil são
cubanos.
-
Educação Aécio
Neves
fala em fundar a “Nova Escola” brasileira, mas a experiência da população
mineira com o tucano é desoladora. Desde 2003, o estado não investe o mínimo de
25% da arrecadação em
educação. Como consequência, faltam um milhão de vagas no
Ensino Médio. Na alfabetização, apenas 35% de crianças têm vagas.
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Serviço público e nepotismo
Aécio
Neves acusa o PT de aparelhar o Estado, mas quando foi governador, nomeou nove
parentes para cargos públicos em
MG. Além disso, em oito anos, o PSDB contratou, via concurso
público, cerca de 51 mil servidores. Nos últimos 12 anos, os governos
Lula/Dilma contrataram mais de 234 mil servidores.
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